Crónica de Psicologia por Filipa Marques
Olá,
Hoje vamos falar sobre satisfação e bem-estar no trabalho.
De acordo com alguns estudos sobre este tema, o tempo dedicado ao trabalho é um eixo central na construção e manutenção do bem-estar da maioria das pessoas. Pelo facto de nos sentirmos ocupados, pela possibilidade de colocar em prática as nossas capacidades, pelo trabalho nos permitir alcançar sucesso e até mesmo pela contribuição que através dele damos à sociedade.
Obviamente, como muitos sabemos por (boas e más) experiências próprias, quanto mais satisfeitos e felizes estivermos com o nosso trabalho maior pode ser o nosso bem-estar geral com a vida. Mas, o que é isto de sentirmos bem-estar no trabalho? De acordo com Paschoal e Tamayo (2008) o bem-estar no trabalho é a predominância das emoções positivas sobre aquilo que fazemos e a perspetiva pessoal de que no nosso trabalho conseguimos expressar e desenvolver os nossos potenciais e capacidades de forma a conseguirmos alcançar os nossos objetivos de vida. Não obstante desta definição, o bem-estar e a satisfação no trabalho não é algo assim tão linear e sabemos que a satisfação depende de uma série de fatores. Geralmente, envolve o quanto as pessoas estão satisfeitas com as tarefas e funções que exercem, com as condições de trabalho que lhe são proporcionadas, incluindo a remuneração, e até com o ambiente das relações interpessoais que se vive nesse contexto.
Face a esta perspetiva, pensemos. Sentimo-nos bem no nosso trabalho? O nosso trabalho possibilita-nos colocar em prática as nossas capacidades? O que é que está ao nosso alcance fazer para nos sentirmos melhor no local onde trabalhamos? Apesar destas questões, tenhamos a consciência de que o bem-estar e a satisfação podem ser influenciados pela atitude com que encaramos o trabalho e aquilo que está relacionado com ele. Por exemplo, a Joana de 24 anos é assistente social e trabalha há 2 anos numa instituição onde se encontra a contrato. Tem acesso a todas as ferramentas que necessita para trabalhar. Mantém boas relações com colegas e superiores, bem como com os clientes. Trabalha no terreno e gosta do que faz. Mas encontra alguns problemas: considera que recebe pouco para as suas funções e que há um estilo rígido na gestão da equipa. Tem ainda um excessivo volume de trabalho face às horas diárias que está na instituição. Muitas vezes a Joana fica frustrada com estas questões. Passou por um período de decisão sobre sair ou não deste emprego e decidiu ficar porque encontra sentido de utilidade social naquilo que faz e porque, no geral, sente satisfação e bem-estar no seu trabalho. Mas, para ficar a Joana decidiu mudar de atitude e em vez de ficar presa na frustração, resolveu falar com os coordenadores para melhorar os pontos negativos no funcionamento do local onde trabalha e sentir-se ainda melhor com aquilo que faz.
Infelizmente, nem todos os casos são como o da Joana e devemos estar atentos a sinais de mal-estar relacionados com o trabalho, pois são grandes os números de pessoas que se mantêm num trabalho e acabam por prejudicar a própria saúde, nomeadamente a saúde mental. Mas, se o nosso caso for mais semelhante ao da Joana, porque não mudar de atitude e fazer aquilo que está ao nosso alcance para ter maior bem-estar e satisfação no nosso trabalho? Fica a reflexão.
Paschoal, T., & Tamayo, A. (2008). Construção e validação da escala de bem-estar no trabalho. Avaliação Psicológica: Interamerican Journal of Psychological Assessment, 7(1), 11-22.