Jornal de Mafra – Que reflexos teve/tem a pandemia na programação e na gestão financeira do CCB?
Elísio Summavielle – A pandemia trouxe um prejuízo grande à atividade do CCB, não só devido aos cancelamentos que tivemos de fazer na programação de 2019, mas também devido à sucessão de cancelamentos e de reagendamentos provocados quer pela presidência europeia, que tivemos aqui durante seis meses, quer pelos reflexos da pandemia a nível europeu, que provocou adiamentos e alterações, foi um puzzle muito complicado de gerir.
Com prudência retomamos agora a programação, a que denominámos “destemporada“, pretendendo-se que seja o caminho para uma normalidade, que espero se instale já no final deste ano, princípio do próximo.
É certo que houve um prejuízo. Embora haja uma subvenção fixa anual que o Estado dá à Fundação CCB, na verdade são as receitas da atividade comercial, como foi o caso do aluguer do Módulo 1 à Presidência Europeia, ou os congressos e outras atividades, que nos permitem ter uma programação cultural com alguma sustentabilidade. Os preços dos espetáculos são preços sociais, é para isso que o Estado nos dá a subvenção, sendo a diferença coberta pelas receitas da atividade comercial.
Agora que se encerrou a presidência portuguesa é necessário encontrar clientes que procurem as nossas magníficas instalações para fazer os seus encontros e os seus congressos.
A pandemia relevou a importância da vida cultural e da oferta lhe está subjacente
Jornal de Mafra – O projeto do hotel viu a sua calendarização reprogramada?
Elísio Summavielle – Sim, a fase negocial coincidiu com o início da pandemia e dos sucessivos confinamentos, inviabilizando as negociações.
Em 2019, quando lançámos o concurso internacional, o quadro económico era bem diferente, assim, haverá que retomar o processo concursal com uma formulação mais adequada, adaptando o caderno de encargos ao processo de retoma económica. No entanto, o trabalho mais importante está feito, aquele que se relacionou com a legalização dos terrenos – uma autêntica via-sacra que durou quase três anos – permitindo que, ao fim de 30 anos, se conclua finalmente o projeto de Vittorio Gregotti.
Jornal de Mafra – Para quando está previsto o início das obras?
Elísio Summavielle – Espero que o procedimento seja retomado ainda este ano e que no próximo ano possa ser assinado o contrato, seguindo-se a fase de projeto, de sondagens e de licenciamentos, e assim, se tudo correr muito bem, em finais de 2023, início de 2024, deverá ter início a fase de construção.
Jornal de Mafra – Como é olha para os efeitos que esta pandemia poderá vir a ter na alteração dos hábitos culturais do público no que respeita à fruição cultural?
Elísio Summavielle – Creio que esses reflexos serão positivos. As pessoas sentem a necessidade de vir a espetáculos e de fruir a vida cultural. Fica claro, no entanto, que entrámos numa nova realidade que pode ter aspetos interessantes do ponto de vista económico, refiro-me à realização de espetáculos em streaming, que também fizemos no CCB, e muita gente, em casa, pagou o seu 1,5 € para ver os espetáculos e as conferências do CCB.
Mas, na verdade, não há nada como um espetáculo ao vivo. As pessoas, apesar das restrições impostas pela pandemia, têm acorrido aos nossos espetáculos, estando muitos deles esgotados, mostrando que a pandemia relevou a importância da vida cultural e da oferta lhe está subjacente.
Jornal de Mafra – Espera que ultrapassada a pandemia, as coisas voltem ao que eram?
Elísio Summavielle – Sim, as coisas voltarão a ser como eram e talvez com maior procura. Espero não me enganar, mas penso que a cultura ficou mais entendida, e espero que também politicamente, como uma necessidade vital dos cidadãos. Acredito francamente na retoma. Oxalá.
São dois mandatos, o segundo dos quais será concluído em março de 2022. A missão a que me propus cumpriu os seus objetivos
Jornal de Mafra – Este edifício serve atualmente duas entidades, o CCB e a Fundação Berardo, como tem corrido a relação entre as duas entidades?
Elísio Summavielle – O Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém é atualmente gerido pela Fundação de Arte Moderna e Contemporânea — Coleção Berardo, uma fundação mista, composta pela parte José Berardo, pelo Estado e pela Fundação CCB, a partir de um protocolo de 2006, assinado entre as duas entidades e a Fundação CCB.
O protocolo foi revisto em 2016 e terá o seu termo no final do próximo ano. Os últimos acontecimentos têm ocorrido em catadupa mediática, e não sabemos nem adivinhamos, neste momento, como é que as coisas se irão passar, é natural, mas interessa que a vida continue, num museu muito visitado, e que tem reconhecidamente uma boa equipa técnica. É um espaço expositivo único no país, que deverá sempre exigir ambição, com condições de excelência para exibir grandes exposições, grandes formatos, e albergando simultaneamente uma coleção de referência internacional, a Coleção Berardo.
