A Ermida de São Julião em dia de São Julião [Imagens]

 

Assinala-se hoje o Dia de São Julião e nada melhor do que revisitar a Ermida de São Julião localizada na freguesia da Carvoeira, no concelho de Mafra.

A Ermida está implantada num local relativamente isolado, sendo uma ermida rural de pequena dimensão e de feição rústica, construída no século XVIII, no local de um possível ermitério quinhentista.

É de planta poligonal, conseguida pela articulação axial de três pequenos corpos retangulares correspondentes à galilé, à nave e à capela-mor.

Descrição:
Ermida rural de pequena dimensão e feição rústica, construída no século 18 no local de um possível ermitério quinhentista. Apresenta uma planta poligonal, conseguida pela articulação axial de três pequenos corpos retangulares, correspondentes à galilé, à nave única e à capela-mor profunda, mais estreita, com sacristia adossada à esquerda. Fachadas rebocadas e caiadas de branco, e, à exceção das fachadas da galilé, percorridas por faixa azul e flanqueadas por cunhais pintados da mesma cor, todas rematadas em friso e cornija. A fachada principal, orientada a sudoeste apresenta no cunhal do lado direito um relógio de sol cúbico. O interior da galilé apresenta um revestimento murário a painéis de azulejo policromos, neoclássicos, da segunda metade de Setecentos, representando motivos vegetalistas, sob moldura de cercadura azul e sobre alto rodapé de esponjados, com almofadas marmoreadas a amarelo e rosetões centrais. Na parede nascente, fachada principal da ermida, envolvido na decoração azulejar encontra-se o portal de acesso à nave, em cuja verga se encontra inscrita a data da campanha construtiva (1758) e, ao centro um emblema formado por uma coroa, atravessada por uma palma e uma espada. Por cima, uma cartela em azulejo exibe a figuração dos patronos da ermida, São Julião e Santa Basilissa.
Na nave encontra-se um púlpito de madeira e o coro, assente sobre mísulas de cantaria.

Época Construção: Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor: Desconhecido

Materiais: Estrutura em alvenaria mista; pilastras, pavimento, relógio de sol, canteiros, banco da galilé, modinaturas, mísulas, lavabo da sacristia, bacia do púlpito, colunelos em cantaria de calcário; coberturas internas, portas, arcaz da sacristia, confessionário, postigos, coro-alto, guarda do púlpito, escadas em madeira; gradeamentos e lemes de ferro; revestimento das paredes interiores em azulejo; retábulo-mor em talha policroma; coberturas exteriores em telha; janelas com vidro simples.

Protecção:  Imóvel de Interesse Público desde 06 dezembro 1958
(DOF: Ermida de São Julião recheio de azulejos e o cruzeiro anexo; )

Enquadramento: Urbano, destacado, adossado. Localizada no cimo da falésia, a norte da praia de São Julião, no fundo de um terreiro delimitado pelas edificações outrora destinadas a acolher peregrinos, ao centro do qual existe, sobre um soco de dois degraus de betão, uma placa com inscrição de feitura recente: “LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA PARA O CRUZEIRO DE 1794 IGUAL AO DA SERRA DE SÃO JULIÃO COM A PRESENÇA DO GOVERNADOR CIVIL DE LISBOA E PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MAFRA 21-06-86”. Frente à fachada principal, a ocidente, junto ao muro de delimitação da falésia encontra-se, sobre soco de três degraus, um cruzeiro em calcário. Junto à fachada lateral esquerda, adossadas ao corpo da sacristia, encontram-se duas pequenas casas de habitação. A fachada posterior da ermida confronta com algumas pequenas edificações, numa das quais se encontra uma placa com a inscrição “CAZA DOS LEILOIS DE SÃO JULIAM 1785”. Nas proximidades localizam-se, a sul, junto à praia, a Colónia de Férias de São Julião (v. IPA.00021151) e, a meia encosta, a Fonte de São Julião (v. IPA.00025449).

Utilização:
Inicial
: Religiosa: capela / ermida
Actual: Religiosa: capela / ermida

Propriedade:
Privada: Igreja Católica

Intervenção Realizada
LIGA DOS AMIGOS DE SÃO JULIÃO: 1983 – restauro da capela; 1984 – obras de beneficiação da ermida; 1995 – substituição da porta exterior da capela; substituição de tecto em dependências anexas.

 

Curiosidades:

30 julho de 1765 morreu no Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Ericeira, João Fernandes, ermitão de São Julião que deixou ao seu sucessor Manuel Teixeira o capote de ourelo. João Fernandes deixou ainda 20.000 reais para o frontal e vestimento da capela de São Julião e 18.000 reais para lajear a ermida e adquirir para a mesma ornamento roxo.

Na noite de 26 para 27 abril de 1784 a ermida foi assaltada, tendo sido arrombados dois cofres com esmolas, que desaparecem, desapareceu também uma banqueta de metal branco e dourado que estava sobre o altar, avaliada em 9.000 réis e uma toalha de linho que se encontrava no sacrário da sacristia, orçada em 500 réis.

Em 1961 a ermida ameaçava ruína, apresentava falta de barrotes e telhas apoiadas em ripas já podres, as infiltrações de água punham em risco os painéis de azulejos e as paredes exteriores estavam carcomidas deixando ver o aparelho.

Em 1995 realizaram-se obras de conservação na capela com substituição da porta exterior da capela e do teto em dependências anexas.

[Fonte e fotos: DGPC]

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