Foi ontem apresentado na Sala Diana do Palácio Nacional de Mafra (PNM), com a presença de elementos da direcção do palácio e da Associação dos Amigos do Palácio (Guardiães do Convento) o “Livro das Pitanças”.
Este livro, de autor desconhecido, c. 1763-1771, pertencente ao acervo da biblioteca do PNM, “Princípio e Fundação do Real Convento de Mafra, e sua grandeza, e sua sustentação, e luxo, etc.”, também conhecido por “Livro das Pitanças” é um códice manuscrito onde se faz um “levantamento sistemático, porém relativamente
sucinto, de diversos espaços, vivências e consumos no sustento dos religiosos franciscanos”.
“À data em que o manuscrito é redigido, entre 1763-70, dá-se conta da presença de 338 religiosos, bem como da sua subdivisão hierárquica e funcional, e dos seus gastos em alimentação dos frades, do que comiam em dias comuns, em períodos de jejum, ou nos dias de festa, sendo notável a mesa fradesca com uma dieta variada de peixes, carnes de diferentes tipos, sopas, saladas, legumes e frutas, mas que também acresciam em determinados dias, outras iguarias, como empadas de peixe e carne, pastéis de carne, manteiga, doces diversos, queijos e pastelaria fina (de onde avultam os pastéis-de-nata e o arroz-doce), não faltando inclusivamente algum tabaco. Além destes gastos alimentares comuns, também a botica tinha algumas necessidades específicas, alargando-se a dieta a produtos mais refinados, como leite de cabra e de burra,
especiarias (pimenta, açafrão, açúcar, etc.), aguardente, chocolate, chá, entre outros produtos, sem, no entanto, dar notícia das drogas usadas na composição dos medicamentos.”
As citações anteriores referem-se à apresentação da obra, a cargo de Sérgio Gorjão, responsável também por esta edição. A edição é da Associação de Amigos do Convento de Mafra – Guardiães do Convento (tendo a sua impressão sido generosamente cedida) e os proventos resultantes da sua venda – o livro custa 10 € – reverterão para aquela associação.
José Eduardo Medeiros representou os Guardiães do Convento nesta apresentação, tendo aproveitado a ocasião para resumir a actividade daquela associação, focando-se fundamentalmente na comparticipação supletiva de pequenas obras que permitirão a manutenção continuada do palácio.
Esta sessão integrou-se numa iniciativa a decorrer simultaneamente em várias cidades da Europa, integrada no projecto “À Mesa do Rei”, em conjunto com a Associação de Residências Reais Europeias, no âmbito do Ano Europeu do Património Cultural 2018.
Como nota de rodapé, gostaríamos de chamar novamente a atenção da direcção do palácio para as péssimas condições acústicas da Sala Diana. Uma sala de beleza ímpar, mas que torna qualquer evento que ali ocorra, num desafio acústico, num acumular de cansaço e sobretudo, numa dificuldade de concentrar atenção, absolutamente incompatível com qualquer actividade de comunicação.