Jornal de Mafra – Que balanço faz destes cinco anos à frente do CCB? Que desafios se colocam para o futuro?
Elísio Summavielle – São dois mandatos, o segundo dos quais será concluído em março de 2022. A missão a que me propus cumpriu os seus objetivos. Atingir um importantíssimo reequilíbrio financeiro, garantir alguma estabilidade, abrir a porta de uma melhor sustentabilidade futura com a conclusão do projeto Gregotti, uma maior e melhor oferta cultural para os cidadãos. O futuro está lançado, tenho uma perspetiva otimista quanto ao futuro desta instituição. Oxalá.
Jornal de Mafra – Em que é que o CCB poderá ir mais além?
Elísio Summavielle – No tempo da “troica”, por razões, algumas pertinentes, outras menos pertinentes, a Lei Quadro das Fundações foi revista, ora sendo o CCB uma fundação pública de direito privado, vemo-nos obrigados a cumprir todas as regras e procedimentos da contratação pública, aumentando assim a carga burocrática, mas a receita anual não é superior à subvenção anual atribuída pelo Estado. Passando a receita a ser superior à subvenção, passaremos a ter autonomia financeira e administrativa e sairemos do espartilho da Lei Quadro das Fundações. Do meu ponto de vista, isso só será possível com a construção dos módulos 4 e 5 do CCB.
Confesso nunca ter sido um grande adepto da instalação do Museu Nacional da Música em Mafra
Por muito bom que o ano seja em termos de receita, como ocorreu o ano de 2019, não conseguimos ultrapassar a subvenção fixa anual atribuída pelo Estado, a qual, diga-se, não chega a cobrir as despesas de funcionamento desta casa. Temos 153 trabalhadores, uma conta de eletricidade muito pesada, água, limpeza, segurança e vigilância, ficando a oferta cultural muito dependente da receita comercial, num equilíbrio sempre muito difícil de alcançar.
Jornal de Mafra – Tem uma ligação especial ao concelho de Mafra. Como olha para o reconhecimento do Palácio e da Tapada de Mafra como património da UNESCO?
Elísio Summavielle – Com uma grande alegria. Enquanto fui vereador e funcionário da Direção-Geral do Património Cultural – que é a minha casa de origem e à qual voltarei quando sair do CCB – foi muito bom ver alcançado esse objetivo, da inscrição do Convento e da Tapada na UNESCO, como Património da Humanidade.
Sem falsa modéstia, enquanto vereador creio ter dado um contributo importante para isso acontecer. Penso também que foi valioso o contributo dado pela equipa técnica, e aqui, não é demais sublinhar o papel de alguns técnicos de excelência, como foi o caso do arquiteto Luís Pinho Lopes. Diria mesmo, que seria bonito que o Município de Mafra reconhecesse mérito a essa equipa que trabalhou junto da Comissão Nacional da UNESCO e da própria UNESCO, para concluir um dossier de candidatura que estava “um molho de brócolos” há mais de uma década, e que possível concluir num tempo recorde.
Foi um sucesso muito importante para Mafra, para o concelho, mas é também para o país e para a humanidade. Temos de sair da nossas “capelinhas” e dar a importância devida, a nível nacional, a uma classificação deste género. Espero que haja desenvolvimentos e que o plano de gestão aprovado pela UNESCO seja realmente implementado e tenha o sucesso que se deseja.
O deficit democrático, expressão que se utilizou na Madeira a propósito de Alberto João Jardim, também se pode aplicar a Mafra, onde se observa o mesmo tipo de ligações familiares e políticas de cartelização
Jornal de Mafra – Definir Mafra como um concelho que deve fundar o seu desenvolvimento na música, no palácio e no surf é o caminho certo?
Elísio Summavielle – Mafra tem um potencial que vai muito para além da música e muito para além do surf. Mafra é um território com uma natureza fantástica, com contratastes que conferem muita riqueza e identidade ao concelho.
Já em 2013 quando me candidatei à Câmara de Mafra e lancei o Fórum Mafra, onde mobilizámos muita massa crítica para pensar o concelho tocámos diversos temas incluindo o surf, no caso, com o meu querido amigo Pedro Adão e Silva, um praticante exímio e um conhecedor de surf. Mas a esta distância, o ordenamento do surf está ainda por fazer. A questão das escolas, a ocupação das praias, alguma desorganização e falta de ordenamento no surf, a necessidade de cuidar das praias e permitir às pessoas nadar livremente sem ficarem em risco de levar com uma prancha, são tudo questões a precisar de soluções. Promover não chega quando falta o resto.
