Tal como tínhamos anunciado, o Rei do Carnaval de Torres Vedras abdicou do trono ao fim de 12 anos de reinado.
O JM falou com Ricardo Miranda, o “Rei”, sobre esta sua decisão.
O que o levou a “deixar” o reinado de 12 anos?
Tal como escrevi para um amigo: “Apesar da decisão parecer de ânimo leve, foi ponderada e os factores filhos no estrangeiro, férias, trabalho, bebé acabada de nascer e até o facto de viver em Carnaxide contribuíram para deixar a pasta para alguém com mais disponibilidade”, ou seja, o Carnaval exige e merece toda a disponibilidade que, neste momento da minha vida, não posso dispensar. Continuo a ter a mesma paixão pelo Carnaval e por esse motivo não me imagino a representá-lo sem poder estar a 100%.
Como chegou a rei do Carnaval mais Português de Portugal?
Cheguei a Rei a convite da antiga Rainha, Alfredo Reis, que ao abdicar após 20 anos, achou que tinha o perfil para a função. Foi uma surpresa pois não estava a imaginar os antigos Reis a saírem do seu posto (sendo o Rei o meu pai que também esteve 10 anos no trono) e que para mim eram uma referência. Como podem imaginar, foi com um grande orgulho que aceitei apesar de ter noção da responsabilidade que vinha com essa decisão.
Qual o balanço dos últimos 12 anos enquanto rei do Carnaval de Torres Vedras?
Em termos de balanço, penso que saltam à vista os números, estamos a falar de uma festa que atingiu cerca de 400000 participantes neste último ano e falo em participantes porque acho que tem sido essa a principal chave do sucesso: uma festa que envolve e convida todos a brincarem, associada a um modelo tradicional com momentos bem vincados, mantendo a festa autêntica e fiel à sua essência. Apesar de não ser a pessoa com mais anos de Carnaval, lembro-me do tempo em que a maior parte das pessoas que participavam eram torreenses, com o passar dos anos esse número foi ultrapassado por pessoas de fora do concelho, confirmando Torres Vedras como uma referência a nível nacional, e presentemente penso que já atingimos algum público estrangeiro. É um prazer fazer parte e contribuir de alguma forma para o seu sucesso deste nosso Carnaval.
Ricardo Miranda acrescentou ainda que “Apesar de falarmos em “deixar o trono”, vou continuar a viver o Carnaval como folião, vou continuar a riscar os dias no calendário até chegar o próximo, a combinar máscaras e a conviver com todos estes amigos que vão continuar a dar vida a esta tradição maravilhosa!!”.