A 15 de agosto, as populações rurais do concelho de Torres Vedras vestiam o fato de Domingo e seguiam para Santa Cruz, a pé ou em carroças e carros de bois, para irem “a banhos”.
– Vamos lá! Toca a acordar e a despachar! Hoje é 15 de agosto, dia do saloio, temos de ir para a praia!
Chegados a Santa Cruz libertavam os animais do peso das carroças, nas quais traziam vinho, comida, tachos e panelas, e deixavam-nos a pastar. Transportavam-se tachos e panelas porque o almoço era feito na praia, onde se fazia lume e se cozinhava a comida.
A tradição fazia deste dia, um dia de festa e de convívio, onde não faltava a boa comida e o bom vinho, que eram partilhados pela tarde dentro.
Desde 1997 vinha-se a realizar um Cortejo Etnográfico para assinalar “o dia do Saloio”, cortejo que cruza as ruas de Santa Cruz e em que participam os ranchos folclóricos e os grupos etnográficos do Concelho de Torres Vedras, terminando com a tradicional ida à praia do Guincho, onde se fazia a tradicional partilha do farnel.
Este ano, pelo 2.º ano consecutivo não se realizou o cortejo, cabendo as culpas à pandemia.
Entre os últimos trabalhos das colheitas agrícolas e os preparativos para as vindimas, o “15 de agosto” era, assim, uma zona de fronteira, vivida de forma festiva pelos “saloios”. Envolvidos nesse ritual, os preparativos para o grande dia implicavam a participação de toda a comunidade como se de uma verdadeira festa se tratasse, onde não faltava a boa mesa e o bom vinho. Vestia-se o fato de Domingo e lá se seguia para Santa Cruz, nas tradicionais carroças e carros de bois”. [CMTV]
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