Área Marinha de Cascais, Mafra e Sintra com organismos marinhos de grande importância ecológica, comercial e de conservação
Em outubro do ano passado realizou-se a Expedição Oceano Azul Cascais/Mafra/Sintra.
Ao longo de 12 dias, 58 investigadores de sete instituições, levaram a cabo uma expedição cujo objetivo era estudar a vida marinha destes três territórios, Cascais, Mafra e Sintra (ver artigo do Jornal de Mafra).
Durante a expedição percorrweam-se cerca de 43.000 m2 com drones, entre o Cabo Raso (Cascais), Praia do Magoito (Sintra) e Praia da Empa (Mafra).
Expedição Oceano Azul Cascais/Mafra/Sintra
Um ano depois já se conhece o relatório desta expedição científica liderada pela Fundação Oceano Azul.
Para inventariar e investigar o “fundo do mar” foram utilizadas drones, câmaras de vídeo com dispositivos iscados (atraem as espécies mais difíceis de observar em mergulho), as BRUV (Baited Remote Underwater Video) operadas a partir de embarcações da pesca profissional e um veículo operado remotamente (ROV).
O relatório refere que a expedição permitiu reunir um conjunto de dados biológicos e ecológicos – foram inventariadas cerca de 200 espécies, sendo 56 espécies de algas, 111 de invertebrados e 22 de peixes – que são “um contributo substantivo para o conhecimento sobre os habitats e espécies marinhas desta zona costeira”.
56 espécies de peixes
Entre as 56 espécies de peixes detetadas as mais frequentes são a garoupa, o sargo-safia e o carapau, que ocorreram maioritariamente nos substratos rochosos, já nos ‘habitats’ móveis, as espécies mais comuns foram o carapau, o sargo-safia e o tubarão pata-roxa. Nos peixes ósseos, o destaque vai para o besugo, o salmonete, a abrótea e o peixe-galo. Quanto às espécies de interesse comercial, o destaque vai para o sargo, o carapau, o lírio, a cavala, e o atum.
Foram ainda registadas várias espécies classificadas pela IUCN (International Union for the Conservation of Nature):
- Raia, com estatuto de “quase ameaçada”
- Cação, com estatuto de “em perigo”
- Besugo, com estatuto de “quase ameaçado”
Nos invertebrados, foram identificadas espécies com elevado interesse económico, como a navalheira, o polvo-comum, o choco e a lula.
O relatório refere ainda, que “entre as 10 espécies com maior biomassa na área de estudo, destacam-se as que formam cardumes, como atum, lírio, carapau, sargo, canário-do-mar e judia, e alguns predadores de topo demersais e bentónicos de hábitos solitários (‘Conger conger’, ‘Scyliorhinus canicula’, ‘Serranus cabrilla’)”.
Potenciais “jardins de corais”
A futura área marinha de Cascais, Sintra e Mafra apresenta espécies que podem formar “jardins de corais”, sobretudo as gorgónias como a ‘Eunicella verrucosa’ (classificada como uma espécie vulnerável pela IUCN) e ‘Leptogorgias.
Foram ainda registos indivíduos de espécies, como o golfinho-comum, o biqueirão, a sarda, um crustáceo decápode e o tubarão azul.
Das imersões efetuadas nas zonas do Cabo da Roca, Baía de Cascais e Montanha de Camões resultaram a identificação de cinco ‘habitats’ prioritários, no que respeita à proteção conforme a Diretiva Europeia Habitats, Convenção OSPAR (mecanismo para proteger o ambiente marinho do Atlântico Nordeste) e legislação portuguesa, são eles: “Recifes de Sabellaria”, “Florestas de Laminárias”, “Comunidades mistas de esponjas e corais”, “Comunidades mistas de esponjas e gorgónias” e “Jardim de gorgónias”.
Durante a expedição foram também realizadas amostragens às aves e mamíferos marinhos, tendo sido observadas de 20 espécies de aves marinhas distintas.
“Na sequência da Expedição Oceano Azul – Cascais, Mafra, Sintra foram identificadas algumas centenas de espécies de organismos marinhos, entre as quais algumas com grande importância ecológica, comercial ou para a conservação. Foram também registados uma grande diversidade de habitats, alguns dos quais classificados como tendo interesse para a conservação a nível internacional”, refere o referido relatório.
Futura área marinha protegida dos concelhos de Cascais, Mafra e Sintra
Na futura área marinha protegida dos concelhos de Cascais, Mafra e Sintra foram identificados “importantes povoamentos biológicos” e “importantes valores naturais” e espécies e habitats que merecem ser conservados numa área marinha protegida.
Assinale-se hoje, 16 de novembro, o Dia Nacional do Mar.
[Imagens: Fundação Oceano Azul]