Quanto à música, confesso nunca ter sido um grande adepto da instalação do Museu Nacional da Música em Mafra. Na altura, enquanto vereador, abstive-me. Penso que há economias a ter em conta num monumento com as caraterísticas do Convento de Mafra.
O edifício tem fortes contrastes de temperatura e de humidade, implicando a instalação ali de coleções de excelência, como é o caso da coleção Lambertini do Museu Nacional da Música, um consumo enorme de energia, uma sofisticação complexa de meios técnicos e um investimento, que do meu ponto de vista pessoal, admitindo posições contrárias, não se justificaria.
Continuo a defender a instalação do Arquivo Nacional do Som em Mafra, aí sim, Mafra poderia ser a “Torre do Tombo” do património sonoro, atraindo muitos investigadores e muitas teses à volta de todo um mundo de temas.
A minha atividade política em Mafra é um capítulo encerrado
O Museu da Música é uma mais-valia, mas não acrescentará muito mais do que o património da humanidade já acrescentou.
De qualquer forma, manda quem pode e este está a ser o caminho, as obras estarão já em curso, haverá portanto que instalar o museu e tentar promovê-lo bem, mantê-lo, e torna-lo minimamente sustentável.
Jornal de Mafra – Tem acompanhado a realidade política de Mafra? Que apreciação faz dos mandatos de Hélder Silva à frente do concelho?
Elísio Summavielle – Acompanho, embora com alguma distância crítica.
Houve algumas coisas que sob o meu ponto de vista foram estruturantes, como foi o caso da revisão do PDM. A reorganização do território, num novo PDM substituindo outro que era excessivamente vago, permitindo os grandes atentados que se cometeram, tornou mais difícil continuar nessa senda. A reorganização do PDM, para a qual dei algum contributo, mesmo com alguma oposição do meu partido – nunca fui disciplinado nesse aspeto – foi um passo muito importante para o concelho.
A câmara deu também um importante contributo para a entrada do Convento de Mafra no património da UNESCO, enfim, não tenho uma apreciação negativa da gestão do concelho nestes dois mandatos.
Mas há problemas que subsistem. Por exemplo, o deficit democrático, expressão que se utilizou na Madeira a propósito de Alberto João Jardim, também se pode aplicar a Mafra, onde se observa o mesmo tipo de ligações familiares e políticas de cartelização.
Há que admitir que o partido hegemónico em Mafra, o PSD, tem quadros, algo que infelizmente não acontece no meu partido. Na verdade, no quadro político atual e no futuro mais próximo, não vejo grandes perspetivas de mudança no concelho.
Tenho planos, tenho planos a curto prazo, quando a minha missão no CCB terminar, o que acontecerá já no próximo ano
Jornal de Mafra – Tem conversado regularmente com Hélder Silva?
Elísio Summavielle – Não. Vemos-mos ocasionalmente na Ericeira, temos uma boa relação, uma relação cordial e de grande simpatia, mas não temos conspirado, não há nada de conspirações conjuntas.
A minha atividade política em Mafra é um capítulo encerrado. Ainda fui candidato à Assembleia Municipal nas últimas autárquicas, com o saudoso Rogério Costa à frente lista do PS à Câmara Municipal, um homem bom, um homem generoso, que apoiei, mas neste momento não tenho qualquer ligação à política em Mafra.
Jornal de Mafra – Já desempenhou funções na área governativa. Se o primeiro ministro o convidasse para o governo, ponderaria o convite?
Elísio Summavielle – Não faz parte dos meus planos. Desde logo, não acredito que o senhor Primeiro Ministro me convidasse para o governo, mas se convidasse, esse é um caminho que neste momento não faz mesmo parte dos meus planos.
Aquilo que mais quero é ter liberdade para expressar aquilo que eu penso.
Jornal de Mafra – Nem concorrer às autárquicas de 2025?
Elísio Summavielle – A nossa esperança de vida é cada vez maior. Mário Soares concorreu à Presidência da República com 81 anos, e na vida aprendi a nunca dizer nunca, mas não está no meu cenário.
Tenho planos, tenho planos a curto prazo, quando a minha missão no CCB terminar, o que acontecerá já no próximo ano. Tenho projetos pessoais, ao fim de quarenta e tal anos de vida pública e de serviço público, quero ter liberdade para fazer aquilo que “me der na real gana” e isso passará também pela política, até porque eu nasci e vivi na política desde que me conheço. Mas é outra política.
Jornal de Mafra – Tem acompanhado a política autárquica em Mafra? Como é que olha para a atividade aí desenvolvida pelo seu partido, o PS?
Elísio Summavielle – Não, não tenho.
Jornal de Mafra – Que olhar lança sobre o panorama da comunicação social no concelho de Mafra?
Elísio Summavielle – Tenho de fazer um elogio ao Jornal de Mafra, por ser um símbolo de resistência e de resiliência, por ainda existir, com todas as contrariedades e no quadro de um deficit democrático que infelizmente ainda se verifica no concelho de Mafra, ao nível da expressão da opinião e da comunicação social.
