O Circo Vítor Hugo Cardinal, que no concelho de Mafra já passou pela Malveira e está agora à Ericeira. Trata-se de um circo que exibe animais, elefantes, cavalos, camelos, lamas e póneis, sendo a actuação destes animais, muito popular entre os espectadores, sejam adultos ou crianças.
As organizações que se dedicam à chamada causa animal lutam contra a utilização de animais em circos, e os argumentos que utilizam, foram aqueles que ouvimos hoje pela boca de uma representante da organização informal “Cidadãos pelos circos sem animais”, que participava numa concentração de cerca de 40 pessoas, às portas daquele circo, na Ericeira.
“Os animais foram retirados do seu habitat natural e foram aprisionados. Não é normal, por exemplo, um tigre viver numa jaula, os animais devem estar na natureza. Há maus tratos aos animais de circo, são animais selvagens que terão de ser quebrados, terão de ser obrigados, até terem medo, obrigando-os a fazer o que se pretende. Não utilizam um treinamento de reforço positivo, mas sim de reforço negativo, como se fazia aos cães antigamente, os animais são violentados, são maltratados, são obrigados, não estão a fazer o que a natureza lhes pede“.
Em protesto e como forma de sensibilizar os espectadores das artes circenses contra a utilização de animais, a “Cidadãos pelos circos sem animais” com o apoio do PAN, fizeram hoje uma concentração às portas do circo Vítor Hugo Cardinal, às portas da Ericeira. Fizeram-no porque embora não sejam contra o circo, são contra os circos com animais.
Matilde Batalha, deputada do PAN na Assembleia Municipal de Mafra esteve activamente presente nesta concentração, algo que não surpreende, tendo em consideração o ideário daquele partido político:
“O PAN apoia qualquer movimento que defenda o bem de tudo e de todos. Fomos convidados para aqui estar, e o que aqui se defende, são medidas que o PAN defende. Foi aprovado na Assembleia da República, o fim progressivo de animais no circo. Num circo, os animais não conseguem expressar os seus comportamentos naturais e ao invés disso, são obrigados a expressar comportamentos anti-natura“
Como objectivo, no plano local, a deputada do PAN assume que “gostaria que a CMM deixasse de licenciar circos com animais e que este seja o último circo com animais no concelho de Mafra“. Por outro lado, Matilde Batalha fez questão de realçar que “este é um processo pacifico e silencioso, com um carácter muito pedagógico e informativo”.
A propósito desta acção de protesto dos defensores dos direitos dos animais, ouvimos também um representante do Circo Vítor Hugo Cardinal.
Ficámos surpreendidos com o aparecimento de imagens de animais deste circo nas redes sociais e quisemos saber como é que essas imagens teriam sido obtidas, o representante do circo referiu que elas terão sido obtidas por “uma pessoa que ultrapassou as vedações e tirou uma fotografia ao leão que estava com uma conjuntivite“. Referiu depois que este animal não é utilizado nos espectáculos e que tem sido alvo de todos os cuidados médicos por parte dos veterinários do circo.
Relativamente ao estado de saúde dos animais, e ao seu bem-estar referiu este representante do Circo Vítor Hugo Cardinal que, como a lei exige, sempre que o circo chega a uma localidade, o veterinário municipal faz uma inspecção a todos os animais antes do 1º espectáculo e outra após o último espectáculo, referiu ainda que, no caso da Ericeira, por via dos protestos ocorridos, ocorreu também já uma inspecção extraordinária.
Este circo, onde trabalham 35 pessoas, tem 5 leões – a lei não permite a compra de novos leões nem a procriação dos actuais – elefantes, cavalos, camelos, lamas e póneis e a actuação dos animais será aquilo que as pessoas mais gostam no espectáculo. Assim, segundo aquele representante, o circo terá preocupações pedagógicas “tentamos fomentar essa parte, até porque muitas vezes, são animais em vias de extinção, fazemos questão em fazer passar essa mensagem às pessoas”
Quisemos conhecer a posição do Circo Vítor Hugo Cardinal a propósito desta concentração de cidadãos preocupados com os direitos dos animais:
“Eles têm o seu direito, nós respeitamos, estamos numa democracia, mas eles também deviam respeitar as pessoas que querem vir ao circo, as quais muitas vezes são insultadas por eles. Nós achamos que as pessoas não estão verdadeiramente informadas, por exemplo, na Assembleia da República o Bloco de Esquerda afirmou que a maior parte dos animais de circo eram ursos, mas em Portugal, a verdade é que há mais de 20 anos que não actuam ursos em circos, ou seja criticam mas não pesquisam, não de informam, não vêm ao circo“.
Em relação à perenidade do espectáculo circense, e da actividade que se gera em seu torno, o representante com que falámos, referiu “não nos podemos queixar, está a correr bem, mas o Natal é sempre a época mais forte“.
Certo mesmo, foi a ocorrência de uma concentração/manifestação no concelho de Mafra, algo comum em democracia, mas que pode ser encarada como uma raridade quase esotérica, neste concelho à beira-mar plantado.
Na Ericeira deviam protestar o muro no centro da vila trinta metros a pique sobre a praia.e o mau cheiro da estação de tratamento de esgotos em Ribeira d’ilhas e por aí fora