EDITORIAL | Os estranhos sortilégios da comunicação social do concelho de Mafra

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Os estranhos sortilégios da comunicação social do concelho de Mafra
Concorrência precisa-se

 

Nos últimos meses, os maus cheiros emanados a partir das instalações da Tratolixo na Abrunheira, Mafra, têm feito notícia no concelho.

Este tema foi alvo de discussão em várias sessões da vereação da Câmara Municipal de Mafra, em vários artigos no Jornal de Mafra, incluindo respostas da Administração da Tratolixo a questões colocadas pelo JM, tendo-se assistido, mesmo, a “ameaça” (muito pouco credível, diga-se) de uma manifestação às portas da empresa que nos trata dos lixos. Assistiu-se a visitas às instalações por parte de delegações do PAN – incluindo a sua deputada municipal, Matilde Batalha – da JP (juventude do CDS-PP) – incluindo o Presidente da Concelhia de Mafra da JP, Tomás Pegado – culminando ontem com uma visita do PS – incluindo o vereador e Presidente da Comissão Política local daquele partido, Sérgio Santos e vários deputados municipais. Tivemos conhecimento que está a ser preparada uma visita organizada pela Assembleia Municipal de Mafra, a qual deverá/ria contar com representantes de todas as forças políticas ali representadas – PSD, PS, CDU, PAN e BE – o que nos deixa curiosos, relativamente à repercussão que terá, ou que não terá nos OCS concelhios.

Num concelho (que não este) em que os órgãos de comunicação social se foquem na prossecução dos propósitos que justificam a sua existência – órgãos de informação servem para informar – todas estas movimentações, incluindo as das populações afetadas pelos maus cheiros, as discussões nas reuniões da câmara municipal e as visitas de três forças partidárias às instalações da Tratolixo, repetimos, num concelho com a ventura de dispor de órgãos de informação, que por definição, exercem a função de informar, num tal concelho, que não o de Mafra, este tema teria sido alvo de atenção, informação e análise por toda a imprensa do concelho.

Nada disto aconteceu. O único órgão de comunicação social que tem acompanhado todo o processo de uma forma consistente, continuada e extensiva é o Jornal de Mafra. O concelho de Mafra merece uma imprensa mais ativa e atenta ao que por aqui se passa. O concelho de Mafra merece beneficiar de vários olhares informativos que se debrucem sobre as suas realidades e que o façam a partir de diferentes ângulos. Os cidadãos do concelho de Mafra e todos aqueles que por aqui vivem e labutam merecem dispor de uma imprensa que não cultive pontos de penumbra. Em última análise, esta abulia informativa é negativa até para o próprio Jornal de Mafra, que muitas vezes se vê sozinho, naquela que é a principal função dos órgãos de comunicação social em qualquer local do mundo – informar.

Para além do JM, no concelho de Mafra, dedicando-se à informação geral, existe uma rádio (instalada num edifício municipal); um jornal quinzenário de orientação confessional sediado em Mafra; um mensário sediado na Ericeira; uma revista online sediada na Ericeira (em edifício municipal adstrito a um ninho de empresas. Sendo certo que este OCS se dedica pouco a temas políticos, participou, no entanto, em entrevistas políticas nas últimas autárquicas). Existe ainda em Mafra, uma entidade (sediada em edifício municipal adstrito a um ninho de empresas) que se classifica a si própria como agência de publicidade, mas que faz entrevistas a políticos, mantendo também um noticiário geral.

Em suma, e pelo que fica dito, concorrência (no sentido nobre do termo) precisa-se.

Paulo Quintela
Diretor do Jornal de Mafra

 

 

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