Crónica de Psicologia de Filipa Marques | O sono, uma necessidade vital
O sono, uma necessidade vital
O sono é um mecanismo vital do nosso corpo, essencial à nossa saúde e bem-estar. Infelizmente, muitas vezes é colocado como uma necessidade secundária e visto como menos importante do que as restantes tarefas ou atividades que temos de fazer no dia a dia.
Pois bem… Será assim tão secundário? Vejamos.
Nas crianças, o sono é essencial para um crescimento saudável e para um bom desenvolvimento físico e psicológico. Deve por isso, ser uma preocupação dos pais a quantidade e qualidade de horas de sono que as crianças dormem. A preparação para um sono reparador acontece mesmo antes de dormir. Como? Reduzindo ao máximo a exposição a ecrãs nos momentos antes de deitar, diminuindo o barulho e a agitação e tendo hábitos rotineiros quanto à hora de dormir. Isto permite à criança acalmar-se e entrar mais facilmente num estado que lhe permite descansar.
Ao longo do crescimento, a quantidade de horas de sono vai reduzindo, mas permanece a importância de dormir horas suficientes e com qualidade. Nos adultos, a privação do sono pode trazer consequências diretas como cansaço ao acordar, sonolência durante o dia, menos produtividade e humor alterado. Muitas destas consequências acontecem porque a sonolência lentifica as nossas respostas comportamentais aos estímulos exteriores. Por exemplo, se estivermos a conduzir com sono demoraremos mais tempo a fazer uma travagem repentina ou simplesmente a olhar pelos espelhos. Por este motivo, a privação do sono está largamente relacionada com a ocorrência de acidentes de viação.
Tanto nas crianças como nos adultos, a redução da quantidade e qualidade de sono leva a uma menor disponibilidade para a aprendizagem e ao comprometimento das capacidades de atenção e memória. Os conselhos para a preparação do sono das crianças são também válidos para os adultos. Gostava apenas de acrescentar que um dos piores inimigos do sono é a utilização do telemóvel quando já estamos na cama: para além da exposição à luz estimular a atividade cerebral, passamos a associar a cama a um local de lazer, em vez de ser um local de repouso como deveria. Por isso, quando vamos para a cama, podemos não ter imediatamente sono porque “o nosso cérebro acha” que vamos continuar em atividade em vez de irmos dormir.
Estes motivos e outros (ex. ansiedade, depressão) têm levado a uma maior ocorrência de perturbações do sono, como é o caso das insónias. Por isso, um número crescente de pessoas tem a necessidade de tomar medicação para conseguir dormir.
Não aprofundando em detalhe as perturbações do sono, gostaria que este artigo fosse lido numa ótica preventiva. Por isso, deixo a mensagem de que o sono é importante e não deve ser ignorada a necessidade de dormir. Dormir contribui para o bem-estar físico e psicológico em qualquer idade. Olhemos para a qualidade e quantidade do nosso sono – devemos ajustar-nos para melhorar o nosso sono e bem-estar?
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