OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha – O seu lixo não acaba no contentor! O mau cheiro da TRATOLIXO

MatildeBatalha
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O seu lixo não acaba no contentor! O mau cheiro da TRATOLIXO.

 

No passado dia 9 de fevereiro, a Concelhia do PAN (Pessoas – Animais – Natureza) em Mafra visitou as instalações da TRATOLIXO – Gestão de Resíduos Urbanos na Abrunheira.

Esta deslocação foi motivada pela necessidade de compreender os motivos dos desagradáveis odores na região, bem como compreender como são tratados os resíduos urbanos do nosso concelho para, de forma rigorosa, podermos realizar propostas ao executivo, bem como reforçar propostas já transmitidas e que poderiam minimizar estes odores.

Algo importante e que todos nós sabemos é que o lixo cheira mal. Basta deixar o caixote do lixo na cozinha alguns dias para notar o mau cheiro que fica em casa, sobretudo se for lixo orgânico (restos de alimentos). Uma unidade de tratamento de lixo, que recebe estes resíduos terá de fazer um trabalho célere para minimizar ao máximo a emissão de maus odores. Unidades destas absolutamente inodoras são atualmente uma impossibilidade. Se essa foi uma promessa feita, de uma unidade de tratamento de lixo inodora, não deveria ter acontecido, o que explica o sentimento de indignação de alguns munícipes. Alguns munícipes referem que o mau cheiro se deve a um aterro não coberto ou à queima mal feita de resíduos. Nada disso corresponde à verdade, pelo que ir à Tratolixo deveria ser algo a ter em consideração. Estão de porta aberta para qualquer pessoa que lá queira ir. Vá ver!

Não é realizada inceneração (queima) de resíduos nestas instalações e o aterro (unidade de confinamento) está isolado na medida do possível, isto é, onde está a ser lançado o lixo está obviamente descoberto. Mas a quantidade de lixo e o tipo de lixo que é deitado nesta unidade de confinamento pode em muito diminuir os maus odores.  Quando misturamos todos os lixos estamos a fazer parte do problema. Muito desperdício que poderia ser reciclável acaba por ir parar ao aterro. Ao ser misturado com lixo orgânico fica contaminado, é partido em pequenos pedaços não pudendo ser tratado. Tendo estado em contacto com lixo putrefacto, é um lixo com muito mau cheiro.

O aterro da TRATOLIXO é um imenso buraco coberto por uma imensa tela que impede que o lixo entre em contacto com o solo (de forma a não o contaminar o solo e os lençóis freáticos). Quando um aterro fica cheio é tapado, tornando-se um saco do lixo gigante fechado debaixo do chão e que demorará séculos a decompor. Os aterros não são uma solução ecológica, são uma forma de esconder o lixo dos nossos olhos, mas não de o tratar.

Voltando aos odores, mesmo separando o lixo reciclado temos um problema a resolver. O desperdício não reciclável (plástico contaminados, pedaços de porcelanas e outros materiais) que em contacto com o lixo orgânico ficam com odor e que também têm como destino o aterro (ou inceneração, que apresenta questões de emissão de gases efeito estufa). Isto é, vai ser essencial para além da separação do lixo reciclável, separarmos o lixo orgânico. Este tipo de lixo (sobretudo restos de comida), não deverá ser misturado com mais nenhum lixo. E isso tem de ser feitos nas nossas casas.

Portugal vai falhar as metas nacionais para a prevenção e gestão de resíduos urbanos, exigidas pela União Europeia (UE) até 2020. A reciclagem de materiais recicláveis situa-se na ordem dos 30% quando a meta a atingir é de 70%. Os níveis de deposição em aterro são ainda muito elevados.

Tem de ser feita uma aposta na comunicação para sensibilizar todos e todas para a forma de tratar o desperdício, deixando de o considerar como lixo. Há inúmeras possibilidades de  reutilizar o desperdício, (como acontece com o papel e as embalagens), de o incorporar noutras matérias-primas, de o transformar em composto orgânico ou biocombustível, no caso da fração orgânica, ou  até de o transformar em energia, por via da incineração.

O Parlamento aprovou recentemente um projeto de lei do PAN para implementar um sistema de incentivo e depósito de embalagens de bebidas de plástico, vidro e alumínio, ou seja, uma tara recuperável. É urgente proceder à adoção de políticas que envolvam ativamente as indústrias e que possibilitem aumentar, e muito, os níveis de retoma dos materiais recicláveis.

Os sistemas de recolha porta a porta têm-se mostrado mais eficazes, existindo ainda projetos de incentivo à separação como o pay as you throw em que basicamente o munícipe só paga segundo a quantidade de resíduos que produz.

Apresentámos à Camara Municipal de Mafra como proposta para o orçamento de 2019, a expansão do conceito da compostagem às famílias, associações, escolas e empresas que poderia ser realizado pela disponibilização de compositores e pela sensibilização para este processo.

 

Todas estas medidas são importantes, mas não chega, há muito a fazer. Tod@s fazemos parte da solução.

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3 Thoughts to “OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha – O seu lixo não acaba no contentor! O mau cheiro da TRATOLIXO”

  1. Matilde Batalha

    Esses países têm inúmeros incineradores. Portugal tem dois. Pelo que vi na visita existem sistemas de desodorização. Aconselho visita lá. Deixo também este artigo onde é explicado porque estiveram parados investimentos públicos neste sector e que poderiam ter sido investidos nessa área.
    https://www.publico.pt/2018/11/19/sociedade/noticia/portugal-pede-ue-dois-anos-cumprir-metas-residuos-urbanos-1851561#gs.mdM6BOxI

    1. António Dolores

      Boa tarde, recomendo à Senhora que venha passar uma semana à minha casa. E depois quero ver se a sua opinião se mantém. Mais uma vez tudo não passa de um jogo de interesses. Vivo à 23 anos em Alcainça e no inicio de laboração da tratolixo só esporadicamente é que os maus cheiros existiam, hoje em dia esses maus cheiros existem diariamente, tem dias que nem uma janela posso abrir. E sim faço reciclagem, não mande areia para os olhos das pessoas.

  2. Rui Manuel Aleixo

    Já existem sistemas de desodorizarão bastante avançados que permitem reduzir substancialmente os cheiros em complexos como o da Tratolixo.
    O problema é que ninguém se preocupa. Bastaria estudarem o que se faz na Dinamarca, Alemanha, Suécia, etc… para descobrirem boas tecnologias.
    Em Portugal, compram tecnologias ultrapassadas e que não cumprem os requisitos (Biofiltros, Scrubbers, Carvão Activado). Investem em sistemas que não funcionam e gastam o dinheiro público.

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