Graves erros de diagnóstico no Centro de Saúde de Mafra levam a alteração de prestadores de serviço

A partir deste mês [Abril] o serviço de Atendimento Complementar (AC) de Mafra [SAP] é efectuado por Médicos alocados pela Santa Casa da Misericórdia da Venda do Pinheiro (SCMVP), tal como já tínhamos noticiado.

As mudanças de equipas médicas que asseguram este serviço em Mafra têm vindo a sofrer varias alterações desde Novembro do ano passado, altura em que os profissionais que lá prestavam serviço foram substituídos por “médicos de uma empresa contratada em regime de prestação de serviços”.

Ora, terá sido durante a permanência desta empresa prestadora de serviço na área da saúde – que existe desde 2012 e já teve 27 acções em tribunal – que o Centro de saúde de Mafra, em apenas 15 dias, terá falhado duas vezes no diagnóstico de doentes com AVC.

Um dos casos, terá ocorrido a 30 de Janeiro, quando António Gomes de 48 anos terá estado mais de 2 horas no centro de saúde de Mafra, só tendo sido atendido por ordem de chegada. O enfermeiro de serviço ter-lhe-ia, entretanto, administrado um comprimido e meia aspirina. Foi transferido para o Hospital de Santa Maria onde chegou 3 horas depois de ter dado entrada no centro de saúde de Mafra. Este doente entrou em coma durante a noite, quando o AVC se repetiu.

O outro caso aconteceu a 17 de Fevereiro, 15 dias depois, terá atingido Joaquim Costa, de 60 anos, que se dirigiu ao centro de saúde de Mafra com fortes dores de cabeça, desequilíbrio e falta de vista no olho esquerdo. Foi-lhe dado um comprimido, tendo-se estabelecido então o diagnostico de cefaleia. Foi encaminhado para o Hospital de Santa Maria. 9 horas depois de ter dado entrada em Santa Maria foi então visto por um médico, sento que esta delação de tempo, se terá ficado a dever à pouca gravidade do diagnóstico inicial estabelecido em Mafra, uma cefaleia (dor de cabeça)..

Ao programa Sexta às 9 da RTP, a propósito destes casos, Miguel Guimarães, bastonário da ordem dos médicos referiu que “a saúde não pode ser encarada desta maneira.  A saúde não pode ser encarada como um negócio”. O bastonário da ordem dos médicos diz não compreender o que se passa com a contratação dos médicos uma vez que “há falta de médicos, ninguém tem duvidas (…)não há motivo nenhum para que os médicos não sejam contratados directamente”. Relativamente a estas contratações de médicos através de empresas prestadoras de serviço, Miguel Guimarães refere que o estado “esta obviamente a gastar mais dinheiro”.

A ARSLVT recorre à contratação de médicos em prestação de serviços para garantir o “acesso aos cuidados primários de saúde dos cidadãos que ainda não tem médico de familia atribuído”.

 

O Jornal de Mafra tentou – há semanas, quando tivemos conhecimento da alteração de entidades a prestar este serviço no centro de saúde de Mafra – contactar os responsáveis da Misericórdia da Venda do Pinheiro, com quem a ARSLVT estabeleceu o protocolo destinado a substituir os médicos que deixaram de prestar serviço depois de a ARS ter sido informada destes eventos, pela RTP.
A Misericórdia da Venda do Pinheiro, por nós contactada por via telefónica, quis saber a razão do nosso contacto, pediu o nosso contacto telefónico, ficando de nos contactar nessa tarde, já lá vão umas boas semanas.
Há entidades que fazem uns peditórios, recebem uns apoios provindos de impostos, apresentam-se como instituições que prestam serviço, apresentam-se ligadas a uma igreja que clama pela verdade e pela transparência, mas depois, como é o caso da Misericórdia da Venda do Pinheiro, não publicam as contas, como a lei determina e não cumprem os compromissos que firmam.

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