Em novembro de 2016, o Município de Torres Vedras submeteu à Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) o pedido de inscrição do “Carnaval de Torres Vedras” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
A DGPC anunciou hoje, que se encontra aberta – desde dia 11 de janeiro – a consulta pública sobre o projeto de decisão de inscrição do “Carnaval de Torres Vedras” no referido Inventário Nacional. Esta consulta pública terá a duração de 30 dias.
Depois de terminado o período de consulta pública, a DGPC tomará uma decisão no prazo de 120 dias.
“O Carnaval de Torres Vedras consiste numa festividade, de cariz urbano, baseada num conjunto de manifestações sociais, performativas e rituais, que os seus detentores reconhecem como fazendo parte integrante do seu património cultural, sendo transmitida e recriada de geração em geração. O Carnaval é assim uma manifestação cultural protagonizada por toda a comunidade, independentemente da proveniência geográfica (meio urbano/rural), de género ou de idade, visto ser uma manifestação fortemente enraizada no seu referencial identitário coletivo.
Este carnaval apresenta, por um lado, características tipicamente urbanas, proveniente de uma elite local republicana e de um grupo social emergente comercial/industrial, que no início do séc. XX introduziu o corso, os carros alegóricos e as batalhas de flores ou os reis do Carnaval (os quais remontam aos modelos carnavalescos franceses e italianos). Por outro lado, apresenta simultaneamente algumas reminiscências do entrudo rural, designadamente a queima do entrudo na quarta-feira de cinzas.”
In candidatura do “Carnaval de Torres Vedras” ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
A candidatura destaca ainda 5 elementos do Carnaval de Torres Vedras:
1 – O rei e rainha do Carnaval e símbolos associados
Destaca-se a tradição da seleção de dois homens da comunidade para desempenharem o papel de rei e rainha do carnaval, assim como os seus símbolos, que persistem desde o início do século XX.
2 – A Existência de uma titulatura ou “dinastia” Régia
Associada à tradição dos reis do Carnaval, existe uma dinastia dos títulos dos reis, os quais mudam anualmente (mesmo que o reinado dure mais tempo). Os nomes são escolhidos satirizando os assuntos mediáticos contemporâneos.
A linhagem real teve início em 1923 (sem rainha) e a partir de 1924 (com rainha). Os primeiros representantes foram Álvaro André de Brito (rei) e Jaime Alves (rainha).
Matrafonas 1933
3 – A Matrafona como fenómeno social e coletivo
A tradição dos homens da comunidade se fantasiarem de matrafona (desde o início do séc. XX) configurando-se num fenómeno social coletivo e intergeracional que se traduz numa afirmação identitária da comunidade transmitida e veiculada de geração em geração.
4- O Ritual de chegada dos Reis à estação ferroviária e entrega das chaves
A Chegada dos reis/entronização, com partida na estação de caminho-de-ferro culminando na entrega das chaves aos reis pelo presidente da Câmara.
5 – O Envolvimento e participação da comunidade
Destaca-se o envolvimento da comunidade, na produção/reprodução da festa, quer pela forte participação das associações carnavalescas ou foliões na festa, quer pelo investimento canalizado pelos indivíduos na seleção/preparação ou aquisição da máscara/fantasia e reforço de redes de sociabilidade no seio dos grupos e comunidade.
[Imagens do processo de candidatura]