Gostava de lançar um apelo à constituição de massa crítica no concelho. Um apelo a que as pessoas não se conformem com pequenas agendas, com as pequenas coisas do dia a dia e tentem ver um pouco mais longe projetando no futuro as relações entre a sociedade e a política.
Há por aqui gente que foi “amarfanhada” por 300 anos de Santo Ofício e de inquisição e por 48 anos de PIDE, gente que sente o medo da mudança, reagindo sempre à contemporaneidade e que coloca em causa a questão sagrada da liberdade
A pandemia excitou um estado que era já latente, mas a nossa democracia, tal como muitas das outras democracias, está a passar por um período de estagnação e de crise, e não me refiro à emergência dos populismos.
Jornal de Mafra – Refere-se à emergência da cidadania?
Elísio Summavielle – A emergência da cidadania é necessária, mas sem diabolizar fenómenos como a emergência dos populismos, os quais se podem explicar pelas debilidades do sistema.
Não diabolizo o Chega, esse partido é a consequência de alguma coisa que falhou e embora não tenha a importância que muitos lhe atribuem, até porque me lembro bem de muitas gente reconhecidamente salazarista e de direita autoritária, que em 25 de abril de 74 se acantonou nos partidos ditos de direita, no PSD e no CDS, e até, curiosamente, no PS. Neste momento, essa gente tem um sítio para se acantonar, e são os tais 10% que sempre houve, até nos tempos mais desesperados da ditadura lembro-me do meu avô dizer, “este Salazar é tão tacanho, que se fizesse eleições livres, até era capaz de as ganhar”.
Há por aqui gente que foi “amarfanhada” por 300 anos de Santo Ofício e de inquisição e por 48 anos de PIDE, gente que sente o medo da mudança, reagindo sempre à contemporaneidade e que coloca em causa a questão sagrada da liberdade.
Quando a liberdade, seja a liberdade política, seja a liberdade individual é posta em causa por formas ínvias e iniquas, é a democracia que acabará por ficar em causa.
Se o atual quadro partidário não funcionar bem, mude-se o quadro partidário, se a lei eleitoral mostrar comprovadamente que não funciona bem, mude-se a lei eleitoral, se o sistema não funciona, reforme-se, faça-se com que funcione, mas envolvam-se sempre as pessoas. Os protagonistas políticos não de podem é afastar-se de quem os elege, porque quanto mais essa distância aumenta, mais complicado se torna o futuro.
Jornal de Mafra – O tema das touradas é manifestamente um tema polémico, sendo que este é um espetáculo que lhe é muito grado. Como é que surgiu esse gosto pela tauromaquia? O que o atrai nesse espetáculo?
Elísio Summavielle – O espetáculo é o culminar de um processo longo com o envolvimento de pessoas e de comunidades.
É fácil entender, sou neto de um ribatejano. O meu velho avô Luís, natural da Moita, a quem se deve a construção da praça de toiros da localidade, um velho republicano que foi preso várias vezes durante o período da ditadura, levava-me às festas da Moita, desde que me conheço.
Gosto da festa desde muito pequeno e entendo perfeitamente toda a cultura envolvida, a qual é, para mim, um património cultural importantíssimo e identitário sobretudo em duas regiões do país, o Ribatejo e o Alentejo, não esquecendo a ilha Terceira, bem como em todo o planalto de Castela e na Andaluzia, em Espanha. Numa península que se mostrou menos permeável às grandes invasões que ocorreram em Itália e a Grécia durante toda a Idade Média e na Idade Moderna, sobreviveu uma espécie animal, o toiro bravo, uma espécie que se manteve e que alimentou toda uma arte popular que chegou até aos dias de hoje.
Quer do ponto de vista do aficionado, como é o meu caso, quer do não aficionado, vejo com preocupação a idiota vontade de abolir o património cultural por decreto. Não sei se haverá touradas daqui a 200 anos, mas não é por decreto que se proíbem as corridas de touros.
Conheço a devoção das pessoas, não só as religiosas, nas festas de Nossa Senhora que há no verão, o dia 15 de agosto é o dia em que há mais corridas de touros no mundo taurino, mas também a devoção de todas as gerações pelas touradas, em Vila Franca, na Moita, em Beja, em Moura, em Santarém, em Barrancos, ou o envolvimento que têm com os animais, com os toiros. Nada melhor para conhecer essa cultura, do que visitar, ir ver, passar um dia no campo a ver aqueles animais magníficos e aprender como tudo acaba depois naquele quarto de hora em que o homem se põe em frente ao animal, numa arena.
Quem gosta, gosta, quem não gosta, não gosta, penso que é proibido proibir. A liberdade não se desliga da cultura, haja lucidez.