Opinião Política – Alexandre Nascimento (Partido Aliança)
Sinais dos tempos
Ao longo dos últimos anos, a pressão dos preços da habitação tem “empurrado” sucessivamente as populações para os concelhos da periferia de Lisboa… Mafra não foi exceção.
De facto, enquanto a população tem vindo a cair na quase totalidade do País, o nosso concelho cresceu, segundo os últimos números publicados pelo INE, quase 9% em relação aos residentes registados em 2011.
Ora, é certo e sabido que, se não forem acautelados alguns interesses e fomentadas medidas de prevenção que consigam dar resposta a esse crescimento exponencial, os grandes fluxos de gente trazem consigo inevitáveis problemas.
Já sabíamos, por exemplo, que, no município de Mafra, os pais se vêm aflitos para conseguir uma vaga no jardim de Infância ou que ficou há muito tempo evidente que os agrupamentos escolares estão a rebentar pelas costuras e funcionam, em alguns casos, com turmas no limite do aceitável.
Na Ericeira, por exemplo, o número de novos residentes, os turistas que por ali passam e o afluxo normal de visitantes que se verifica sempre que uma vila “está na moda” (porque é inquestionável que está) tornaram o estacionamento na pequena Vila, uma coisa verdadeiramente caótica, desordenada e, algumas vezes, perigosa.
Com mais gente… com novas gentes…. veio também o impensável até há alguns anos atrás… a violência nas noites da Ericeira.
Pois bem… tudo isto são sinais dos tempos, dirão.
Sim… é verdade! Talvez sejam.
O tema de que quero, hoje, falar é exatamente este…. a necessidade que as câmaras municipais têm de se adaptar a estas novas realidades. Aliás, mais que a necessidade, eu diria a obrigação. O mínimo que podemos esperar do mesmo executivo municipal que tão célere é a ir buscar aos contribuintes IMI’s, IMT’s, Derramas Municipais e tantas outras taxas e custas (e Mafra é dos municípios mais caros nesta matéria) é que vá acompanhando este crescimento populacional e que trabalhe com as forças do município para o dotar de capacidade de resposta nas mais diversas áreas.
Lamento informá-lo, Exmo. Sr. Presidente da Câmara, mas das diversas conversas que vou tendo com familiares e amigos e das muitas sensibilidades que vou recolhendo, não me parece que Mafra se tenha preparado devidamente para tudo isto e o preço que estamos a pagar está, agora, à vista de todos.
Em tempos de Pandemia, em que os cidadãos se vêm privados de muitos dos equipamentos sociais que, em condições normais seriam de fácil acesso, em vez de garantir que os munícipes veriam salvaguardados os seus direitos e os seus interesses, temos serviços em Mafra a funcionar de forma absolutamente caótica e descontrolada.
Ao longo das últimas semanas, um Mafrense que precise de tratar de um qualquer simples assunto com uma conservatória ou com o Espaço Cidadão, passa horas… às vezes dias, agarrado a um telefone e, mesmo assim, sem ser atendido. Quando finalmente, por artes mágicas, o consegue, recebe como presente uma eventual marcação para daí a 2 ou 3 semanas (se correr bem).
Pior… quando confrontados com este péssimo atendimento e com tão grandes demoras, acabam por nos atirar com um tímido “Sabe… não temos pessoal suficiente para tanta solicitação!”
Aqui para nós, que ninguém nos ouve… nos últimos 15 dias precisei, por duas vezes, de recorrer aos serviços dos Registos e Notariado (vulgo, conservatórias) para tratar de documentação… marquei e tratei, ambas, por telefone, no próprio dia… em Benfica!
Alexandre Gomes do Nascimento
Presidente da Direção Política Distrital de Lisboa
Partido ALIANÇA