Opinião Política | Ricardo Vicente [PAN] – Que modelo de sociedade queremos?

RICARDO VICENTE (2)

Opinião Política | Ricardo Vicente [PAN] — Que modelo de sociedade queremos?

 

As próximas eleições de 10 de março são mais uma oportunidade, entre tantas já perdidas, para definir quem estará mais preparado para resolver o grande desafio que a humanidade enfrenta. As alterações climáticas!!

Segundo a última edição do Relatório de Riscos Globais (2024), lançado pelo World Economic Forum, 5 dos 10 principais riscos nos próximos 10 anos estão relacionados com questões ambientais. Eventos climáticos extremos, mudança crítica nos sistemas terrestres, perda de biodiversidade, colapso dos ecossistemas, escassez de recursos naturais e poluição dominaram muitas das conversas e debates, no Fórum Economico de Davos, entre os dias 15 e 19 de janeiro, que se aliarmos ao facto de que 2023 já estar na história como o ano mais quente de sempre, reforçando a necessidade de serem adotadas medidas mais eficientes para atingir as metas do Acordo de Paris.

A 10 de março o que esta em causa é decidir, conscientemente, quem estará mais preparado para liderar uma transformação na sociedade portuguesa que permita criar as condições necessárias para um país mais resiliente, sustentável e socialmente justo, face aos desafios das alterações climáticas. Na prática, decidirmos, que modelo de desenvolvimento queremos para o país!

Face aos desafios ambientais e sociais crescentes, o sistema económico vigente, dito convencional, baseado no crescimento exponencial e na maximização do lucro tem vindo a ser questionado um pouco por todo o mundo. À medida que a consciência sobre os impactos negativos, associados a este modelo e ao consequente desenvolvimento insustentável, aumenta, surgem modelos económicos alternativos que visam criar uma sociedade mais sustentável, inclusiva e justa. Estes modelos, muitas vezes interligados e complementares, oferecem uma visão de como podemos repensar o funcionamento da economia garantindo as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras e o sistema terrestre.

Um dos modelos mais falados, e desenvolvidos nos últimos anos, tem sido a Economia Circular, um conceito que se baseia na ideia de eliminar o desperdício e fazer o melhor uso possível dos recursos disponíveis. Em vez de seguir o modelo tradicional (linear) de produzir, usar e descartar, na economia circular os materiais são reutilizados, reparados e reciclados continuamente, formando um ciclo fechado. O objetivo é reduzir a extração de recursos naturais, eliminar a geração de resíduos e promover a sustentabilidade ambiental, enquanto se cria valor económico e social. reduzindo assim a pressão, sobre os recursos naturais, e a consequente necessidade de extração de mais matérias-primas, minimizando assim os impactos ambientais associados à extração e ao fabrico de novos bens e serviços. Outro modelo passa pela Economia da Partilha, desempenhando um papel fundamental na transição para uma sociedade mais sustentável, ao facilitar a partilha de recursos, como carros, moradias e equipamentos, reduzindo a necessidade de produção excessiva, promovendo a utilização mais eficiente dos ativos existentes. A produção e consumo locais é outra estratégia importante na diminuição da pegada carbónica. O movimento em direção a uma economia mais localizada reduz a dependência de longas cadeias de abastecimento e promove o crescimento de empresas e agricultura locais. Isso não só reduz as emissões associadas ao transporte de mercadorias, mas também fortalece as comunidades e promove a resiliência económica. A Agricultura Regenerativa, que se concentra em práticas agrícolas que restauram ecossistemas e promovem a saúde do solo. Métodos como a agrofloresta, promotora da rotação de culturas e pastoreio rotativo não só aumentam a resiliência das explorações agrícolas às mudanças climáticas, mas também contribuem para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.

Estes são apenas alguns exemplos de modelos transformadores, testados e utilizados em muitos pontos do globo. No entanto, a transição para uma economia mais sustentável e justa enfrenta desafios importantes. Requer mudança e compromisso efetivo! Requer novos modelos de negócio! Requer uma mudança cultural em relação ao consumo e aos estilos de vida existentes, sendo crucial garantir que esta transição seja inclusiva e equitativa, garantindo que as comunidades mais vulneráveis não sejam deixadas para trás! Em suma, requer uma nova forma de fazer política liderada por políticos com uma visão inspiradora e agregadora que nos permita ambicionar um novo amanhã, onde os benefícios para o ambiente, para as comunidades e para as futuras gerações fazem dela um objetivo digno de perseguição.

As opiniões expressas neste artigo são da responsabilidade exclusiva do autor

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