Contestação ao comandante leva 19 bombeiros a abandonar o serviço voluntário
A atual situação de desconforto e de contestação têm-se vindo a avolumar ao longo do tempo, opondo um grupo de bombeiros, alguns deles já com 30 anos de casa e ocupando cargos de chefia, ao seu comandante, Miguel Oliveira.
Fonte dos Bombeiros da Malveira contactada pelo Jornal de Mafra revelou que a situação, que agora se agudizou, já se vem a verificar ao longo dos últimos 5 anos, tendo levado ao abandono da corporação, “a conta-gotas”, por parte de um grupo de bombeiros que já totalizará pelo menos o mesmo número daqueles que tomaram na sexta feita passada, a decisão de abandonar os serviços ligados ao voluntariado.
Na base desta contestação estarão queixas reiteradas contra a atuação do Comandante Miguel Oliveira. Queixas que foram descritas ao Jornal de Mafra, como tendo-se agudizado a partir de 2017. Estas queixas relacionam-se sobretudo com alegadas ausências do comandante, que para além de comandar os efetivos da Malveira, é também oficial no Comando Nacional de Operações de Socorro (CNOS), em Lisboa, situação que o terá levado, segundo as nossas fontes, a descurar o serviço nos Bombeiros da Malveira.
Poderão ocorrer problemas de prontidão ao nível do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), bem como ao nível dos piquetes e das brigadas, dos serviços assegurados ao fim de semana e da prevenção em eventos culturais e desportivos
Miguel Oliveira é acusado de não ouvir os bombeiros quando toma decisões de caráter técnico e operacional, nomeadamente quando terá decidido a restruturação de uma viatura e a aquisição de outra, sem ouvir as chefias intermédias, “remetendo as chefias para um papel meramente secundário”. A título de exemplo, terão sido admitidos recentemente 9 bombeiros, sem que tenham passado “pelo crivo” das chefias. Refere-se também, que atualmente, não serão os chefes a dar formação aos novos bombeiros, não se respeitando sequer o protocolo estabelecido entre as 3 corporações de bombeiros do concelho (Mafra, Malveira e Ericeira), que remeteria essa tarefa para as chefias.
Neste diferendo há mesmo lugar para um caso passional. Segundo fontes dos Bombeiros da Malveira, o atual comandante da corporação manteria uma relação amorosa com uma bombeira oriunda dos bombeiros de Linda-a-Pastora, que terá sido admitida nos Bombeiros da Malveira há cerca de 3 meses, bombeira que o comandante quereria promover a oficial bombeira, ultrapassando assim na carreira, outros bombeiros da corporação.
Segundo fonte dos Bombeiros da Malveira, a estas queixas responderá o grupo ligado à atual gestão operacional dos bombeiros, acusando os bombeiros “revoltosos” de pretender ocupar o poder dentro do quartel, substituindo o atual comandante, por um dos chefes mais antigos, que também faz parte do grupo que abandonou o serviço voluntário.
Os bombeiros “revoltosos” negam a tese de assalto ao poder, assegurando que caso o atual comandante abandone funções, tudo voltará à normalidade
No entanto, os bombeiros “revoltosos” negam a tese de assalto ao poder, assegurando que caso o atual comandante abandone funções, tudo voltará à normalidade, voltando a assumir os serviços de voluntariado, assegurando mesmo que muitos dos bombeiros que abandonaram a corporação nos últimos 5 anos, poderiam regressar às fileiras.
O Jornal de Mafra contactou telefonicamente e por correio eletrónico, o senhor Presidente da Direção dos Bombeiros da Malveira, Vítor Manuel Ferreira Gomes, também Presidente da Junta da União de Freguesias da Malveira e S. Miguel de Alcainça, que nos assegurou ir responder ás questões por nós colocadas, ontem mesmo, logo após a reunião da direção dos bombeiros. No entanto, até ao momento, não nos chegou qualquer resposta às questões que colocamos, tendo recebido unicamente um email remetendo-nos para um comunicado genérico publicado nas redes sociais da corporação.
Assim, há poucos minutos, não respondendo a qualquer das perguntas formuladas pelo Jornal de Mafra, a Direção dos Bombeiros da Malveira publicou um comunicado nas redes sociais, onde se pode ler que “todos os serviços de alerta da nossa área de atuação se encontram assegurados”, contrariando assim informações que davam conta da possibilidade de, por via destas 19 demissões, virem a ocorrer problemas de prontidão ao nível do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), bem como ao nível dos piquetes e das brigadas, dos serviços assegurados ao fim de semana e da prevenção em eventos culturais e desportivos.
Como acontece com a generalidade das corporações de bombeiros do concelho, com especial incidência nos bombeiros da Malveira e de Mafra, a direção dos Bombeiros da Malveira não foge à regra e é integrada por muitas pessoas ligadas à vida política partidária do concelho. No caso dos Bombeiros da Malveira, o Presidente da Direção é também o Presidente eleito da Junta da União de Freguesias da Malveira e S. Miguel de Alcainça. Dos corpos gerentes faz parte o atual Presidente da Junta da União de Freguesias da Venda do Pinheiro e Sto. Estêvão das Galés. A atual direção é ainda integrada, nomeadamente, por Ricardo Miguel Duarte Cardoso (Vice-presidente), Gonçalo Gamboa, Bruno Albino, João Paulo do Rosário Ribeiro, todos militantes e/ou dirigentes ou ex-dirigentes da força política maioritária no concelho.
É assumir os laranjinhas podres vêem se aguentando à 40 anos