Que descansem as almas, Sete-Sóis e Blimunda continuarão alheios a Mafra

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Que descansem as almas mais inquietas, Mafra não terá, tão cedo, um Museu da Escultura Comparada ou um Hotel de Charme. A economia que passa pelo nome de José Saramago não trará mais riqueza para o concelho e a ligação entre as duas marcas (Mafra e Saramago) não trará mais beneficio à vila do que aquele que é visível.

Que descansem as almas mais inquietas, Mafra não terá, tão cedo, um Museu Municipal instalado no nobre espaço do Palácio, nem Escola de Equitação, nem Museu Militar em espaço civil. A Tapada de Mafra continuará a viver à parte do concelho e o eixo turístico Lisboa-Mafra-Sintra-Cascais nunca passará de uma inocente invenção num obscuro 1 de Abril.

D. João V continuará no seu lugar para todo o sempre e Saramago continuará alheio ao concelho e à vila. Mafra continuará o seu caminho, orgulhosamente só no seu tradicional espaço.

Brincámos ontem com a ideia de juntar as duas marcas, criando mais espaço para o concelho e mais riqueza para as suas gentes. Tudo não passou, no entanto, de uma brincadeira com data marcada. Os mais tradicionalistas não terão de começar a tomar antidepressivos e os mais afoitos não terão razões para lançarem foguetes.

 

Que descansem as almas mais inquietas, Mafra continuará a ser aquilo que sempre foi, uma vila pacata, com muito vento e pouca “movida”, uma vila que vive à sombra de um monumento que, não fossem os miúdos das escolas de todo o país (que vêm visitar a casa de Sete-Sóis e de Blimunda), poucos visitantes teria; uma vila envergonhada dos verões cheios da Ericeira, uma vila dominada, mesmo que informalmente, por clérigos e militares imbuidos de um pensamento rural. Uma vila cuja verdadeira grandeza se criou, e pelos vistos, se perdeu, lá pelo século XVIII.

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