Dia Nacional das Linhas de Torres

Linhas de Torres

Em outubro de 2014, a Assembleia da República instituiu o dia 20 de outubro como o Dia Nacional das Linhas de Torres.

“A criação do Dia Nacional das Linhas de Torres propõe ser uma justa homenagem à memória e resistência do povo português aliada à estratégia e engenharia militar (…) o espírito de sacrifício de todos aqueles que lutaram contra o invasor, fosse integrando o exército aliado, construindo as fortificações ou abandonando as suas casas e destruindo os seus bens, privando o exército invasor de se alimentar no terreno, mas, também, pondo em causa a subsistência dos compatriotas e o futuro do país.”

A data escolhida, 20 de outubro, deve-se ao facto de a 20 de outubro de 1809, Wellington ter entregue ao Coronel Richard Fletcher, oficial do exército responsável pelos trabalhos de engenharia, o memorando no qual especificava a estrutura das Linhas de Torres Vedras. Este memorando definia não só a estrutura em si, como definia as prioridades de construção, a distribuição das forças, os pontos de sinalização das comunicações, a criação de obstáculos e as linhas de retirada, entre outras.

As linhas de Torres estão desde março de 2019 classificadas como monumento nacional, uma vez que este “conjunto de obras militares reforça um longo processo de preservação física da memória material e imaterial deste sistema defensivo, reconhecendo, entre outros critérios, o génio do respetivo criador e o interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos”.

A classificação do conjunto das 1.ª e 2.ª Linhas de Defesa a Norte de Lisboa durante a Guerra Peninsular, nos concelhos de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, inclui fortes e estradas militares, pretende contribuir para a salvaguarda deste património histórico, incluindo a constituição de uma zona especial de proteção.

As Linhas de Torres, construídas entre 1809 e 1812, tinham como objetivo impedir que o exército invasor atingisse a capital do Reino de Portugal e no caso de derrota, permitir o embarque, em segurança, do Exército Britânico na sua retirada.

  • Primeira Linha: com 46 km, ligava o rio Tejo, em Alhandra, à foz do rio Sizandro, em Torres Vedras, passando por Arruda e Sobral. As grandes obras avançadas do Alqueidão e de S. Vicente tinham por função bloquear as principais vias de acesso à capital portuguesa.
  • Segunda Linha: situada a 13 km a sul da anterior, com 40 km, ia de Vialonga até Ribamar, passando por Bucelas e Mafra.
  • Terceira Linha: com um perímetro de 3 Km, protegia o embarque das tropas britânicas, em caso de retirada. Seguia o percurso de Paço de Arcos às Torres da Junqueira.

Depois de concluídas as três linhas defensivas construídas a norte do Tejo, estendiam-se por mais de 85 km e eram constituídas por um conjunto de 152 fortificações localizadas nos atuais concelhos de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira. Estando estas fortificações completamente guarnecidas, utilizariam 600 peças de artilharia, sendo defendidas por cerca de 140 000 homens.

O conjunto de fortificações das Linhas de Torres Vedras terá sido o sistema de defesa mais eficaz e o mais barato da história militar, tendo o custo da sua construção rondado as 100 000 libras.

Além das construções foi por também implantado um sistema de comunicações, uma rede telegráfica visual, que garantiu a segurança na transmissão das ordens.

Esta rede telegráfica visual utilizava o sistema português criado por Francisco Ciera e códigos visuais usados pela Royal Navy adaptados pelo telégrafo inglês. Estafetas, mensageiros e guias completavam o sistema de comunicações.

Em julho de 1810, na terceira invasão francesa, o marechal André Massena, depois da derrota na batalha do Buçaco reorganizou as suas tropas e rumou até Lisboa. Wellesley antecipando-se ao invasor, fez recuar o exército aliado para as defesas da capital, para as Linhas de Torres Vedras.

Massena, enfrentando este obstáculo intransponível, iniciou a sua retirada de Portugal, em março de 1811.

 

 

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