Comemora-se hoje o Dia Nacional do Bombeiro Profissional, bem vistas as coisas, aquilo que são a maioria dos bombeiros que exercem atividade no país, mesmo que teimem em chamem-lhes voluntários. O ataque a um incêndio urbano ou florestal, a condução de uma viatura pesada de ataque a incêndios, as táticas de ataque a frentes de incêndio ou a assistência a quem precisa de apoio médico urgente, nos tempos de hoje, nada têm de amador, por muito voluntarismo que mova as gentes.
Desde que o Jornal de Mafra publicou o artigo Bombeiros da Malveira | Contestação ao comandante leva 19 bombeiros a abandonar o serviço voluntário e depois da reunião da direção dos bombeiros, da qual saiu um lacónico comunicado a que também fizemos referência, não houve ainda qualquer contacto entre a Direção dos Bombeiros da Malveira e os elementos (já esta semana, demitiu-se mais um chefe e 2 formadores, um de Salvamento e Desencarceramento e um de Tripulante de Ambulância de Transporte) que deixaram de exercer as funções que cabem ao serviço voluntário.
O Socorro é assegurado de forma precária e irregular
A perda de 19 bombeiros é, nas palavras de um bombeiro com mais de uma dezena de anos de serviço, algo que “faz uma grande “quebra” naquilo que diz respeito ao cumprimento da missão dos bombeiros“, embora a direção e o comando da corporação se tenham esforçado, desde que estes problemas vieram a público, para mostrar que o socorro às populações não estará posto em causa.
Segundo fontes dos bombeiros da Malveira, a população não fica por socorrer, nem os incêndios por apagar, sendo que em causa estará sim, a qualidade do socorro, por via da menor qualidade da formação daqueles que por via da saída dos 20 referidos elementos, estarão agora a assegurar os serviços de socorro.
Um dos bombeiros que contactámos foi perentório, “o Socorro é assegurado de forma precária, e irregular. Existem provas dessa situação”.
Os Bombeiros Voluntários da Malveira têm feito publicações de carácter tranquilizante para a população mas não passam de publicidade enganosa
Um outro elemento operacional dos Bombeiros da Malveira revelou ao Jornal de Mafra que “no passado fim de semana aquando da intervenção da ocorrência para um incêndio numa viatura tiveram de ir buscar bombeiros que se encontravam a actuar num incêndio florestal para conseguirem responder à intervenção na viatura”, uma situação que resultará claramente do facto de haver menos efetivos e efetivos com um graus de formação menos consolidado. A mesma fonte classificou de “publicidade enganosa” as publicações de “caráter tranquilizante para a população“, que os Bombeiros Voluntários da Malveira têm feito, quase diariamente nas redes sociais.
A mesma fonte, afirmou ainda, que “o Comandante Miguel Oliveira nunca apareceu em fotografias sem serem de cariz oficial e agora aparece em todas, dá que pensar. Passou anos que só fazia o seu horário de trabalho, agora e desde que existiu esta demissão destes elementos passa dias sobre dias no Corpo de Bombeiros, sai para todas as intervenções, antes só saía para as que necessitavam de ter um Posto de Comando. Será porque agora está super operacional? Ou apenas porque os elementos que saem para prestar o socorro não têm nem formação nem experiência suficiente para actuarem sem a sua alçada?”
As nossas fontes referem também uma situação, que a confirmar-se, poderá assumir alguma perigosidade, quando se afirma que “as escalas de equipas de combate a incêndios que estão expostas mostram uma coisa e depois a realidade dos serviços é outra, chegam a ter pessoas de serviço em que nenhum deles é encartado de pesados“.
Por outro lado, uma das nossas fontes dá conta de que estará para muito breve a demissão da Oficial Bombeiro do Corpo de Bombeiros, que é também um dos pomos de discórdia neste conflito entre voluntários e o comandante da corporação, pelo facto de, alegadamente manter “um relacionamento interpessoal com o comandante”, relacionamento que se refletiria em vantagens, nomeadamente, vantagens salariais, relativamente a outros elementos da corporação.