Um homem de 87 anos morreu ontem dentro de uma ambulância à porta do hospital de Torres Vedras enquanto esperava para ser atendido naquela unidade hospitalar.
O idoso, residente num lar da zona de Mafra, tinha uma história clínica marcada por problemas cardíacos e pulmonares tendo sido transportado na manhã de ontem, para a urgência do hospital de Torres Vedras, devido a perda de sangue e a sinais de desidratação.
Depois de ter esperado quase 1h30 minutos dentro da ambulância para ser atendido, o doente terá entrado em paragem cardiorrespiratória acabando por falecer.
De acordo com declarações à SIC, do comandante dos bombeiros de Mafra, o homem chegou em tempo útil ao hospital, encontrando-se “a falar, consciente e com todos os sintomas da patologia que tinha sido detetada”, referindo então, que a falta de assistência terá impedido que o doente sobrevivesse.
Os bombeiros tentaram encaminhar o doente para outro hospital, uma vez que o estado de saúde do mesmo se agravou enquanto esperava, mas o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) não autorizou o encaminhamento do doente, tendo dado indicações aos bombeiros no sentido de aguardarem, uma vez que o hospital seria obrigado a receber o doente.
Existem vários relatos de filas de ambulâncias – mais de 10 – em torno do Hospital, com doentes a aguardar que fossem admitidos no serviço de urgência. Alguns doentes têm esperado 12 horas para ser atendidos, sem que ninguém se desloque à ambulância para fazer uma avaliação do seu estado clínico.
O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Oeste informou hoje em comunicado, que “nos últimos dias tem-se verificado uma elevada afluência de doentes à Área Dedicada para Doentes Respiratórios (ADR-SU) da Unidade de Torres Vedras, o que tem provocado alguns constrangimentos no que concerne ao tempo de espera para atendimento”.
Em relação à morte do idoso no interior da ambulância, à porta do Hospital, o mesmo comunicado refere que “ainda está a decorrer um processo de averiguação dos factos”, esperando-se que desta vez seja dado conhecimento público dos factos apurados e das medidas que possam vir a ser tomadas no sentido de obviar a que situações destas possam ocorrer, não se tornando este, em mais um inquérito sem consequência, situação a que assistimos em Portugal com demasiada frequência.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, tendo uma área de influência constituída pelas populações dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.