Opinião Política | Roberto Martins [PS] – Bodas de ouro
Em abril deste ano farão cinquenta anos do 25 de Abril. Nesta data maior da nossa história, os portugueses celebrarão as bodas de ouro da Democracia.
Não foi um casamento fácil, com dores de parto e crescimento, mas que com o tempo foi amadurecendo e se consolidando, sobretudo a partir de 76.
Atualmente, este casamento enfrenta o que aparenta ser uma crise de meia-idade, com dificuldades de relação e entendimento com os mais jovens que, desconhecendo o que era o antigo regime, agora desvalorizam o que existe.
Se é um casamento perfeito? Não! Nenhum o é, mas é o melhor que podemos ter, com Portugal a conhecer nestes cinquenta anos um desenvolvimento que não teve nos cem anteriores. Se é verdade que ainda existe muito caminho a percorrer, hoje os portugueses podem orgulhar-se de viverem num país onde os seus direitos são respeitados, o acesso à saúde e à educação está garantido, onde a liberdade de expressão é uma realidade e as minorias podem viver com segurança e liberdade.
Tudo isto é conquista deste casamento e, para que não se registe um divórcio prematuro, que tudo ponha em causa, seria bom que todo o país, todas as autoridades, nacionais e concelhias, se unissem numa celebração ímpar deste casamento, do qual todos somos filhos.
Existe um segundo casamento que é importante referir, que é o dos portugueses com o Partido Socialista.
Durante estes cinquenta anos de Democracia, o PS foi o partido que mais vezes foi eleito para governar. Este facto, tantas vezes usado pela oposição, como crítica, é, na realidade, um motivo de orgulho para o PS, pois uma de duas coisas acontece: ou os portugueses não sabem o que fazem, como a oposição parece querer dizer, ou os portugueses reconhecem, ao PS, capacidade e mérito para governar Portugal.
Acredito que, nas próximas eleições de março, o PS sairá, novamente, vencedor, por duas razões.
Primeiro porque os portugueses reconhecerão o trabalho até aqui feito, que não tendo sido perfeito, porque nunca nada o é, conquistou importantes avanços para a vida do cidadão comum. Destaco um, que tem um impacto enorme na vida do nosso concelho, que são os passes sociais nos transportes. Agora, por uma fração do preço anterior, um mafrense pode deslocar-se de transporte público, para Lisboa, por exemplo, facilitando a mobilidade.
Em segundo lugar, porque a alternativa é inexistente.
A direita fragmenta-se, não tem figuras de proa, nem um programa político alternativo e o principal partido da oposição não consegue apresentar ideias próprias. Aliás, ouvindo os discursos dos partidos da oposição, temos uns sound bytes repetidos ad nauseam, de crítica ao PS, mas um vazio de conteúdo e forma. Não basta dizer-se que se quer melhorar o SNS, por exemplo. Importa dizer como e, nisso, a oposição falha.
Por último, gostaria de referir um último casamento, este bem mais recente, mas bastante inesperado.
Parece que o PSD procura somar aos seus votos, os do CDS e os do PPM. Alguém deveria explicar ao PSD que isto não é uma soma, mas uma subtração.
Vejamos, o PPM é um partido que nas últimas eleições somou 260 votos, a nível nacional, e apenas concorreu aos círculos eleitorais da Madeira e dos Açores.
O CDS, sendo um histórico, e ainda com quadros altamente capazes e preparados, tem estado em queda livre, tendo perdido a representação parlamentar, nas últimas eleições.
Receio que, o PSD, partido essencial à democracia portuguesa, saia enfraquecido por esta AD, que mais não é do que uma tentativa saudosista de tentar recuperar o prestígio de outrora, mas que atualmente nenhum sentido faz.
Roberto Martins
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