A Capela de São Sebastião é uma pequena capela de feição rústica, de autor desconhecido, que terá sido construída entre os finais do séc. 15 e o início do séc. 16, reconstruída no séc. 17, e que se localiza na Vila da Ericeira.
Foi classificada como monumento de interesse público em janeiro de 2018.
A sua planta poligonal, irregular, é constituída por “um corpo inicial hexagonal, nave e capela-mor, e de um corpo retangular, acrescido posteriormente, para sacristia e dependências anexas”.
De fachadas “rebocadas e integralmente caiadas de branco”, o seu interior é totalmente revestido “a azulejo de tapete polícromo, azul e amarelo sobre fundo branco”, com dois padrões seiscentistas distintos nas paredes.
Possui ainda um púlpito no lado do Evangelho, em cantaria de calcário, e uma pia de água benta do séc. 18, “hexagonal com base gomeada”, também em cantaria de calcário.
O seu “arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras almofadadas, de acesso à capela-mor, onde surge um retábulo em mármore com embutidos, de corpo reto e um só eixo”. O altar é “paralelepipédico revestido a azulejo; fronteiro a este, a mesa de altar, de madeira e assente em dois pilares oitavados”.
Materiais:
Alvenaria mista; pedra calcária, mármore, telha, tijoleira, madeira, ferro, bronze e azulejo
Cronologia:
sécs. 15, finais – 16, inícios – provável datação da primeva construção da ermida, muito embora a tradição popular a atribua aos mouros, havendo ainda quem veja nela uma antiga abside romana, nenhuma destas hipóteses se afigura substancial, sendo de crer ser esta uma construção cristã da viragem para Quinhentos e a expensas da população local;
1567, 01 abril – procuração do povo da Ericeira passada a Gonçalo Dias, pescador, onde é estabelecida a obrigação de prover à fábrica e encargos da ermida de São Sebastião, por sujeição dos bens havidos dos constituintes e por haver dos seus sucessores;
17 setembro – pedido para se “alevamtar altar na irmida de Sam Sebastiam” pera nela dezer e se celebrarem outros ofícios devinos”, a ermida estaria já construída, sendo que o altar estaria, muito provavelmente, no centro do polígono;
1678, 16 abril – autorização para se executarem obras na ermida, passada por D. Luís de Sousa (1630 – 1701), arcebispo de Lisboa, e que refere expressamente a necessidade de a reedificar e de lhe refazer o chão, pelo que se pode deduzir estar esta em ruína; por esta data é fundada a Santa Casa da Misericórdia da Ericeira para onde são transferidas as tumbas das confrarias existentes nesta ermida e na paroquial de São Pedro; nestas obras é acrescentado um novo corpo, para norte, onde figuram a capela-mor e, por detrás desta, a sacristia; provavelmente é também nestas obras que a ermida adquire a sua decoração integral a azulejo de tapete seiscentista;
séc. 17 – nas visitações à paróquia de São Pedro da Ericeira, esta ermida é várias vezes citada por se encontrar devassa e nela se abrigarem mendigos e, nos dias santos, se fazerem nela bailes e banquetes pelos membros da Confraria de São Sebastião (inteiramente constituída por rapazes solteiros);
1702 – a visitação desse ano proíbe de forma veemente a utilização da ermida para a realização de bailes e banquetes por parte dos membros da confraria;
1758 – nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco de São Pedro da Ericeira, é referido que a ermida se situa a norte da vila e é administrada pela sua irmandade; séc. 20 – mestre Jorge Jaime de Oliveira Lobo e Silva faz referência aos azulejos e ao estado de degradação em que a capela se encontra;
1981, 24 fevereiro – proposta de classificação pela Câmara Municipal de Mafra;
22 dezembro – informação favorável do Instituto Português do Património Cultural; 2010, 03 maio – Despacho de abertura do processo de classificação pelo diretor do IGESPAR; 2013, 05 março – publicação da abertura do procedimento de classificação do edifício em Anúncio n.º 88/2013, DR, 2.ª série, n.º 45; 2017, 21 junho – proposta de alteração do objeto da classificação como forma de incluir o património móvel e integrado efetuada pelo Departamento de Bens Culturais da DGPC;18 agosto – é publicado o Anúncio n.º 144/2017 (DR, 2.ª série, n.º 159) da DGPC propondo a classificação como MIP – Monumento de Interesse Público, da Capela de São Sebastião, incluindo o património integrado;
2018, 03 janeiro – é publicada a Portaria n.º 9/2018 (DR, 2.ª série, n.º 2), classificando como monumento de interesse público a Capela de São Sebastião, incluindo o património móvel integrado, e fixando a respetiva ZEP.
[fonte principal: DGPC]