Influencers, Youtubers… – Perigo ou apenas polémica?
Youtubers. Influencers. Seguidores. Likes. Reconhecimento. Fama.
Palavras na ordem do dia. Motes de vida para alguns adultos, a esmagadora maioria dos adolescentes e já também para crianças.
Vamos perceber o que é este fenómeno…
O «fenómeno influencer» é a capacidade de uma pessoa influenciar determinado grupo de indivíduos para modificar as suas opiniões, de tal maneira que as pessoas deste grupo seguem os passos do influencer, admiram e partilham as suas ideias e estilos de vida.
Os youtubers e influencers podem ser comparados às celebridades, como por exemplo atores ou cantores. Só que, pelo que se sabe, youtubers e influencers têm mais poder de persuasão sobre as crianças e adolescentes. Porquê? Há estudos que indicam que há uma maior identificação e proximidade da criança/adolescente a estas figuras. São pessoas geralmente da sua idade, que levam uma “vida comum”. Pessoas que expõem um conteúdo específico na internet que transparece a sua personalidade, os seus talentos, atividades ou ideias e por isso tornam-se modelos de ação, reconhecidos e admirados pelos outros. A partilha aparentemente verdadeira, íntima e confiável que os influencers fazem da sua história de vida torna-os ainda mais próximos dos adolescentes que, na maioria das vezes, acreditam nas suas histórias como dados inquestionáveis quanto à sua verdade. Desta maneira, os youtubers e influencers tornam-se uma referência importante na vida daqueles que os seguem – por esse motivo, reproduzem os seus comportamentos e até os seus pensamentos.
Explicado o fenómeno é hora de levantar algumas questões que me assaltam como uma preocupação: sabemos quem é que são os youtubers e influencers que os nossos filhos, netos e sobrinhos seguem? Sabemos que ideias eles transmitem e que comportamentos eles têm? Será que temos a noção da importância destes influencers nas nossas crianças e adolescentes?
Se os nossos filhos seguirem um influencer com valores e comportamentos positivos, por exemplo que faz voluntariado, tem talento para cantar e atitudes pró-ambiente, isso pode ser um meio para os nossos filhos adotarem bons hábitos, ideias e comportamentos. Mas, temos de ser realistas e perceber que a internet não lhes oferece uma escolha crivada do que ver ou do que seguir. Temos de ser conscientes e perceber que a maioria das vezes o que atrai as crianças e adolescentes é seguir aqueles que estão a “dar que falar”. Por um lado estejamos tranquilos: não nos devemos alarmar. Devemos antes ter a confiança que a educação e os valores que transmitimos às nossas crianças e adolescentes estão presentes nelas. Mas, por outro lado, estejamos cientes de que é necessário alertá-las para o risco e perceber quem é que elas seguem de forma a orientá-las no caminho mais seguro. Podemos fazê-lo até em jeito de brincadeira, por exemplo dizendo “então, quem é que está na moda seguir agora?” “e tu, quem é que segues?”, de maneira a que elas nos digam sem se sentirem controladas – até porque é importante sentirem que têm o seu espaço preservado.
Exposto o tema lanço o habitual desafio: vamos também nós saber o que dizem e fazem os youtubers e influencers mais conhecidos para conhecer melhor esta realidade e analisá-la de uma perspetiva crítica?
Referências Bibliográficas
de la Piedra, E., & Meana, R. (2017). Redes sociales y fenómeno influencer. Reflexiones desde una perspectiva psicológica. Miscelánea Comillas. Revista de Ciencias Humanas y Sociales, 75(147), 443-469.
Westenberg, W. M. (2016). The influence of YouTubers on teenagers: a descriptive research about the role YouTubers play in the life of their teenage viewers (Master’s thesis, University of Twente).
Pode ler (aqui) todos os artigos de Filipa Marques.