Ana Catarina Mendes, secretária Geral Adjunta do PS foi a figura nacional presente ontem na apresentação dos candidatos daquele partido às eleições autárquicas. As principais intervenções politicas estiveram a cargo daquela dirigente nacional, de Sérgio Santos, presidente da comissão política local, de Elísio Summavielle, candidato à presidência da assembleia Municipal e de Rogério Costa, ex vereador da CDU e actual candidato à presidência da Câmara de Mafra pelo partido socialista.
Ponto comum a todas as intervenções, as dificuldades que o PS tem vindo a encontrar para firmar as suas propostas no concelho de Mafra, transformando-as em votos, e depois em eleitos, nas várias estruturas do poder local desta autarquia dominada pelo PSD há quase 4 décadas.
“Em Mafra existem dois PSD’s, que gostam muito pouco um do outro, quase que se odeiam” [Elísio Summavielle]
Nesta campanha, o PS tem vindo a movimentar-se de um modo mais consistente, mais inovador e mais diferenciador em comparação com aquilo que ocorreu nas últimas autárquicas. A escolha do ex-vereador da CDU, Rogério Costa como candidato à câmara, constituirá uma aposta do PS no alargamento da sua base de votantes, a eleitores da “geringonça” situados à esquerda do PS. No entanto, tendo em conta o histórico das contendas eleitorais entre PSD e PS e as dificuldades que todas as forças da oposição sentem no concelho, se o PS, enquanto partido maioritário da oposição pretender aproximar-se significativamente do partido maioritário, terá de fazer muito mais durante os 4 anos entre eleições autárquicas. Terá de se entrosar mais no tecido social, cultural e associativo do concelho, terá de aprofundar a qualidade das suas propostas e terá de ser capaz de envolver muito mais gente, nomeadamente mais quadros, nas suas iniciativas politicas.
Os dois discursos deste evento – feito ao ar livre numa tarde de algum vento e de algum frio, contando com uma mobilização de militantes e de apoiantes bem superior àquela que o PS tem conseguido nos últimos anos – couberam a Elísio Summavielle e a Ana Catarina Mendes.
“É possível a mudança aqui em Mafra pois em democracia há sempre alternativa” [Ana Catarina Mendes]
Elísio Summavielle, actual presidente do Centro Cultural de Belém e candidato à presidência da câmara de Mafra em 2013, referiu-se ao exercício continuado do poder em Mafra pelo PSD, como “40 anos de monolitismo”, realçando, no entanto, alguns factos que reputou de positivos, nomeadamente a candidatura do palácio de Mafra a património da humanidade da UNESCO, fazendo notar o contributo do PS de Mafra para este desiderato. “Em Mafra existem dois PSD’s, que gostam muito pouco um do outro, quase que se odeiam” disse, referindo-se ao voto de pesar pela morte de Mário Soares, voto que foi rejeitado na Assembleia Municipal pelo voto de qualidade do seu presidente, José Bizarro. Segundo E. Summavielle, Mafra sofre de um “deficit democrático que terá de ser continuadamente combatido, são pessoas pouco habituadas a olhar para o outro, como um igual”, exigindo ainda que a assembleia municipal de Mafra se transforme no parlamento do concelho, que reúna mensalmente e que a liberdade de opinião possa ali ser expressa por todos os autarcas, inclusivamente pelos vereadores do executivo.
As próximas autárquicas são “uma oportunidade de dizer não ao garrote apertado a que temos estado sujeitos em resultado das sucessivas gestões PSD” [Rogério Costa]
Por seu lado, no seu discurso, Ana Catarina Mendes, secretária Geral Adjunta do PS, apostou na manutenção da maioria na Associação Nacional de Freguesias e de Municípios, antevendo “uma grande vitória do PS a nível nacional”. Apelou à diminuição da abstenção, o maior adversário do PS, disse, defendendo que a proibição de jogos no dia das eleições será um contributo nesse sentido, “tornando ainda mais estrondosa a derrota do PSD”. “É possível a mudança aqui em Mafra pois em democracia há sempre alternativa”, afirmou a dado passo, mostrando um optimismo que só lhe fica bem, mas que estará muito longe da realidade do concelho. A finalizar, disse ser” possível termos o Rogério Costa como presidente da câmara aqui em Mafra”.
Rogério Costa fechou as intervenções do evento. Num discurso prejudicado pelo vento e pelo frio que se fazia sentir, pela noite que entretanto desceu sobre o largo, pelo facto de o púlpito não dispor de iluminação para o papel onde o discurso foi vertido, pela extensão do seu discurso e pelo seu tom, menos adaptado à circunstância, Rogério Costa afirmou a vontade de “pedra a pedra, construir um futuro mais risonho, mais transparente e mais justo para o nosso concelho e para as nossas gentes, superando as adversidades e a penumbra que nos tem sido imposta há décadas pela governação municipal do PSD”, disse ainda que as próximas autárquicas “constituirão mais uma oportunidade de dizer não ao garrote apertado a que temos estado sujeitos em resultado das sucessivas gestões PSD”.