Mafra | Presidente Hélder Silva comunica as moradas dos doentes que sofrem de covid-19 aos Presidentes das Juntas de Freguesia

No dia 6 de julho, o presidente da Câmara Municipal de Mafra e também presidente dos Autarcas Social Democratas (ASD), uma organização interna do PSD que congrega os representantes locais do Partido a nível nacional, participou num webinar subordinado ao tema “O papel do poder local na recuperação pós-covid-19”.

Para além de Hélder Silva, participaram neste webinar partidário, Isaura Morais vice-presidente do PSD e ex-presidente da Câmara de Rio Maior, Salvador Malheiro, também vice-Presidente do PSD e atual Presidente Câmara Municipal de Ovar e Mariana Machado Silva, Presidente da Junta de Freguesia de Vilela.

“A câmara mandou adquirir milhares de cartões refeição, que começaram com 300 e tal famílias, mas que hoje já são menos“

Das duas intervenções de Hélder Silva (de que apresentamos dois excertos), destacam-se algumas afirmações, que vão das meramente programáticas ou panfletárias, a outras, que por serem polémicas merecerão uma referência mais detalhada.

Nestas intervenções, Hélder Silva destaca a capacidade de inovação do PSD, que terá permitido ao partido, em Mafra e no resto do país, apresentar rapidamente soluções novas que acabaram por vir a ser adotadas pelo governo, mostrando assim, disse, que os autarcas, pela sua proximidade às populações, estão na primeira linha do ataque à pandemia.

Afirmou depois, que teve de atender a múltiplos pedidos de apoio logístico, por parte das entidades de saúde local, e que também muitas famílias bateram à porta da Câmara Municipal de Mafra e das Juntas de Freguesia do concelho, razão pela qual, “a câmara mandou adquirir milhares de cartões refeição, que começaram com 300 e tal famílias, mas que hoje já são menos“.

“A DGS [Direção-Geral da Saúde] passou entretanto a dar dados, mas com um coeficiente de redução de cerca de 20%, que ainda hoje mantém e os dados deles não são de facto os dados verdadeiros“

Queixou-se da falta de apoio da ANEPC (Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil), que não dá EPIS (equipamentos de proteção individual) aos bombeiros, por isso “foi a câmara que os comprou“. Afirmou ainda, que a câmara se viu obrigada a apoiar também as IPSS’s, nomeadamente na compra de viaturas e com outros apoios, pois “a Segurança Social não transfere dinheiro“.

Relativamente às divergências que ocorrem entre os números divulgados localmente e a nível nacional, Hélder Silva afirmou:

“Em meados de março a minha delgada de saúde enviou uma mensagem a dizer que a ARSLVT [Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo] a tinha proibido de dar os dados à Câmara Municipal de Mafra, por razoes ligadas à proteção de dados deixou de dar os dados publicamente.  O PS local fez um sururu a dizer que era a câmara que não queria dar os dados. A DGS [Direção-Geral da Saúde] passou entretanto a dar dados, mas com um coeficiente de redução de cerca de 20%, que ainda hoje mantém e os dados deles não são de facto os dados verdadeiros“.

Relativamente à referida falta de dados, o Presidente da Câmara de Mafra, algo surpreendentemente, afirmou mais adiante, que “depois de 2 dias sem informação e depois de ter posto os pés à parede, também ultrapassei [o problema da falta de dados], inicialmente de uma forma informal“.

“Eu recebo a lista detalhada de todos os casos positivos e todas as semanas faço uma reunião, sob minha responsabilidade […] e nessa reunião eu digo, não digo os nomes, mas digo as moradas […] de todos os infetados, rua a rua, bairro a bairro, aos meus presidentes de junta”

No entanto, as afirmações mais surpreendentes de Hélder Silva surgem a propósito dos casos positivos de covid-19 diagnosticados e registados no concelho de Mafra. A esse propósito, o Presidente da Câmara de Mafra, afirma:

“Eu recebo a lista detalhada de todos os casos positivos e todas as semanas faço uma reunião, sob minha responsabilidade – isto está também a ser partilhado nas redes sociais [referindo-se ao webinar] – eu assumo claramente o que estou a dizer, e nessa reunião eu digo, não digo os nomes, mas digo as moradas, porque não é necessário nomes, de todos os infetados, rua a rua, bairro a bairro, aos meus presidentes de junta.

