Outra vez a chorar? – Já não sei o que fazer…
Reação parental às emoções negativas dos filhos
Estimados leitores,
Vou apresentar-vos um tema que me é muito querido e sobre a qual realizei a tese de mestrado. Trata-se da reação parental às emoções negativas dos filhos.
O que são reações parentais? Por palavras simples é a forma como os pais reagem e respondem quando a criança expressa emoções negativas (exemplo, tristeza ou zanga). Estas reações constituem uma forma dos pais ensinarem, pelo exemplo que dão, as crianças a lidar com as suas próprias emoções e com as emoções dos outros.
Os pais podem ter vários comportamentos quando reagem às emoções negativas dos filhos, podendo responder, geralmente, de forma apoiante ou não apoiante.
Como reagir de forma apoiante? Vejamos possíveis reações:
- Reações focadas no problema – ajudam a criança a resolver o problema que lhe causou stresse (ex. ajudar a criança a encontrar soluções para resolver a situação);
- Reações focadas nas emoções – os pais recorrem a estratégias que permitem à criança sentir-se melhor (ex. brincar com o assunto);
- Reações de encorajamento da expressão emocional dos filhos – quando os pais aceitam que a criança expresse as suas emoções negativas (ex. mostrar compreensão).
Por outro lado, os pais podem apresentar respostas não apoiantes:
- Reações de minimização – desvalorização das emoções dos filhos ou das situações que as despertaram (ex. “estás a criar problemas onde eles não existem”);
- Reações de punição, verbal ou física – controlar as demonstrações das emoções negativas dos filhos com castigos ou violência física ou verbal (ex. “se continuas a chorar levas uma palmada”);
- Reações de Stresse – acontecem quando os próprios pais se sentem preocupados ou desconfortáveis perante a negatividade emocional da criança – isto leva a que muitas vezes os pais fiquem sem saber como agir e a criança perceba essa ansiedade e confusão.
Muitos estudos têm mostrado que as reações apoiantes às emoções negativas dos filhos têm um impacto positivo no desenvolvimento da criança, permitindo-a crescer psicologicamente mais saudável.
Na investigação que conduzi quis aumentar o conhecimento acerca das variáveis individuais dos pais que poderão estar associadas à forma como reagem às emoções negativas das suas crianças. Por isso fui estudar se o facto de os pais serem ou não pessoas empáticas (capazes de compreender os pensamentos, emoções e motivações dos outros e de se colocarem na sua perspetiva) tem impacto na forma como reagem às emoções negativas dos filhos. O estudo teve como amostra 184 participantes, 106 mães e 78 pais, biológicos e não biológicos, de crianças entre os 3 e os 12 anos.
Quais as principais conclusões?
Os resultados mostraram que os pais mais empáticos têm mais reações parentais apoiantes às emoções negativas dos filhos. Os resultados revelaram ainda diferenças significativas entre pais e mães nas reações apoiantes, com as mães a mostrar mais empatia e mais reações apoiantes do que os pais.
Sabendo agora a importância de sermos empáticos e de reagirmos de forma apoiante às emoções negativas dos nossos filhos… Vamos ao habitual desafio? Paremos para refletir nas seguintes questões:
- Sou uma pessoa empática – capaz de “vestir a pele do outro” e de o compreender, partilhando as suas emoções? Posso treinar-me a ser ainda mais empático, principalmente com os meus filhos?
- Como reajo às emoções negativas dos meus filhos? Preciso de reajustar a minha maneira de agir e adotar respostas focadas no problema, nas emoções e no encorajamento?
Referências Bibliográficas:
Marques, F. (2017). “Diz-me como sentes, dir-te-ei como reages”:
Relação entre reações parentais às emoções negativas dos filhos, empatia interpessoal e apoio social (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
Pode ler (aqui) todos os artigos de Filipa Marques.