Há 305 anos era lançada a 1.ª pedra da construção do Convento/Palácio Nacional de Mafra

Palácio Nacional de Mafra

 

Há 305 anos atrás, a 17 novembro de 1717 foi colocada a 1.ª pedra daquele que viria a ser o Convento/Palácio Nacional de Mafra, numa cerimónia presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa, D. Tomás de Almeida, e contando com a presença do rei e da Corte.

“Amanheceo o dia 17 de Novembro, determinado para a bênção da pedra, e se vio no terreiro da nova Igreja da parte do Norte, em proporcionada distancia, formada, e curiosamente adornada huma debaixo de huma grande de campanha, para nella se revestir em vestes Pontificaes o Illustrissimo Patriarcha, e se paramentarem os seus Conegos, e Cappellães, quando fosse tempo oportuno.” (Conceição, 1820, p. 101)

“chegou ElRei com a sua Côrte, montados a cavallo, com tanto luzimento na diversidade das galas, e preciosos jaezes dos soberbos brutos, em que vinhão montados, que igualmente recreavão a vista, e admiravão na riqueza” (id.ibid., p. 102).

Um cronista da época relata que “para a cerimónia foi erguida uma estrutura em madeira, replicando a forma prevista para a igreja, forrada e panos de brim e preciosamente adornada. No exterior, o frontispício estava coberto de tafetás encarnados, definindo três portas de grande dimensão sobre as quais se expunha duas pinturas sobrepostas, a mais alta das quais com a imagem de Santo António, a quem a igreja era consagrada. O interior estava ricamente revestido com panos de raz e tafetás encarnados e amarelos, simulando-se portas e janelas com cortinas de damasco carmesim guarnecidas com galões e franjas dourados. Na zona do altar, expunham-se, em duas credencias, os ricos paramentos e alfaias de prata cinzelada para o pontifical presidido por D. Tomás de Almeida, primeiro cardeal patriarca de Lisboa. Sobre o altar, elevava-se a banqueta com o conjunto da cruz e seis castiçais de prata. A tribuna real, armada no cruzeiro, revestia-se de brocado vermelho.”

O cortejo processional deu início às cerimónias. Na frente seguiam “64 frades arrábidos, seguidos pelo clero local e, atrás da cruz patriarcal, pela hierarquia eclesiástica, rematando com os cónegos, de mitras e pluviais de caudas sustidas pelos seus caudatários, antecedendo o Patriarca com vestes pontificais, mitra de pedras preciosas e báculo, atrás do qual iam os protonotários com roquetes e capa magna”. Seguiam-se “o rei com a respetiva corte e as autoridades do lugar” e a terminar o cortejo ia “hum grande numero de gente, pois passavam de três mil pessoas, as que concorrêrão de várias partes a presenciar huma função, que pelas suas antecedências prometia admirações.” (id.ibid., p. 104).

No decorrer da cerimónia baixam-se aos alicerces alguns objetos simbólicos, entre os quais uma urna de mármore com doze medalhas comemorativas do ato (quatro de prata, quatro de ouro e quatro de bronze), em duas das de prata ostenta-se a fachada e a planta do monumento a erguer que, de acordo com as descrições, seria “sumptuoso … mostrando na perspetiva duas altas torres nas ilhargas, no meio o zimbório, as portas do templo para o poente, e o convento da parte esquerda” (CONCEIÇÃO, p. 108).

A festa prolongou-se ao longo do dia, alargada ao povo para quem foi aberta a real ucharia que serviu um jantar guisado.

 

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