COVID-19 | José Martinez Deputado Municipal pela CDU – Um olhar político sobre a pandemia

JOSE MARTINEZ

José Martinez é Deputado Municipal pela CDU e membro da Comissão Política Concelhia do PCP

 

  • Como é que avalia a atuação das autoridades locais no ataque à atual pandemia por covid-19?

As medidas anunciadas pela Câmara e Juntas de Freguesia estão em linha com as anunciadas por outros municípios.

Registamos como positiva a adesão às medidas aconselhadas/impostas pelo estado central.

As medidas anunciadas de âmbito local foram formalmente positivas com excepção da isenção generalizada de custos de fornecimento de água, custos que são exagerados, mas o seu “exagero” nada tem a ver com a pandemia, justificando-se, naturalmente isenções e/ou protelamento de pagamento para munícipes em dificuldades resultantes da mesma, mas não reduções gerais temporárias.

As medidas sociais de apoio aos munícipes, formalmente positivas, dizemos formalmente, porque a sua efectivação aponta para falta de informação, excessos burocráticos, falta de proatividade na detecção de situações merecedoras de resposta:

A medida denominada “Ajudar+”, de Março a Maio não chegou a ter 150 benificiários;

A medida “Vamos por si”, no mesmo período, teve 161 famílias benificiárias;

A medida “Linha que nos une”, no mesmo período teve 52 atendimentos.

Também as medidas de apoio às instituições (IPSS’s e Associações) não tiveram realização que substituísse o apoio das autarquias por apoio indirecto aos munícipes prestado através daquelas.

  • Que outras medidas tomaria se fosse poder no concelho de Mafra?

Se a CDU fosse poder no concelho de Mafra as autarquias seriam diferentes, seriam autarquias abertas às populações, interagindo com os munícipes, valorizando a solidariedade, fomentando e apoiando o voluntariado, suporte das instituições, IPSS’s e Associações, verdadeiro prolongamento da rede de transmissão do sentir e da capacidade de execução das autarquias CDU.

A par com uma gestão “macro” controlada, a CDU faria uma gestão de proximidade com os munícipes.

O imprescindível empenho dos trabalhadores das autarquias seria estimulado pelo diálogo com ponderação de todas as sugestões e a formação adequada às funções, recusando a precaridade, fomentando o bem-estar e a satisfação que o trabalho útil proporciona, reconhecendo o valor individual e das equipas.

Assim geridas as autarquias estão em condições de dar a melhor resposta aos problemas sentidos pelos munícipes, valorizando a sua auto-organização, resolvendo o que pode ser resolvido localmente, criando a consciência do que tem de ter uma resposta do estado central.

Foi assim que, ainda na última Assembleia, tendo consciência que a estrutura empresarial do concelho é constituída, essencialmente por empresários individuais pequenos e muito pequenos, propusemos uma moção no sentido de reclamar, do estado central, várias medidas de apoio que não só permitiriam a sobrevivência dos empresários, como seriam o motor do desenvolvimento no pós-COVID. Não fomos acompanhados por nenhuma das outras bancadas.

Foi assim que, relativamente aos trabalhadores das autarquias, propusemos uma moção no sentido de lhes ser reconhecido o direito ao suplemento de insalubridade, Penosidade e Risco, em paralelo com o que é atribuído aos trabalhadores do estado central. Só o PAN nos acompanhou no apoio a esta moção.

Mesmo medidas idênticas no anúncio têm resultados de aplicação diferentes. Para a CDU a gestão pública faz-se com os destinatários e nunca contra as aspirações legítimas dos mesmos.

As medidas concretas futuras (o passado já era) para além das resultantes da interação com os munícipes seriam/serão, de acordo com a situação epidemiológica, focadas:

– Na verificação/exigência das condições de transporte;

– Na verificação/exigência de condições de segurança sanitária dos locais de trabalho, tendo particular atenção aos locais com elevado número de trabalhadores e/ou actividades particularmente sensíveis ex: abate/transformação de carnes (Sicasal, Caso…) construção civil, grandes superfícies comerciais;

Criação/verificação/exigência de medidas sanitárias e medidas facilitadores do distanciamento social entre consumidores e utentes, em particular das grandes superfícies, feiras e mercados (circulação, utilização de máscara de máscara, marcações para cumprimento do distanciamento… – para esclarecimento de dúvidas da eficácia da implementação  aconselhamos a terceiros, as medidas que serão adoptadas na realização da Festa do Avante);

Detecção e resposta imediata a eventuais surtos;

Detecção e resposta imediata a situações de carência dos munícipes.

  • Como é que olha para o futuro pós-covid, em termos da repercussão que os novos hábitos/atitudes/medos possam ter na atividade política e na expressão económica, social e cultural?

Olhamos para o futuro com apreensão e esperança:

Com a apreensão que o crescimento do populismo associado ao liberalismo económico possa ganhar terreno, esmagando ainda mais os rendimentos das classes trabalhadoras o que só pode acontecer, com duração mais ou menos longa, com a supressão da liberdade e da democracia, com as consequências políticas, económicas, sociais, e culturais bem conhecidas do povo português;

Com a esperança nos trabalhadores e nos povos que mais tarde ou mais cedo derrotarão o estado do capitalismo financeiro e o substituirão por um estado verdadeiramente democrático capaz de implementar uma política PATRIÓTICA E DE ESQUERDA.


Nota do diretor

Nesta fase que é já (ainda) de desconfinamento, o Jornal de Mafra pediu aos principais lideres políticos do concelho de Mafra, que a partir de 3 perguntas, iguais para todos, lançassem um olhar político sobre a pandemia que assola o concelho, o país e o mundo.

PS, PAN, CDU, CDS-PP e Aliança responderam às questões que colocámos. Não contactámos o BE, uma vez que esta força política não tem estado ativa no concelho. Com o PSD, não foi possível entrar em contacto, uma vez que aquele partido não dispõe de um contacto telefónico público e que nem o endereço de email da sede concelhia (info@psd-mafra.com), nem o endereço da concelhia de Mafra registado na página nacional do PSD (geral@psdmafra.com) se encontram ativos.

Ainda no quadro que estamos a descrever, o Jornal de Mafra pediu uma entrevista a Elísio Varandas, médico de saúde familiar no concelho de Mafra e único Presidente de Junta por um partido da oposição, entrevista que foi concedida e que contamos publicar ainda esta semana.

Pedimos ainda uma entrevista a Hélder Silva, Presidente do Conselho Municipal de Segurança de Mafra e Presidente eleito da Câmara Municipal de Mafra, entrevista exclusivamente dedicada a temas covid-19, pedido em relação ao qual não obtivemos, como vem sendo habitual, qualquer resposta.


O Jornal de Mafra e a DGS Aconselham

C1
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