Mafra | PCP comemora amanhã os seus 100 anos no Terreiro D. João V

Amanhã, dia 6, pelas 15 horas, a organização local do PCP irá levar a cabo em Mafra, no Terreiro D. João V, uma iniciativa integrada na comemoração do centésimo aniversário daquela força política.

Este ano, o Partido Comunista Português, porque a situação pandémica assim o aconselha, não irá comemorar o seu aniversário com um comício, o qual, “se considerou nas condições actuais não ser adequado realizar”, tendo optado por uma iniciativa sob o lema “100 anos, 100 acções”, ações que terão lugar um pouco por todo o país, num “vasto conjunto de iniciativas, centrado nos problemas do país, dos trabalhadores e do povo”, contando em Lisboa (Rossio) com a presença do seu secretário-gera, Jerónimo de Sousa.

Em Mafra, esta iniciativa realizar-se-á no centro da vila contando com a presença de Alexandre Teixeira, membro da organização regional de Lisboa dos comunistas portugueses.

O Partido Comunista Português é o partido que há mais tempo mantém no país uma atividade política contínua. “O Partido”, como os comunistas muitas vezes lhe chamam, emerge em Portugal no quadro das lutas anarquistas e sindicalistas que marcaram a I República. Nos anos 30 do século XX, o PCP cresce, tendo estado na base de grande parte das greves e da contestação daqueles que em Portugal se opuseram à ditadura e à guerra colonial, vendo muitos dos seus dirigentes e militantes serem presos e torturados pela PIDE, a polícia política da ditadura.

O PCP foi o partido político português cujos militantes mais sofreram na pele a repressão exercida pela ditadura. Alguns dos seus dirigentes estiveram longos anos presos e foram submetidos a sevícias por parte da polícia política do regime – Álvaro Cunhal 12 anos e 4 meses de prisão, Carlos Brito, 7 anos e 11 meses de prisão, Domingos Abrantes, 11 anos de prisão e Alda Nogueira, 9 anos e 2 meses de prisão, para citar algumas personalidades do PCP, mais mediáticas.

Por outro lado, sempre muito influenciado pela ex-União Soviética, o PCP passa pelas várias crises do comunismo, pela morte de Estaline, pela invasão da Checoslováquia em 1968, pelos novos ares da Perestroika e da Glasnost de Mikhail Gorbatchev, sem nunca se distanciar verdadeiramente da falta de democracia política, das prisões por razões de consciência e de expressão do pensamento, do internamento em campos de trabalhos forçados e das muitas perseguições políticas que ocorreram no leste da Europa durante o período histórico em que os partidos comunistas daqueles países detiveram o poder. O facto de ainda hoje manter posições que não são inequívocas, relativamente a regimes como o norte-coreano ou o cubano, onde operam polícias políticas, onde não há pluralismo partidário e onde há prisioneiros de consciência, tem valido pesadas criticas ao PCP por parte da generalidade dos outros partidos portugueses.

Ao longo da sua história, o PCP manteve sempre uma posição política de defesa dos mais desfavorecidos e é reconhecido, até pelo atual primeiro-ministro, como um partido em cuja “palavra” política se pode confiar, algo que não é comum nos tempos que correm. Ao contrário daquilo que ocorreu com os restantes partidos comunistas europeus, caso dos Partidos Comunistas Italiano, Espanhol e Francês, por exemplo, que perderam a sua influência política, o Partido Comunista Português tem conseguido manter a sua tradicional influência nos sindicatos, através da Intersindical, e embora se verifique uma progressiva erosão da sua base eleitoral, mantém-se como uma força política com peso próprio, prova disso, por um lado, a constituição da “geringonça”, que permitiu ao PS governar sem maioria, enquanto, por outro lado, o peso que têm no mundo sindical permite ao PCP manter os governos sob pressão, nomeadamente, na área do ensino e dos transportes.

No concelho de Mafra, de resto à semelhança do que tem vindo a acontecer paulatinamente no resto do país, o PCP tem perdido influência política e peso eleitoral. Perdeu o seu único vereador na Câmara Municipal de Mafra, e embora se mantenha representado na Assembleia Municipal, debate-se com dificuldades em penetrar nas camadas mais jovens da população sofrendo, como os restantes partidos, do cada vez maior desinteresse (e falta de confiança) que os partidos portugueses provocam na população do país, como se demonstra pelos cada vez maiores níveis de abstenção.

[imagem:PCP]

 

 

 

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