“Estamos numa fase decrescente da epidemia, generalizada em todas as regiões de Portugal Continental e grupos etários, mas continuamos com uma incidência extremamente elevada”. André Peralta Santos, Diretor de Serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde (DGS)
De acordo com os peritos, a epidemia registou o seu pico a 29 de janeiro, com uma incidência cumulativa a 14 dias, de 1.669 casos por 100.000 habitantes.
No final da reunião desta manhã com os peritos no Infarmed, Marta Temido, Ministra da Saúde apresentou as 5 conclusões essenciais que sairam desta reunião.
A análise dos resultados do atual confinamento mostra que o mesmo está a produzir efeitos. A incidência de novos casos encontra-se a decrescer já há alguns dias e embora seja esperado que esta redução se venha a manter, “nada está adquirido”. Ainda que de uma forma mais lenta, também o número de internamentos e o de óbitos têm vindo a decrescer.
Quanto maior for a intensidade do confinamento mais rápida é a redução do risco efetivo de transmissão (rt) e isso pode verificar-se em dois momentos distintos, um deles a 15 de janeiro e o outro, mais intenso, a 21 janeiro, altura em que as medidas de confinamento foram agravadas e as escolas fecharam. O decréscimo do risco efetivo de transmissão foi mais acentuado a partir de 21 de janeiro e o rt, no período de 30 janeiro a 3 de fevereiro, embora variável entre as várias regiões do país, situa-se nos 0,82.
A ministra da Saúde referiu ainda, que o confinamento teve impacto nas estimativas que o Instituto nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge fez sobre a possibilidade de, nesta altura, a variante mais contagiosa do SARS-CoV-2 descoberta no Reino Unido atingir 60 por cento de prevalência, indicando que se conseguiu “reduzir a sua predominância”.
Portugal encontra-se num nível de incidência extremamente elevado, mas com tendência decrescente, é bastante evidente que “o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo”, disse Marta Temido. De acordo com a ministra, o confinamento irá manter-se até ao final de fevereiro e depois será “sujeito a uma avaliação, mas provavelmente prolongar-se-á por um período que os peritos também hoje estimaram como um confinamento de 60 dias a contar do seu início”. De acordo com os peritos, só um confinamento deste tipo é que nos permitirá atingir o objetivo de ter “uma ocupação de unidades de cuidados intensivos abaixo das 200 camas e uma incidência acumulada a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes”.
A confiança dos portugueses na vacinação está a aumentar e existe uma “intensão elevada” por parte da população portuguesa, em se vacinar. No entanto, o fato do “número de vacinas contratadas pela Comissão Europeia ser superior a aquele que nos está a chegar”, não irá permitir que a primeira fase de vacinação termine antes de 31 de março, como estava previsto, prolongando-se assim esta fase para o mês de abril.
Marta Temido afirmou ainda que Portugal, na presidência da União Europeia, dará “apoio à comissão para que os contratos realizados sejam cumpridos e as quantidades contratadas venham a ser entregues o mais brevemente possível”.
A ministra referiu ainda que terá de se alargar a testagem e a massificação da utilização de testes rápidos de antigénio, para que “em cada momento consigamos perceber qual é o estado de circulação da infeção na população”. De acordo com a ministra, o Ministério já pediu à DGS que reavalie os critérios para testagem de contactos com pessoas infetadas, no sentido de qualquer contacto, independentemente do risco, poder ter acesso a um teste.