A 2 de maio de 1882 “(…) é aprovado (…) o contrato provisorio celebrado entre o governo e a firma Henry Burnay & C.a, em 7 de maio de 1881, para a construcção e exploração de uma linha ferrea de Lisboa a Cintra e a Torres Vedras (…)”.
A empresa fica ainda responsável por “construir e a explorar á sua custa e risco” um “ramal que, partindo do ponto da linha de Torres Vedras que for julgado maia conveniente, e passando pelas immediações de Runa, termine nas proximidades da Merceana, devendo este ramal estar aberto á exploração publica dentro de um anno, a contar do praso em que deve findar a construcção da linha de Lisboa a Torres Vedras”.
Passados 140 anos, a linha do Oeste é notícia pelo alegado abandono das obras por parte do consórcio responsável – Gabriel A. S. Couto, SA/M. Couto Alves, SA/Aldesa Construcciones, SA – pela execução da modernização da qual a linha está (estava) a ser alvo.
Aparentemente, o consórcio terá detetado desconformidades nos projetos que levam à retificação do traçado da via-férrea ou a construção de via dupla. Estas retificações obrigam a execução de trabalhos a mais – os aterros e escavações a fazer são muito superiores aos que constam do projeto inicial – que orçam os 10 milhões de euros.
Este litígio entre o consórcio e Infraestruturas de Portugal (IP), se não for resolvido entre ambas as partes, levará a IP a ter de abrir novo concurso público, o que atrasará a obra em pelo menos mais um ano.
Apesar da IP negar que as obras estão paradas, o consórcio responsável pelas mesmas terá retirado do local pelo menos 50% das máquinas e do pessoal que ali trabalhava e desmontado estaleiros.
Ao que parece 30% do total da empreitada da obra já se encontra realizada.
As obras iniciaram-se em novembro de 2020 e deveriam terminar em novembro deste ano.
O Jornal de Mafra questionou a IP sobre esta situação, mas não obteve resposta por parte daquela instituição.
A empreitada de Modernização do troço da Linha do Oeste entre Mira Sintra-Meleças e Torres Vedras (excl.) representa um investimento 61,5 milhões de euros e compreende (ou compreendia na sua fase inicial) a execução dos seguintes trabalhos:
- Construção de desvios ativos, para cruzamento de comboios, com uma extensão de 16 km, o Desvio Ativo 1 entre a estação de Mira Sintra-Meleças e o apeadeiro da Pedra Furada e o Desvio Ativo 2 entre a estação da Malveira e o Pk 44+300;
- Eletrificação integral do troço no sistema 2 x 25KV / 50 HZ;
- Estabilização de taludes e construção de muros de suporte;
- Benefeciação em cinco estações e seis apeadeiros, com o alteamento de plataformas e a criação de acessos para pessoas com mobilidade condicionada;
- Construção de uma subestação de tração elétrica em Runa e postos autotransformadores;
- Automatização e supressão de Passagens de Nível;
- Construção de nove passagens desniveladas;
- Reabilitação estrutural do túnel da Sapataria e rebaixamento da plataforma ferroviária para colocação de catenária nos tuneis de Sapataria, Boiaca, Cabaço e Certã;
- Instalação do Sistema Eletrónica, Telecomunicações e GSM-R;
- Instalação do Sistema de Retorno de Corrente de Tração e Terras de Proteção.