No entanto, inquirido pelo Jornal de Mafra, durante uma entrevista que publicaremos ainda esta semana, Elísio Varandas, Presidente da União de Freguesias da Igreja Nova e Cheleiros negou ter participado nestas reuniões, ou em qualquer reunião com o presidente da Câmara de Mafra, destinada a tratar da disponibilização das moradas dos doentes.

Hélder Silva prossegue a sua intervenção, dizendo:

“É inadmissível, os presidentes de junta não saberem o local onde têm os seus infetados e os meus presidentes de junta são testemunhas de que isso acontece desde início, desde o momento em que eu passei também a ter essa listagem e devo dizer que só passei a ter essa listagem, justiça seja feita, porque nós temos Polícia Municipal (PM) e a partir do momento em que a PM passou a ter competências semelhantes à GNR para poder fazer a fiscalização dos infetados positivos e também dos sob vigilância, eu passei a ter esse instrumento de gestão, que partilhei de imediato com os presidentes de junta, porque os presidentes de junta são fulcrais neste processo, desde a questão das desinfeções, até à informação à população.

“Isto está longe de estar ultrapassado“

Este fim de semana tive os meus 11 presidentes de junta, 10 do PSD e 1 do PS, todos na rua, com carros com som, a levar novamente a que as pessoas utilizem a máscara, que tenham o distanciamento social e a etiqueta respiratória, porque nos últimos dias temos tido aqui um aumento considerável de casos e é necessário reforçar a sensibilização. Os presidentes de junta foram os primeiros a ir para o terreno, eu andei também no terreno durante o fim de semana.

Isto está longe de estar ultrapassado“.

“Os presidentes de junta, sem ser de forma hostil, ajudam a fazer vigilância de proximidade. Vão fazer desinfeções junto às casas dos infetados, se existir algum infetado que ande pela rua a vaguear, eles são os primeiros a ligar para a policia municipal ou para a GNR. Os presidentes de junta são indispensáveis e isto é como na tropa, não há missões nem tarefas inferiores, inferior é cumprir mal a sua missão, o presidente de junta é insubstituível“.

O Presidente da Câmara de Mafra volta-se depois para as ARS’s e para as CCDR’s, fazendo ainda uma incursão pelo tema da descentralização:

“Onde é que andou a ARS? Qual foi o seu papel interventivo? Onde é que pararam as CCDR’s?

O governo mete um emissário político, qual governador civil, a tutelar todos estes concelhos e distritos?

Para que é que serve esta coisa da CCDR? Não serve para nada. Que se extingam as CCDR’s e que se dê estas competências às CIM’s.

Onde é que andou a ANPC durante este processo pandémico? Apareciam lá atrás nos últimos lugares da fotografia. Há alguma coisa que vai mal no reino de sua majestade“.

“[acerca da pandemia] É uma oportunidade enorme para os autarcas reivindicarem”

A propósito do tema, descentralização ou regionalização? Nesta intervenção que temos vindo a acompanhar, embora não se definindo, Hélder Silva define a sua posição acerca deste tema.

“[acerca da pandemia] É uma oportunidade enorme para os autarcas reivindicarem, uns reivindicam regionalização, outros reivindicam uma descentralização mais musculada, eu estou nesta segunda parte, por enquanto, não rejeitando também a primeira, numa fase ulterior“.

Hélder Silva refere-se igualmente ao grande desafio que representa e representará o impacto económico da pandemia, que no concelho de Mafra, em três meses, terá atingido os 7 milhões de euros, situação que obrigará a alterar as prioridades de investimento, implicando também à futura apresentação de orçamentos retificativos.

A versão integral do vídeo encontra-se disponível na página mantida pelo PSD nas redes sociais.