Morreu esta manhã, no hospital de Santa Maria, em Lisboa, aos 81 anos, o fadista Carlos do Carmo. O fadista faleceu no pós-operatório de um aneurisma da aorta abdominal.
Carlos do Carmo, nasceu em Lisboa, filho da fadista Lucília do Carmo, lisboeta da Bica, estudou na Suíça, e chegou a ter uma vida profissional fora do fado, acabando por voltar mais tarde ao mundo do fado para gerir a casa de fados – “O Faia” – propriedade dos pais, onde atuava ocasionalmente como fadista. Assumiu a sua carreira enquanto fadista em 1964, tendo um percurso artístico deque se estendeu por 57 anos.
O Presidente da República evocou hoje Carlos do Carmo referindo ter sido “uma das grandes figuras do fado e da dignidade do fado” lembrando o “homem do rigor e da generosidade” que atuou “com grande sucesso em palcos de todo o mundo” e que “contribuiu muito para a divulgação internacional do fado”, tendo sido um dos embaixadores da Candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade.
Carlos do Carmo venceu um o Grammy Latino de Carreira em 2014, um prémio Goya pela participação no filme “Fado”, em 2016 foi lhe atribuído o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito e em 2019 recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, pelo seu “inestimável contributo” para a música portuguesa.
O fadista despediu-se dos palcos em novembro do ano passado, num concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
“A sua relação com o público, de afeto e respeito mútuos, foi notória até ao fim, no concerto do Coliseu dos Recreios em 2019, onde pude uma última vez aplaudi-lo e congratulá-lo (…)” [Marcelo Rebelo de Sousa]
Em 2019, em entrevista no final do seu último concerto, Carlos do Carmo, referiu “Fiz este meu caminho que não foi das pedras, mas que considero um caminho sempre saudável e que me levou sempre a ter uma perspetiva de ser solidário com os meus companheiros (…)”.
“A sua carreira, com mais de cinco décadas, e o seu exemplo, serão sempre fonte de inspiração, mas também vida feita em história do Fado, legado artístico maior e que constitui uma parte tão importante do património cultural português. A cultura portuguese perdeu hoje uma das suas vozes e um dos seus contadores de histórias que formam, no fundo, a nossa História”, refere a nota de pesar do ministério da cultura.
Para a história ficam canções como Os Putos”, “Um Homem na Cidade”, “Canoas do Tejo” e “Lisboa, Menina e Moça”.
O governo decidiu decretar para a próxima 2ª feira, 4 de janeiro de 2021, um Dia de Luto Nacional.
[imagem:FB do artista]