OPINIÃO POLÍTICA | Pedro Ramos – Saudação: Dia Internacional da Mulher

PedroRamos

Esta semana optei por reproduzir nesta coluna a saudação referente ao Dia Internacional da Mulher que se comemora no dia 8 de março. Esta saudação foi levada à última Assembleia Municipal onde foi aprovada, mas o que mais espanta é a não unanimidade da mesma, pois o PSD optou pela abstenção.

SAUDAÇÃO

Viva o 8 de Março – Dia Internacional da Mulher

O dia 8 de Março em que se comemora o Dia Internacional da Mulher tem um peso e uma importância que, indo muito para além da dimensão local e nacional, convoca toda a sociedade para olhar para a situação vivida pelas mulheres em todo o mundo e expressar a solidariedade e a intenção de lutar para alcançar a igualdade.

Não é mais uma data, é um marco na história da emancipação das mulheres e da sociedade como um todo. Data que merece ser lembrada. O percurso feito desde 1824, quando em Rhode Island as operárias deixaram os seus teares depois de os donos das fábricas terem anunciado um corte nos salários – o que constituiu a primeira greve fabril nos Estados Unidos e a primeira greve de qualquer espécie envolvendo mulheres – até aos dias de hoje foi imenso. As movimentações de operárias continuaram ao longo da segunda metade do século XIX e nos inícios do século XX, é de assinalar a Marcha do Pão e das Rosas que, em 1908, juntou 15 mil mulheres nas ruas de Nova Iorque, que denunciavam a exploração e exigiam igualdade económica e política, nomeadamente o direito ao voto. Foi Clara Zetkin em 1910, no II Congresso da Internacional Socialista, na Dinamarca, que apresentou uma proposta para que todos os anos se instituísse, a nível internacional, um dia para lembrar a situação particular das mulheres na sociedade e em 1917 num 8 de Março ocorreu uma greve geral encabeçada pelas trabalhadoras russas contra a fome, a guerra e o czarismo e que despoletou o processo que levou à revolução de Outubro.

Mas só em 1975 a data do 8 de Março é consagrada pela ONU como Dia Internacional das Mulheres. Portugal, que recentemente havia saído de uma ditadura, comemorou também em 1975 pela primeira vez o Dia Internacional da Mulher em liberdade.

Ao longo da história o que tem mobilizado as mulheres tem sido diverso, desde o combate à pobreza e à violência, até aos valores e aos direitos à igualdade, à liberdade, à justiça e à paz. Não tem sido um percurso pacífico, porque ele tem incidido nos fundamentos da sociedade desigual e opressora em que vivemos. Por isso, temos que continuar a denunciar e a lutar contra a persistência da desigualdade no trabalho, nas relações familiares e afectivas, na sociedade, no quotidiano, na diferença salarial, na precariedade, no desemprego, na violência de género, no assédio, na violência no namoro, na objectificação da mulher. A ganância dos patrões que levou a que as operárias americanas abandonassem os teares em 1824 é a mesma que nos dias de hoje leva às falências fraudulentas e aos despedimentos das operárias da Triumph e da Ricón.

É por tudo o que anteriormente se disse que o Dia Internacional da Mulher merece uma comemoração e um assinalar pelos órgãos do poder local. A Assembleia Municipal de Mafra reunida a 28 de Fevereiro de 2018 saúda o 8 de Março e lembra a importância de o assinalar. Contra todos os conservadorismos e opressões, pela liberdade e pela afirmação dos direitos das mulheres, a Assembleia Municipal de Mafra apoia o amplo movimento de partidos, sindicatos e movimentos sociais que estão na luta pela defesa das reivindicações emancipatórias das mulheres por uma sociedade mais justa e igualitária.

Mafra, 28 de Fevereiro de 2018
O Deputado Municipal do Bloco de Esquerda

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