Quem é José José Alberto Maduro Cardoso, quem é o homem por trás do político?
Sou muito conhecido na Ericeira porque cheguei lá há cerca de 30 e tal anos e fui incumbido de uma tarefa que me obrigou a um contacto muito grande com toda a população. Essa tarefa foi a instalação de uma nova escola na Ericeira, a escola C+S da Ericeira, da qual fui presidente da comissão instaladora, onde fui depois director e também professor, actividades que me deram um grande contacto com toda a população. Para alem das artes, que se relacionam com a minha profissão, dediquei-me ao ensino, actividade onde exerci quase todos os cargos. Trabalhei também na reorganização e na gestão de importantes empresas de cerâmica que produziam, por exemplo, para a Vista Alegre. Voltei depois ao ensino, à minha escola na Ericeira, onde me reformei. Sou do Benfica desde os 3 anos de idade, fui ginasta do clube ainda muito jovem e fui mesmo à inauguração do antigo Estádio da Luz em 1953. Gosto de ler, gosto de cinema e de exposições de arte.
Sente-se mais professor, mais gestor, mais artista ou mais politico?
Tomei a decisão de, quando tivesse tempo disponível, dedicar-me mais à actividade política, nomeadamente quando estivesse reformado, coisa que acabei por fazer. Só não o tendo feito mais cedo por razões ligadas com a saúde do meu pai e da minha mãe, de quem, com a ajuda prestimosa da minha mulher, passei a ser cuidador, uma tarefa muito difícil e que nos limita muito. Entretanto, porque tenho agora mais tempo livre, decidi então dedicar-me mais à política
Que contributos é que a sua experiência enquanto gestor trouxe à sua vida política?
Deu-me a possibilidade de aplicar na prática alguma da teoria e isso é muito bom, pois podemos consolidar as teorias com base na prática. Mas não só a gestão, também, por exemplo a formação artística. Não vamos mais longe, por exemplo, no modo como decorámos este o centro de trabalho do PCP.
Que significado tem para a CDU a saída de Rogério Costa um seu militante de tantos anos e vereador na CMM?
Respeitamos uma decisão individual que a pessoa tomou num determinado momento, decisão que explicitou connosco, e que nós aceitámos, enquanto uma decisão pessoal. As pessoas têm a liberdade de mudar de opinião e nós respeitamos isso. Assim, esse é um assunto completamente encerrado, não sendo sequer tema das nossas reuniões.
Os acordos eleitorais à esquerda, aqui no concelho, estão na mira, ou estão absolutamente fora de questão?
A CDU é já uma coligação à esquerda, pois nas nossas listas temos militantes do Partido Comunista, militantes do Partido Ecologista Os Verdes, da Intervenção Democrática e temos independentes. Esta questão do acordo agora em vigor para o governo teve uma vantagem muito grande, deu à população a possibilidade de perceber que nas eleições legislativas não se elegeu um primeiro ministro, pois quem elege o primeiro ministro é a Assembleia da República. Ora, nas autarquias passa-se um pouco o mesmo, as eleições é que determinarão quem será eleito pelos partidos e pelas coligações concorrentes, sendo essa dinâmica que levará a uma análise da situação. Eu não posso antever o futuro antes de as eleições ocorrerem. Uma coisa a CDU já decidiu, as nossas tomadas de posição colocar-nos-ão ao lado dos trabalhadores, dos munícipes e dos cidadãos e tudo o que seja a favor deles poderá contar com o apoio da CDU, seja quem for que apresente essa proposta. Dou-lhe o exemplo concreto do passe intermodal, proposta apresentada na câmara pela CDU e que foi votada por unanimidade por todos os vereadores, apesar de o presidente se ter esquecido de referir que a proposta tinha sido da CDU. A ideia de que há actualmente no país uma coligação à esquerda é completamente falsa. O que há é um governo minoritário do PS que está a aplicar o seu programa de governo, sendo que a CDU, pontualmente, apoia determinados pontos que fazem parte do nosso programa, para melhorar a vida da população portuguesa.
Quais são as principais linhas do programa da CDU para as eleições autárquicas de Outubro?
O programa está ainda em fase final de elaboração e irá ter por tema “Um novo rumo para o concelho de Mafra” mas em termos de concretização de medidas, a CDU prefere deixar isso para o momento em que apresentaremos o programa publicamente.
Nota da redacção: cronologicamente, esta foi a primeira entrevista desta série que realizámos com os candidatos à presidência da Câmara Municipal de Mafra. A última questão que colocámos encontra-se hoje já respondida pela CDU, uma vez que o seu programa foi entretanto apresentado, tendo mesmo sido alvo de um artigo/reportagem no JM.