Mafra e Ericeira | 5 de Outubro de 1910

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A 5 de Outubro de 1910, o regime monarquico deu lugar em Portugal a uma nova era, nesse dia a Republica foi implantada no país, nascia então a República Portuguesa.

Nem tudo se passou na capital, aqui pelo concelho de Mafra também se desenrolaram alguns dos acontecimentos que constituíram os primeiros passos da República, e os últimos da monarquia.

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D. Manuel II passou a sua última noite em Portugal, no quarto do Torreão Sul do Palácio Nacional de Mafra e na manhã de 5 de Outubro de 1910 era do paço real de Mafra que procurava uma forma de chegar ao Porto.

Por volta do meio dia, o novo governador civil pede ao presidente da câmara municipal de Mafra para hastear a bandeira republicana.

 

A Escola Prática de Infantaria recebe do seu novo comandante a inteira-se da nova situação política de Portugal.

 

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A agitação no Palácio Nacional de Mafra aumentava, complicando a posição da família real, a solução encontrada passou por alcançar a Ericeira, o ancoradouro mais próximo onde o iate real “Amélia” fundeara.

 

 

A família real e alguns acompanhantes dirigem-se então para a Ericeira.

 

 

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“(…) os automóveis pararam e apeou-se a Família Real, seguindo da rua do Norte para a rua de Baixo, pela estreita travessa que liga as duas ruas, em frente quase da travessa da Estrela (…) Ao entrar na rua de Baixo, a Família Real ia na seguinte ordem: na frente El-Rei Dom Manuel; a seguir, Dona Maria Pia, depois, Dona Amélia (…) El-Rei e quem os acompanhava subiram para a barca, valendo-se de caixotes e cestos de peixe (…) O sinaleiro fez sinal com o chapéu, e a primeira barca, Bomfim, levando a bandeira azul e branca na popa, entrou na água e seguiu a remos, conduzindo El-Rei (…) A afluência nas ribas era imensa. Tudo silencioso, mas de muitos olhos corriam lágrimas (…) El-Rei ia muito pálido, Dona Amélia com ânimo, Dona Maria Pia, acabrunhada (…)”
Relatados por Júlio Ivo, presidente da câmara municipal de Mafra

Na Praia dos Pescadores, perante os olhares dos populares, a família real embarcou para o exílio na Barca Bomfim que os transportou até ao iate D. Amélia.

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Já a bordo, e garantindo que a carta chegaria ao seu destino, D. Manuel II escreveu ao primeiro-ministro:

“Meu caro Teixeira de Sousa, Forçado pelas circunstâncias vejo-me obrigado a embarcar no yacht real “Amélia”. Sou português e sê-lo-ei sempre. Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu País. Espero que ele, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer! Viva Portugal! Dê a esta carta a publicidade que puder.”

 

O destino escolhido pelo Rei foi o Porto. Reunido o rei com os oficiais, comandante João Agnelo Velez Caldeira Castelo Branco e o imediato João Jorge Moreira de Sá, os oficiais opuseram-se à ida para o Prto, alegando que “se o Porto não os recebesse o navio dificilmente teria combustível para chegar a outro ancoradouro”, mas o rei insistia.

João Jorge Moreira de Sá chamou então o rei a razão ao lembrar-lhe que “levavam a bordo toda a família real, pelo que era o seu primeiro dever salvar essas vidas”.

Mudou-se o destino, rumaram a Gibraltar, onde a família real permaneceu ate meados de Outubro.
Nessa altura a Rainha regressou a Itália e o Rei, com a sua comitiva, segue para Inglaterra no navio britânico Victoria and Albert.

D. Manuel II , o rei deposto, viveria o resto dos seus dias no exílio.

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