Encerra-se hoje o ciclo autárquico que teve início com as eleições de 29 de Setembro de 2013. Em 2017, os resultados mostraram-se por aqui em contra ciclo com o país, o que se reflectiu numa vitória retumbante do PSD Mafra, com a correspondente retumbante derrota das oposições.
Feita a contabilidade, realizada a necessária análise jornalística em cima dos resultados, reconhecido o carácter inequívoco da vitória do PSD, convinha ouvir os derrotados, conhecer as razões que cada um deles aduziu para esta derrota e conhecer o modo como perspectivam o futuro.
Foi isso que fizemos. Quisemos ouvir as três forças políticas da oposição com trabalho efectivo realizado no concelho durante a última legislatura autárquica. Quebrando, por uma vez, um princípio do Jornal de Mafra que passa por só fazer entrevistas presenciais, decidimos enviar as mesmas perguntas aos 3 partidos, PS, CDU e CDS-PP.
A CDU Mafra não se mostrou disponível para responder às questões enviadas pelo Jornal de Mafra dentro do prazo proposto. O CDS-PP e o PS responderam. Publicaremos de seguida estas duas entrevistas.
Esta é a entrevista do CDS-PP, com respostas a cargo de Mário de Sousa, coordenador autárquico da candidatura e candidato à presidência da Assembleia Municipal pela Coligação CDS-PP/PPM/MPT.
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1 – Os resultados da Coligação ‘Coragem de Fazer Mais’ em Mafra estiveram de acordo com aquilo que a coligação esperava desta eleição?
Francamente não. O panorama apresentava-se muito difícil; o PSD vinha de uma campanha de 4 anos, havia uma força nova, o PAN, do qual nada se conhecia e o BE desaparecido do cenário em Mafra reaparecia agora e em força. A CDU permanecia igual a si própria. Em contra ciclo com o panorama nacional, o PSD subiu desmesuradamente muito à custa do PS e do CDS, e o PAN sem dúvida foi buscar votos a todas as forças partidárias com maior incidência na CDU e no BE. Tínhamos como objetivo manter as nossas representações e acabámos por perde-las todas. Nesta altura o CDS vale em Mafra cerca de 2,2%, 2% abaixo da média nacional. A perda de mandatos e votos em termos nacionais foi bastante evidente mau grado as boas prestações em Lisboa e na Covilhã.
2 – Como é que se justificam estes resultados a partir de uma análise que tenha em consideração a realidade interna da coligação em Mafra e a conjuntura política do concelho?
Esperar que um eleitorado vote nas nossas propostas hoje em dia é quase como pensar em ganhar um qualquer prémio desses que estão na moda, mas algumas ilações muito importantes se podem tirar. Esta pergunta por si só daria um belíssimo ensaio de 2 ou 3 páginas mas porque isso não nos é concedido vamos tentar uma explicação sucinta para o fato.
A atuação dos Autarcas do CDS durante os quatro anos que se passaram foi muitíssimo ativa, assertiva e muito fundamentada, mas também muito circunscrita às Assembleias Municipal e de Freguesia. No entanto, e mau grado todo o trabalho desenvolvido, ele não chegou ao eleitorado; e porquê? porque os eleitores não vão às assembleias. Tirando os executivos, os vereadores os deputados municipais e os deputados à Assembleia de Junta, os eleitores não aparecem. Apenas meia dúzia por lá primam pela presença e, porque judiciosamente o tempo deles é no fim dos trabalhos, só dois ou três resistentes conseguem falar, mas já para ninguém.
Por outro lado, as Assembleias são anunciadas o mais silenciosamente possível o que leva a que, se existirem interessados, lhes seja muito difícil saberem do dia e da hora em que vão acontecer. Veja-se o caso da Junta de Mafra que, como forma de informar os fregueses se limita a colar na porta de entrada uma folha A4 com o anúncio. Se um freguês da Quinta das Pevides quiser assistir a uma Assembleia dificilmente terá a informação atempada. E se for fora da vila de Mafra nem desconfia de quando será. Maneiras de resolver as coisas? Se as Assembleias Municipais e de Junta têm de cumprir calendário oficial porque não serem marcadas todas em Janeiro e comunicadas num órgão de comunicação social local? e na rádio claro? Flutuantes seriam apenas as Assembleias extraordinárias.
Foi o desconhecimento absoluto por parte do nosso eleitorado sobre todo o nosso trabalho em prol do Município e da Junta de Mafra que o levou eventualmente a deslocar-se para outro partido que os terá presenteado com boas intenções e uma mão cheia de alcatrão e outra de nada. Foi pena, porque as nossas propostas eram válidas e iriam com certeza beneficiar muitos munícipes e fregueses. Por outro lado, o desinteresse total da comunicação social local pelas Assembleias também não ajuda a que Munícipes e Fregueses saibam ou sejam alertados para o que lá se passa. O que não se vê ou não se sabe não é valorizado.
3- Como é que se pode projectar o futuro a partir destes resultados? Que fazer?
Em política nunca se perde, ganha-se sempre. No fundo utiliza-se a velha máxima das ‘entrevistas curtas’ – isto hoje correu mal, lutámos mas a sorte não nos bafejou. Mas há que levantar a cabeça e pensar já no próximo jogo pois isso agora é que é importante’. No entanto não é assim que pensamos, pelo menos na totalidade. O CDS perdeu e perdeu porque não transmitiu a sua mensagem de uma forma que o eleitorado valorizasse. A análise que apresentamos na nossa resposta à pergunta 2 expressa bem a identificação da causa. Ora se conhecemos a causa será mais fácil durante os próximos 4 anos trabalharmos num sentido muito mais assertivo no que concerne a resultados. Para isso estamos a renovar a equipa, a renovar (permita-nos que não digamos ‘inovar’) a imagem e o mais importante a renovar os meios de comunicação e de trabalho.
Se fizermos bem aquilo que estamos a estruturar não temos dúvida que iremos recuperar o eleitorado perdido. Não há mal que não se acabe nem bem que sempre dure e por isso é com muita esperança no futuro que já arregaçamos as mangas e estamos a trabalhar. Brevemente Mafra começará a ouvir falar do CDS. Não temos dúvidas que falaremos para todos mas apenas muito poucos nos ouvirão mas também não duvidamos que as políticas de fachada mais tarde ou mais cedo abrirão fissuras. Cá estaremos então para com verdade e sinceridade nos apresentarmos a votos.