Na última sessão da Assembleia Municipal de Torres Vedras, Nuno Rodrigues, Delegado de Saúde de Torres Vedras, fez o balanço da situação no concelho de Torres Vedras, desde a sua última participação na Assembleia Municipal, que ocorreu a 14 de dezembro.
Nuno Rodrigues definiu a situação dos dois últimos meses em Torres Vedras como “catastrófica”, tendo o concelho vivido uma pressão “tremenda” em todos os contextos.
Por sua vez, Carlos Bernardes, presidente do município, referiu que o concelho teve um conjunto de dias “altamente complexos na gestão e no controlo da pandemia, nomeadamente os dias 26 ,27, 28 e 29 de janeiro foram muito, muito críticos”.
O concelho viu o número de casos aumentar em mais de 200%, tendo triplicado, e o número de óbitos aumentado para 6 vezes mais.
Existiu no concelho uma forte disseminação do vírus por toda a população, “em todos os contextos possíveis e imaginários”, o que se refletiu no elevado número de óbitos e numa elevada carga de internamentos, muitas das pessoas foram sujeitas a cuidados intensivos, e como Hospital de Torres Vedras não tem resposta para estas situações, os doentes tiveram de ser sempre transportados para outros hospitais, embora a maioria tenha acabado por recuperar.
A partir de 2 janeiro deixou de ser possível dar resposta ao rastreio de contactos. Os rastreios de contactos, a que inicialmente era dada reposta a todo o inquérito epidemiológico em 48 horas, a partir de dia 2, em alguns casos foram precisos 10 dias para dar resposta a um caso identificado, significando que durante estes dias não existiram quebras de link nem de cadeias de transmissão, ocorreram então atrasos na realização de testes e de inquéritos e atrasos no isolamento de pessoas. Mas “cá estivemos para fazer a minimização de danos”, referiu Nuno Rodrigues.
Atualmente, a situação no concelho de Torres Vedras é estável já sendo possível dar resposta no próprio dia a todos os inquéritos que surgem [Delegado de Saúde de Torres Vedras]
O delegado de saúde mostrou-se descontente com o facto de neste confinamento não terem sido ouvidos os médicos de saúde pública. A nível local refere que existiu um conjunto de decisões e de pedidos por parte da sua equipa, aos quais nunca foi dada resposta.
O médico destacou o facto de:
- Ter sido sugerido o aumento da capacidade de testagem, tendo sido solicitada a abertura de um Drive-Thru com testes rápidos em Torres Vedras, sendo que a ARSLVT não respondeu a este pedido.
- Ter sido solicitado o reforço da capacidade de rastreio de contactos, com um projeto que estava já estabelecido desde novembro na ARS Norte, projeto que garantia uma capacidade imediata de resposta, sendo que a ARSLVT também não respondeu a este pedido.
Outra situação que não ajudou, relacionou-se com o facto de os militares que estavam no terreno a apoiar, e que receberam formação para a realização de inquéritos epidemiológicos, terem sido retirados no início de janeiro para o nível regional “certamente para haver uma melhor distribuição entre agrupamentos de centros de saúde” porque nem todos contavam com o apoio militar.
Atualmente, a situação no concelho de Torres Vedras é estável já sendo possível dar resposta no próprio dia a todos os inquéritos que surgem.
Nuno Rodrigues afirma que “assim como tínhamos solicitado que fosse feito um confinamento mais cedo, também nos parece que neste momento há condições para abrir mais cedo do que estão a dizer [finais de março]. A minha expectativa é que, de facto, pelo menos os níveis de ensino de educação, creches e jardins de infância possam reabrir o mais cedo possível”, tendo acrescentado ainda, que “se temos capacidade de resposta então poderemos, a meu ver, abrir”.
De salientar a iniciativa da Câmara de Torres Vedras, que ao contrário de outras câmaras da região, multiplica as reuniões da sua Assembleia Municipal e, em tempos de pandemia, incentiva o delegado de saúde do concelho, a participar, permitindo assim manter devidamente informados os decisores políticos, nomeadamente os deputados municipais, e também os cidadãos contribuintes que residem no concelho
A vacinação, decorre ao ritmo a que as vacinas, todas as vacinas vão sendo recebidas, sendo então rapidamente administradas.
Relativamente aos rastreios de contactos, e para a incidência existente, a situação é boa. A testagem tem vindo a ser aumentada (em janeiro, Torres Vedras foi o primeiro centro de saúde a utilizar testes rápidos em Lisboa e Vale do Tejo). Nuno Rodrigues refere existir atualmente a “capacidade e organização para aumentar tal, como está definido, tendo já sido iniciado o rastreio dos contactos de baixo risco”.
Tal como já existe no Concelho, para as escolas, a plataforma informática “Report Covid”, está a ser criada outra plataforma para empresas, na qual, as empresas terão de registar e comunicar o número de casos ativos, de modo que rapidamente sejam efetuadas testagens nessas empresas.
Nuno Rodrigues contou, durante estes meses com 20 pessoas destinadas ao rastreio de contactos, entre elas, médicos internos do ACES Oeste Sul, que se encontravam a estagiar em Torres Vedras, elementos da câmara municipal, elementos da sua equipa e outros médicos do Centro Hospitalar do Oeste. Criaram-ses 12 postos de trabalho no LAB Center de Torres Vedras, a partir do qual foram efetuados estes contactos.
Na opinião do Delegado de Saúde, as condições “ideais” para o desconfinamento, seriam “uma taxa de positividade inferior a 5%, uma taxa de incidência a 14 dias inferior a 240 casos por 100 mil habitantes e a capacidade de fazer o inquérito epidemiológico em menos de 24 horas”.
De acordo com o último relatório, o 22 de fevereiro, de 2021, às 23h59, o concelho de Torres Vedras tinha:
Casos confirmados: 5.335
Casos ativos: 194
Casos suspeitos: 105
Em vigilância ativa: 625
Casos recuperados: 4.978 (93,31%)
Óbitos: 163 (3,06%)
De salientar a iniciativa da Câmara de Torres Vedras, que ao contrário de outras câmaras da região, multiplica as reuniões da sua Assembleia Municipal e, em tempos de pandemia, incentiva o delegado de saúde do concelho, a participar, permitindo assim manter devidamente informados os decisores políticos, nomeadamente os deputados municipais, e também os cidadãos contribuintes que residem no concelho de Tores Vedras.
[imagem:CMTV]