A ministra da saúde fez hoje um balanço dos quase 120 dias de vacinação em Portugal. A sessão contou ainda com a presença da Diretora Geral da Saúde, do coordenador da task force e do presidente do Infarmed.
Foram já administradas cerca de 2,7 milhões de doses, o que significa que cerca de 20% da população já foi vacinada com pelo menos uma dose. Do universo de pessoas vacinadas destaca-se o grupo da população com mais de 80 anos, no qual, cerca de 91% das pessoas já estão vacinadas com uma dose e cerca de 58% com as duas doses. De acordo com a ministra da saúde, Marta Temido, estima-se que “até ao final de maio, ou até à 3.ª semana de maio, todas as pessoas com mais de 60 anos tenham pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19”.
Até ao momento chegaram a Portugal cerca de 2,9 milhões de doses de vacinas, vacinas aprovadas pela agência europeia do medicamento (EMA) e com processo de aquisição realizado pela Comissão Europeia. Aos 2,9 milhões de vacinas acrescem cerca de 31.200 doses da Janssen que aguardam análise da comissão técnica de vacinação.
O país vai agora entrar numa fase em que se estima uma maior disponibilidade de vacinas, sendo agora o principal desafio, a “fluidez e celeridade” do processo de administração das mesmas.
A diretora-geral da saúde, Graça Freitas, referiu que como entrámos agora na “fase da abundância”, uma vez que o “sistema está a permitir o fornecimento de vacinas em quantidade muito maior” será possível “alterar as propostas de vacinação e o plano de vacinação”.
Uma das alterações será a vacinação rápida por faixas etárias decrescentes e a outra, a passagem a prioritárias, das pessoas com: doença oncológica ativa (a fazer quimioterapia ou radioterapia), pessoas em situação de transplantação, pessoas com imunossupressão (entre elas pessoas com VIH ou sida), pessoas com doenças neurológicas (doenças neuromusculares, esclerose lateral amiotrófica e outras doenças do neurónio motor e a epilepsia refrataria), pessoas com doença mental (esquizofrenia ou outras doenças do foro psicológico grave), pessoas com grande obesidade (acima dos 35% de índice de massa corporal) e os diabéticos (os de tipo 2 serão vacinados pela sua faixa etária).
Depois da vacinação da faixa etária dos 60-69 anos vão começar a ser vacinados os doentes recuperados, iniciando pelos recuperados que tenham recuperado da doença há mais de 6 meses. Aos doentes recuperados da doença será administrada apenas uma dose da vacina.
O coordenador da task force para o plano de vacinação covid-19, Gouveia e Melo, referiu que “estamos numa fase de transição de um plano que foi feito de forma adaptativa”. Estamos a transitar de uma 1.ª fase em que “havia pouca disponibilidade de vacinas” para uma fase em que “há uma muito mais elevada disponibilização de vacinas o que é muito positivo para a nossa população” permitindo, assim, acelerar o plano de vacinação. O plano está a preparar-se para “enfrentar um novo desafio” que é “vacinar a população portuguesa a um ritmo muito elevado”, ritmo que dentro de “muito pouco tempo” será de cerca de 100 mil vacinas por dia, sete dias da semana, ao longo de cerca de 4 meses.
Gouveia e Melo refere que “não será uma tarefa fácil” acrescentando que “todas as experiências que foram feitas e todos os testes” (de lembrar que no fim de semana foi feito um processo de vacinação massivo que vacinou mais de 183 000 pessoas) e toda a preparação, indicam que “vamos ter sucesso nesse desígnio de fazer a vacinação muito rápida”, havendo disponibilidade de vacinas e confirmando-se a chegada das vacinas que estão previstas.
Em relação à vacina da AstraZeneca, está a avaliar-se “em maior detalhe toda a informação que foi recebida” de modo a poder “contextualiza-la com os níveis de risco relativamente ao impacto da covid-19” e no final desta semana será possível ter uma informação mais detalhada, que permitirá conhecer em maior detalhe a sua utilização nas diferentes faixas etárias.
Quanto à vacina da Janssen (com a qual, nos Estados Unidos, foram identificados 7 casos de coágulos sanguíneos em 7 milhões de aplicações) a EMA procedeu à primeira etapa de avaliação e “concluiu de uma forma inequívoca pela manutenção do beneficio/risco da vacina” ,estando a comissão técnica de vacinação “ainda a analisar e a rever as decisões da EMA para verificar se há ajustamentos a fazer na aplicação da vacina”.
Espera-se que até ao final de abril sejam entregues mais de 100.000 vacinas da Janssen e até final de junho iremos ter cerca de 1,7 milhões.
Rui Ivo deu ainda conta, de que a vacina da CureVac está em “avaliação continua”, pelo que a breve prazo se espera ter essa avaliação concluída. Está ainda em avaliação a vacina da Novavax.
A ministra da saúde anunciou que estar previsto que na próxima semana, o portal para autoagendamento da vacinação contra a covid-19 possa estar a funcionar.