OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha (PAN) – Sustentabilidade na Indústria Agroalimentar – Passar das Palavras à Ação

OPINIAO POLITICA MATILDE BATALHA

OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha (PAN)
Sustentabilidade na Indústria Agroalimentar – Passar das Palavras à Ação

 

O desenvolvimento sustentável procura satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades de desenvolvimento social e económico, de realização humana e cultural fazendo ao mesmo tempo uso razoável dos recursos terrestres e preservando a Natureza e biodiversidade de espécies.

De acordo com a Organização das Nações Unidas espera-se que a população mundial se aproxime dos 10 mil milhões em 2050. A Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), no início da década, alertou que para fazer face a este crescimento, a produção alimentar terá de aumentar cerca de 70%. A forma como nos alimentamos pode determinar o futuro do planeta. É urgente ter atenção ao levamos para mesa, pensar em como os alimentos foram produzidos, quantos quilómetros viajaram até chegar ao prato, se foram processados, como estão embalados, como são tratados os seus resíduos (resultantes da produção e do consumo) pois todos estes fatores têm consequências do ponto de vista ambiental.

A agricultura, o setor da pecuária e pesca e as indústrias alimentares e de bebidas têm uma responsabilidade, ainda mais acrescida, porque dependem fortemente da natureza, dos oceanos, enfim dos recursos naturais do planeta.

Urge colocar em prática um modelo sustentável, ao longo de toda a cadeia alimentar, de valorização do ambiente e da natureza, tais como:

– A redução do impacto ambiental, na forma de embalamento dos produtos;

– No campo da promoção de estilo de vida saudáveis com ações junto da população;

– Educando cada vez mais os consumidores e a indústria sobre gestão de resíduos;

– Projetos de aposta na circularidade com valorização de subprodutos  (produto que resultam do processo de produção alimentar, mas que não são utilizados nos alimentos) sendo direcionados para compostagem, destilaria ou valorização energética;

– Combate ao desperdício alimentar;

– Apostar em parcerias para promover o comércio justo para todos os intervenientes da cadeia de valor;

– Apostar no crescente esclarecimento dos consumidores sobre os produtos (conteúdos nutricionais, ingredientes, proveniência, modo de produção e pegada carbónica).

Em Mafra está a decorrer a Semana da Sustentabilidade e não se aborda o grande elefante na sala e a importância que teria a nível ambiental e de sustentabilidade a redução do consumo. As indústrias pecuárias em conjunto com a agricultura representam 75% a 80% do consumo de água.

 A indústria da carne é responsável por 18% das emissões globais de gases causadores do efeito estufa, ao passo que todos os transportes somados geram 13% (Dados FAO, 2006). A pecuária gera diretamente 80% da desflorestação no bioma amazónico e 14% em todo o mundo. A criação de animais para abate é uma forma ineficiente de produzir alimentos: para cada quilo de proteína animal são necessários de 3 a 10 kg de proteína vegetal (milho, soja etc.) (FAO, 2005).

Pouco se falou sobre a importância de alternarmos para modos de produção biológica. A agricultura biológica surge como resposta ideal para produzir alimentos, não só mais saborosos, como mais ricos do ponto de vista nutricional, isentos de compostos tóxicos e de maior sustentabilidade ambiental. Urge integrar estas premissas e apoiar na reconversão indústria e na criação de produtos que tenham em atenção esta nova realidade global.

O futuro da alimentação humana num mundo em transformação, com crescimento demográfico, escassez crescente de recursos como água, a energia e o solo fértil e num contexto de alterações climáticas, coloca enormes desafios à ciência e tecnologia bem como às políticas públicas aos consumidores e sobretudo à indústria agroalimentar que terá de ajustar a esta realidade e agir em conformidade.


Matilde Batalha
Psicóloga clínica e deputada municipal pelo PAN

 


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