Saúde Mental e Ocupacional | Fernando Nunes
O artigo de hoje leva-nos para um assunto que cada vez mais nos é apresentado como uma das mais recentes descobertas da ciência no domínio da saúde.
Podemos encontrar sobre esta matéria opiniões, sugestões, mesmo normas em qualquer meio de comunicação, seja ela falada, escrita ou visionada.
Também se consegue definir um estilo de vida apropriado para condições de saúde específicas. Se tenho a tensão arterial alta, se tenho diabetes, se tenho insónias, se tenho obesidade, se sou “nervoso” existe com certeza um, ou mais, estilo de vida que certamente irá contribuir para diminuir os problemas que atravesso.
O mais interessante ainda é que é verdade. Existem estilos de vida, ditos saudáveis, que contribuem para a manutenção de um estado de saúde satisfatório, auxiliam na recuperação de um momento menos bom e, quanto mais não seja, proporcionam contato social e diversão que isto também faz parte da saúde.
Mas então qual a razão deste texto?
Na verdade, existem duas razões: a primeira é mostrar que estes conhecimentos não são novos. Podemos encontrar referências a este tópico desde a Antiguidade. A segunda, é informar que um estilo de vida saudável influi não apenas neste ou naquele sistema mas em toda a pessoa, com todas as suas vertentes física, emocional, mental, social, espiritual…
Como anteriormente referi, o conhecimento sobre estilos de vida saudáveis são antigos. Pensa-se que quem colocou estas ideias por escrito pela primeira vez foi o poeta latino Juvenal (Séc. II). Referia-se o autor às orações que os Romanos dedicavam aos seus muitos deuses, pedindo sucesso, glória, riquezas, mas esqueciam de pedir saúde física e espiritual, que essas eram as coisas mais adequadas para uma boa vida.
Encontramos também nos ditados populares uma boa fonte de conselhos para a adoção de estilos de vida saudáveis.
“Deitar com as galinhas, levantar com os galos” ou “deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer” pode muito bem referir-se à necessidade de dormir o tempo suficiente para descansar e repor energias, por exemplo.
Ou este: “Grão a grão enche a galinha o papo”. Não o poderemos adaptar à necessidade de se fazerem refeições leves várias vezes ao dia em alternativa às grandes comezainas a que por vezes assistimos?
Ainda assim, surge este: “Coma para viver, não viva para comer”. Que dizer disto? Alguma descoberta recente da ciência? Não parece…
“Devagar se vai ao longe” parece até uma fórmula que nos diz que o stress diário não nos trás mais que isso, apenas stress ou preocupação ou cansaço ou outra coisa qualquer que de benéfico nem de perto se assemelha…
“Guarda o que comer, não guardes o que fazer” E esta? É horrível! Segundo a nomenclatura atual, não passa de procrastinação. Um nome interessante que significa diferir as coisas para um futuro indeterminado, ou para as calendas gregas. Ou seja, para nunca…
Poderíamos continuar com exemplos até à exaustão.
Não vale a pena. O que vale a pena é que, ao tomarmos a consciência que os nossos atos, o nosso modo de estar pode contribuir para melhorar a qualidade da nossa vida, a qualidade das nossas relações, a qualidade do eu e a qualidade dos outros, nos faça ultrapassar esta transição que é a nossa vida de uma forma satisfatória e significativa.
Fernando Nunes
Enfermeiro