OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha – Porque chumbar uma proposta de Combate ao Lixo Marinho?

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Porque chumbar uma proposta de Combate ao Lixo Marinho?

 

Tendo o mar uma importância estratégica, económica e patrimonial para o nosso território, o Pessoas – Animais – Natureza (PAN) deu entrada na Assembleia Municipal de Mafra, de 28 de fevereiro de uma proposta para a implementação de uma estratégia de ação de combate ao lixo marinho. Desta estratégia fazia parte a extensão do serviço de limpeza urbana à linha de costa do concelho durante todo o ano como medida de combate ao lixo marinho, um dos mais sérios problemas de poluição oceânica da atualidade e com tendência para agravar-se. A proposta foi reprovada com o voto contra do PSD e voto favorável dos restantes partidos.

Qual foi o argumento? O serviço de limpeza das praias está assegurado ao longo do ano pela Câmara e Juntas de Freguesia logo, a proposta do PAN não é pertinente, sendo inútil.

 

O PSD não percebeu ou não quis perceber a essência da nossa medida. A extensão do serviço de limpeza da linha de costa, como o próprio nome indica, não contemplava só as praias mas toda a linha de costa, isto é, a zona que fica a descoberto na baixa-mar, sobretudo durante as marés vivas. É aí que se concentra uma grande parte do lixo marinho, maioritariamente composto por plástico, preso nas reentrâncias rochosas que com o sucessivo impacto das ondas vai-se gradualmente desfazendo em pequenos fragmentos, sendo arrastados pelas correntes oceânicas. Esses fragmentos são facilmente confundidos como alimentos pela fauna marinha e entram no seu sistema digestivo. Será assim tão difícil perceber a bondade desta medida? Que, diga-se, não teria qualquer custo adicional para o município.

Como a proposta não passou, esta limpeza terá de continuar a ser da responsabilidade civil. E existem inúmeros grupos organizados e associações ambientais que cada vez mais fazem este trabalho, o qual deveria ser partilhado e apoiado pela autarquia.

 

É do conhecimento geral que nem os serviços de limpeza da Câmara Municipal, nem os das Juntas de Freguesia aproveitam a baixa-mar para, na medida das possibilidades, retirarem o máximo de quantidade de lixo marinho preso nas rochas. Não o fazem não por impossibilidade técnica ou física mas simplesmente porque [ainda] não estão vocacionados ou instruídos para isso. A esta situação junta-se também o facto de nas praias do concelho os pontos de recolha do lixo só estarem colocados durante a época balnear, situação que a proposta do PAN pretendia também alterar, para estarem disponíveis todo o ano (obviamente mais afastados da linha de mar), a fim de minimizar o lixo que por descuido ou inconsciência é atirado para o areal e áreas circundantes.

 

Não era esta uma medida que acrescentava mais-valia ao Concelho? Não era viável?

Foi com alguma tristeza que vimos todas as moções apresentadas nesta assembleia sem nenhum voto favorável da maioria PSD, incluindo uma proposta para o fim da utilização do glifosato (um herbicida genotóxico com efeitos nefastos para o ambiente e saúde humana),apresentada pela CDU e que está incluída no programa eleitoral do PSD. Porquê?

 

O PAN continuará a trabalhar para apresentar propostas com foco no bem e de tudo e de todos – Pessoas, Animais e Natureza.

 

Matilde Batalha

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