Crónica de Alice Vieira | Para atrair a simpatia

ALICE VIEIRA
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup]

PARA ATRAIR A SIMPATIA
Alice Vieira

 

Li há muito pouco tempo um texto em que se apontavam os vinte hábitos que podem atrair a simpatia das outras pessoas.

Li, reli, e-mailei para uma data de amigos (não que eles precisem mas certamente, como eu, hão-de conhecer muito cara de pau que anda neste mundo com o ar de quem está a fazer um enorme favor aos outros), guardei uma cópia—e achei que o verão era a altura  ideal para o partilhar com os leitores.

Porque estamos mais tranquilos, temos (ou vamos ter em breve ) uns dias de férias, podemos pensar noutras coisas que não nas pressas do dia a dia.

Lê-se neste texto que o primeiro hábito, logo à cabeça da lista  é “tratar as pessoas pelo seu nome”.

Passar do “pst!” “ó faz favor!” para “ó Sr. Ricardo!” “ó D. Vera” faz toda a  diferença. Se não sabemos o nome da pessoa, perguntamos, que (também) para isso temos boca.

Seguem-se vários outros hábitos na lista, mas talvez seja fastidioso para vocês estarem agora a ler uma longa lista de cerca de 20 preceitos que poderão conduzir a uma vida mais feliz. Por isso, de todos, escolhi apenas os que me parecem mais importantes e, simultaneamente, os mais fáceis.

–Sorrir

Não há nada mais fácil e torna tudo tão diferente…Sorrir quando nos dão passagem na rua, quando nos servem a bica bem quente, quando entramos num elevador, quando damos de caras com a vizinha do prédio em frente, etc…

–Ouvir com atenção

Temos sempre de nos lembrar que o melhor presente que podemos dar a uma pessoa é o nosso tempo. É estar junto dela e ouvir tudo o que ela nos quer dizer, e deixá-la falar porque, na maior parte dos casos é disso que ela precisa, de ter a seu lado alguém que a ouça.

–Elogiar.

Também não custa nada… “Que bem penteada que está hoje!”, “gosto tanto da cor da sua blusa!” “Fica-lhe tão bem esse lenço!”

–Contar experiências

Ninguém está isolado neste mudo. E as coisas boas que vamos fazendo podem incentivar outros a fazê-las também e vice-versa. Tenho a certeza de que foi o meu relato entusiasmado do tempo que estive em Timor que levou a minha neta a fazer a trouxa e a ir para lá fazer voluntariado. E como o relato de experiências de amigas em tempos de difíceis doenças me ajudou a superar os meus medos…

–Dar um abraço.

Tocamo-nos pouco. Temos medo que os outros se riam de nós e nos chamem piegas. Mas que bem que nos faz um abraço!  Nem é preciso dizer nada. Um abraço é a maneira mais eficaz de dizer “estamos aqui”. Ou, como diz um amigo meu, “é o melhor e o mais barato dos ansiolíticos.

–Gostar de trabalhar em equipa

É uma felicidade, acreditem. Estarmos todos a dar o nosso melhor para um bom resultado num projecto em que todos participaram e em que todos acreditaram. Um jornal (ou uma revista) é o resultado de um trabalho de equipa. O futebol é o resultado de um trabalho de equipa. Uma descoberta num laboratório é o resultado de um trabalho em equipa…e por aí fora.

–Sermos gratos por aquilo que a vida nos dá

Nada pior do que os que andam continuamente a queixar-se , deixando quantas vezes passar ao lado as coisas boas que a vida nos vai dando. Aquela expressão “já ganhei o dia” às vezes é provocada por coisas que aparentemente não têm importância nenhuma… Aquilo a que o escritor francês Phillipe Delèrme chama “os nossos prazeres minúsculos” : o pão do pequeno almoço, olhar para o mar, descascar ervilhas, almoçar à sombra de uma árvore…Quando os meus filhos eram pequenos, havia cá em casa o ritual da hora de deitar. Depois de lida a história, claro, pensávamos em voz alta nas coisas boas que nos tinham acontecido nesse dia. Ríamos muito, discutíamos muito, atirávamos com almofadas uns aos outros—mas depois eles dormiam a noite inteira. Um pouco mais felizes, quero crer…

–Respeitar ideias, religiões e opções de vida.

Aqui está um hábito que tem custado a entrar na vida de muitas pessoas e que cada vez é mais necessário. Não devemos desistir das nossas ideias, mas temos de aceitar que os outros—os que têm ideias diferentes—façam o mesmo.  E, nesse respeito mútuo, não devemos nunca abdicar do que pensamos e de lutarmos pelas causas em que acreditamos. A saudável convivência de diferentes pontos de vista é que faz este mundo andar para a frente.

Como já disse, a lista tinha mais algumas referências, mas para mim estas são as principais. As que podem mesmo fazer de nós pessoas mais simpáticas.

E o mundo precisa tanto de pessoas simpáticas…

 


Poder ler (aqui) as outras crónicas de Alice Vieira.


 

Leia também