No Dia Mundial das Bibliotecas apresentamos a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra [Imagens]

Hoje, 1 de Julho, comemora-se o Dia Mundial das Bibliotecas, assim, nada melhor do que invocar uma das mais belas Bibliotecas do mundo, a Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra.

A Biblioteca ocupa a “mais nobre e vasta de todas as salas do edifício” localizando-se na ala nascente do convento. Esta é a Biblioteca ou Casa da Livraria – como lhe chamavam também na época – mais representativa da arquitectura monástico-real do século XVIII, que existe em Portugal.

A sala, em forma de cruz, mede 85 m de comprimento e 9,5 m de largura e é pavimentada com pedra liós de várias cores (branco, cinzento, rosa, preto…), as estantes são em madeira talhada, de estilo rocaille em madeira de pinho nórdico (e não de madeiras exóticas, como até há pouco tempo se pensava).

Na Biblioteca encontram-se cerca de 30 000 volumes (um volume pode conter vários livros no seu interior) dos séculos XV e XIX “abrangendo temas tão diferentes como a Teologia, a Sermonária, o Direito Canónico e Civil, a História, a Geografia e Viagens, a Matemática, a Arte e a Música, a Medicina, etc”. Entre as obras que existem na Real Biblioteca de Mafra encontram-se a Crónica de Nuremberga (1463), a Opera Omnia de Homero (1488), uma colecção de Bíblias, a primeira enciclopédia, Diderot et D´Alembert, Livros de Horas iluminados do sec XV e um núcleo de partituras de músicos portugueses – João de Souza Carvalho, Marcos Portugal, João José Baldi entre outros – destinadas aos 6 órgãos da Basílica.

As obras foram recolhidas por “emissários especiais encarregues de adquirir tudo o que de melhor e de mais novo aí se imprimisse” que o Rei Magnânimo enviou para a Europa em busca de livros para este fantástico acerco.
Curioso, o facto de, em 1754 uma Bula concedida pelo Papa Bento XIV “além de proibir, sob pena de excomunhão, o desvio ou empréstimo de obras impressas ou manuscritas sem licença do Rei de Portugal, concede-lhe autorização para incluir no seu acervo livros proibidos pelo Index”.

Várias ordens monásticas por aqui passaram:
– Em 1730 instalaram-se em Mafra os Franciscanos da Província de Santa Maria da Arrábida
– Em 1771, o Marques de Pombal determinou que para o Convento de Mafra vinham os Cónegos Regentes de Santo Agostinho (foram os Agostinhos que encomendaram as estantes ao arquitecto Manuel Caetano de Sousa)
– Em 1792 a rainha D. Maria I ordenou aos Cónegos Regentes de Santo Agostinho que abandonassem o convento e os Franciscanos regressaram então a Mafra

Durante este tempo, os livros ocupavam duas salas contiguas a esta “sala inacabada” e apenas em 1974, Frei João de S. José conseguiu autorização para utilizar as estantes que ficaram incompletas, pois faltava “dourar a obra de talha e pintar os bustos dos escritores clássicos nos medalhões.

Frei Joaquim da Conceição iniciou a classificação e a arrumação das obras em 1797, mas com a sua morte, tudo ficou adiado até 1809, ano em que Frei João de Santa Anna iniciou a arrumação dos livros.
Frei João de Santa Anna foi o autor do “volumoso catalogo onomástico, manuscrito e ainda inédito, que abarca todas as obras existentes na Livraria até ao ano de 1819”. Este catálogo manuscrito, com oito volumes, cdefine a organização que se mantêm até a actualidade.

 

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