Eunice do Carmo Munhoz nasceu a 30 de julho de 1928, na Amareleja, concelho de Moura. Nascida numa família de atores de teatro e de artistas de circo, aos cinco anos já participava em números da companhia teatral ambulante da família, mas a sua estreia no teatro aconteceu em novembro de 1941 (aos 13 anos), no Teatro Nacional D. Maria II, com a peça Vendaval, de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro.
Ao longo dos seus 80 anos de carreira, Eunice Muñoz entrou em cerca de duas centenas de peças de teatro, tendo trabalhado em cerca de uma centena de companhias, no cinema e na televisão participou em mais de oito dezenas de produções de ficção, entre filmes, telenovelas e programas de comédia.
Esteve afastada dos palcos durante 4 anos para se dedicar à família e “porque queria conhecer a vida normal”. Durante esse tempo trabalhou numa loja no Príncipe Real, fez um curso de secretariado e trabalhou como secretária de direção numa loja de materiais elétricos. Regressou aos palcos em 1955.
Afastou-se dos palcos desde 2012, após uma queda no Teatro Nacional D. Maria II durante os ensaios de uma peça, tendo partido os dois pulsos e lesionado a cervical. No ano seguinte foi submetida a uma operação para remoção de um tumor na tiroide. Em 2016 voltou a ser submetida a uma cirurgia, desta vez, devido a problemas cardíacos.
Regressou aos palcos em abril de 2021 com a peça “A margem do tempo”, onde contracenava com a neta Lídia Muñoz, para terminar a sua carreira no teatro em novembro, no Teatro Nacional D. Maria II – no mesmo dia e local onde a tinha iniciado.
Em 2015 recebeu o Prémio Carreira da Academia Portuguesa de Cinema, recebeu 3 Globos de Ouro, dois como melhor atriz: um em 1996, Melhor Actriz de Teatro (As Troianas) e outro em 2003, Melhor Actriz de Teatro (A Casa do Lago) e em 2008, o Prémio Mérito e Excelência. Recebeu ainda a Medalha de Mérito Cultural (1990).
Em 1981 é feita Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 1991 fo e condecorada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 2010 é elevada a Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2011 foi condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2018 recebeu a Grã Cruz da Ordem do Mérito e em 2021 a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Eunice Muñoz casou três vezes, com Rui Ângelo de Oliveira do Couto (1947), Ernesto Borges (1956) e António Barahona da Fonseca (1966) – e foi mãe de 6 filhos
Eunice Muñoz morreu esta 6.ª feira, 15 de abril, no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, aos 93 anos.
Foi um privilégio para Portugal ter uma atriz como Eunice Muñoz. Uma atriz com um dom único e um talento natural para a representação. Para os portugueses, a sua vida confunde-se com os palcos e o teatro. Todos a conhecemos e, por isso, todos fomos desenvolvendo uma relação íntima e carinhosa com a mulher de traço humano e inclinação doce e afável. Para os portugueses, Eunice Muñoz é o teatro. É a verdadeira Senhora Teatro. O que felizmente todo o país soube sempre reconhecer. Neste momento, devemos-lhe um aplauso eterno. Despedimo-nos da Eunice Muñoz com profunda tristeza. [Pedro Adão e Silva, Ministro da Cultura]