Partido Aliança | Pedro Santana Lopes faz o seu testamento político

A saída de Pedro Santana Lopes da liderança efetiva do Partido Aliança, depois de não ter conseguido eleger nenhum deputado em qualquer das eleições a que o partido concorreu, foi seguramente o momento mais marcante deste 2º Congresso do Aliança, um congresso, de resto, “precipitado” pela vontade de Santana Lopes em abandonar a liderança deste partido por ele fundado há dois anos, depois de abandonar o PSD, o seu partido de sempre.

O discurso que Pedro Santana Lopes dirigiu a este congresso soou, de alguma forma, a testamento político, uma vez que, embora Santana seja um político que já demonstrou grande capacidade parra se “ressuscitar” politicamente, não parece crível, que desta vez isso venha a acontecer, quer pela sua idade, quer por ter abandonado um dos maiores partidos do sistema.

Não se pode confundir o Aliança com partidos não democráticos [Pedro Santana Lopes]

Santana Lopes fez um discurso muito direto, sem aqueles “rodriguinhos” tão típicos de políticos experimentados. Reconheceu não ter alcançado nenhum dos objetivos a que se propôs e assumiu a responsabilidade disso, embora tenha referido ter esperado que a comunicação social  “seguisse” um ex-primeiro ministro que acabava de fundar um partido político.

Ficou também claro no seu discurso uma demarcação do “Chega”, um partido que disse estar “muito confuso”, criticando implicitamente os militantes do Aliança que abandonaram o partido para se chegarem ao Chega. “Não se pode confundir o Aliança com partidos não democráticos“, afirmou.

Reconhecendo explicitamente, que a sua liderança política “não resultou”, Santana Lopes revelou que só não saiu da liderança do partido na noite das eleições, “porque o partido ainda não estava estruturado”, .

Entre o circo e a bandalheira, assim classificou a atual situação política do pais [Pedro Santana Lopes]

Quanto à atual situação política do país, classificou-a como estando “entre o circo e a bandalheira“, tendo apelado ao Primeiro Ministro, para deixar de privilegiar a esquerda que o acompanha.

Foi também com alguma contida revolta, que Santana Lopes se referiu a aqueles que deixaram de fazer as suas tarefas políticas “porque o partido não lhes pagava o carro“, e às intestinas disputas internas que assolaram grande parte das estruturas do Aliança, em Bragança, Vila Real, Viana do Castelo, Aveiro, Leiria, Faro…por todo o país.

“Paulo Bento não é a barriga de aluguer de Pedro Santana Lopes” [Pedro Santana Lopes]

No seu discurso, embora de uma forma implícita – “Paulo Bento não é a barriga de aluguer de Pedro Santana Lopes” – Santana Lopes apontava já para o seu sucessor no partido, para o homem que fica agora com a hercúlea incumbência de o substituir na liderança e de tornar aquele partido numa força política viável.

Finalmente, é de salientar a desistência de Alexandre Nascimento, Presidente da Distrital de Lisboa e colaborador do Jornal de Mafra, onde mantém uma coluna de opinião política, em favor do vencedor deste congresso, numa atitude que afirmou de reforço da unidade política do Aliança.

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