EDITORIAL

Hoje é um dia especial para todos os portugueses que valorizam a liberdade, a democracia e os direitos humanos. Hoje celebramos o 25 de abril, o dia em que uma revolução pacífica pôs fim a uma ditadura opressiva que durou quase meio século.

O 25 de abril é mais do que uma data histórica. É um símbolo de esperança, de coragem e de mudança. É um exemplo de como um povo unido pode transformar a sua realidade e construir um futuro melhor para si e para as gerações vindouras.

Mas o 25 de abril também é um desafio. Um desafio para não esquecermos o passado, para não tomarmos a liberdade como garantida, para não nos resignarmos à injustiça, à corrupção e à desigualdade. Um desafio para continuarmos a lutar pelos nossos ideais, pelos nossos valores e pelos nossos sonhos.

O futuro da política em Portugal depende de nós. Depende da nossa participação, da nossa cidadania, da nossa responsabilidade. Depende da nossa capacidade de dialogar, de cooperar, de inovar. Depende da nossa vontade de fazer a diferença, de contribuir para o bem comum, de honrar a memória dos que nos precederam.

Neste dia 25 de abril, saudemos a revolução dos cravos e façamos dela uma inspiração para o nosso presente e para o nosso futuro. Viva o 25 de abril! Viva Portugal!

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Não, o texto que acabaram de ler não foi escrito por mim, e não foi escrito por qualquer outro ser humano.

O texto que acabaram de ler é o resultado completo de um pedido feito hoje à tão falada plataforma de Inteligência Artificial ChatGPT – OpenAI. O texto acima resultou de um pedido propositadamente simples e propositadamente lacónico. Pedimos um texto curto sob a forma de discurso, destinado a “saudar o dia 25 de abril e falar no futuro da política em Portugal“. Menos de um minuto depois, aquele foi o texto que obtivemos, sem mais.

Já muito se escreveu sobre o 25 de abril de 1974, sobre as razões que a ele levaram, sobre as vicissitudes políticas que ao longo do tempo o foram moldando, sobre as esperanças que transformou em realidades e sobre realidades sobre as quais não conseguiu agir de uma forma suficientemente determinante.

Em 25 de abril de 2023, o regime não está em causa, embora esteja sujeito a muitas pressões internas e externas. Os caminhos envenenados que populismos domésticos ou importados nos poderão levar a trilhar, a corrupção que os poderes teimam em não atacar de frente, o desenvolvimento do país que nem um plano coerente tem para se guiar – a incapacidade de decidir onde construir o novo aeroporto, ou a um nível mais regional, a incapacidade de decidir onde construir o novo hospital do oeste são bons exemplos disso -, a morte das ideologias e de muitos dos modelos de desenvolvimento do século XX – já não temos proletários para fazer revoluções (felizmente, pois ser proletário no início da era industrial significava pobreza, invariavelmente), sendo agora a classe média, o elo fraco, tendo o capitalismo, mais ou menos selvagem, provado, de crise em crise, de depressão em depressão, de desigualdade em desigualdade, que não será destino civilizacional.

O futuro é um caminho de muitas vicissitudes, um caminho sempre retorcido, mas parece claro que não passará por retornos ao passado. Se houver caminho. A atual crise internacional pode conduzir ao desastre perfeito. A Rússia a perder vapor provando que o desenvolvimento sem liberdade leva sempre a encruzilhadas onde os caminhos são todos estradas rurais sem saída. A China no caminho da assunção da hegemonia, deixando para trás os EUA e a Rússia; um caminho durante o qual encontrará muita oposição, um caminho que dificilmente se fará sem dar origem a uma guerra envolvendo a potência em ascensão e as potências em decrepitude.

E, claro, temos o ChatGPT e as plataformas de AI que se seguirão, tornando o futuro ainda mais incerto, ainda mais imprevisível ou, quem sabe, mais acolhedor, mais económico.

Se houver caminho, que seja o caminho da cidadania, da ciência ao serviço da humanidade, dos melhores no poder e do desenvolvimento sustentável, que seja o caminho da fruição e da ética, que seja o caminho da felicidade.

Se não fossemos uma espécie tão predadora, haveria caminho, e aquele seria o caminho.

[A ideia de utilizar um texto gerado por IA para encimar este Editorial surgiu de uma reportagem, onde uma responsável política iniciou o discurso com um texto artificialmente gerado, partindo daí para um discurso humano]

 

Paulo Quintela
Diretor do Jornal de Mafra

 


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