Autárquicas 2017 | Entrevista – Blandina Vaz – Candidata à presidência da CMM – (BE)

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Quem é Blandina Vaz, a mulher que é candidata à Câmara Municipal de Mafra pelo Bloco de Esquerda?

Sou professora precária do estado, isto significa que nenhum governo até agora cumpriu a lei geral do trabalho, se não eu já estaria nos quadros, pois já dou aulas desde 1999. Sou militante do Bloco de Esquerda, a minha intervenção politica inicia-se na luta dos professores, na associação que se formou quando Mª de Lurdes Rodrigues era ministra da educação. Fundei um grupo de professores contratados e desempregados para lutar contra os abusos dos vários ministérios em relação aos professores. Sou uma lutadora, acredito em causas, não costumo desistir, gosto de defender as populações e não gosto de ver os muitos abusos que são cometidos, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Sou ecléctica em termos musicais, de Bach aos Xutos, passando por Punk e pelos Censurados. Tenho um filho de 2 anos e aceitei agora o desafio de ser a candidata do bloco à presidência da câmara de Mafra.

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Não teme que o facto de concorrer a um concelho com o qual tem pouca ligação, possa vir a prejudicar a sua candidatura?

Actualmente, essa questão já não faz muito sentido, até porque há pessoas de fora do concelho, que o conhecem muito melhor do que as que habitam e estão cá permanentemente. Vivi durante muitos anos em Sintra, conheço muito bem Mafra, Mafra sempre fez parte da minha vida, e não creio que a questão que colocou seja uma questão de fundo e que me possa prejudicar.

Para além da participação do vosso deputado municipal nas Assembleias Municipais, durante a legislatura que agora termina, o bloco teve mais alguma actividade em Mafra?

Nós elegemos um deputado à Assembleia Municipal, que por questões de saúde, no final do mandato, não pôde acompanhar tão de perto o que se estava a passar na Assembleia Municipal. O BE tem agora um novo fôlego e iremos criar um núcleo do Bloco de Esquerda em Mafra. Reconheço que o Bloco, aqui, estava bastante debilitado.

Para o BE, quais são os principais problemas com que o concelho de Mafra se defronta?

As elevadas tarifas da água e ligado a isso, o empréstimo que a câmara teve de pedir para indemnizar a Bewater, empréstimo que irá também dar muitas dores de cabeça aos contribuintes que aqui habitam. Outra das prioridades do Bloco consiste em combater as elevadas portagens da A21, bem como todos os problemas resultantes da taxa de IMI, que continua a ser uma das mais elevadas do país. Iremos também ao encontro das populações mais idosas, dos educandos que não têm onde deixar os seus filhos quando vão trabalhar, não há creches, não há apoio domiciliário suficiente. Os transportes entre freguesias é outra das nossas prioridades, uma vez que há lugares no concelho que estão completamente isolados. Estou a lembrar-me, por exemplo de Santo Isidoro, uma freguesia muito rural, com uma pobreza envergonhada e escondida, isto, numa freguesia com muitas potencialidades, uma vez que está muito próximo do mar, uma freguesia que devia ser olhada com muito mais atenção por parte da câmara.

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Quais são os pontos fundamentais do seu programa de candidatura?

Nós queremos que o município seja aberto e partilhado pelas pessoas que cá vivem e por todos os que nos visitam. Queremos que Mafra seja um concelho em que aqueles que nos visitam, queiram voltar. Queremos um concelho que aposte nas pessoas, que aposte na melhoria da qualidade de vida da população, até porque Mafra não pode ser só um dormitório, porque há muitas freguesias do concelho que se estão a tornar em dormitórios. Nos anos da crise, do governo PSD/CDS-PP, muitas famílias acabaram por ser despejadas dos seus lares e apareceu um novo tipo de pobreza, muitas casas foram devolvidas aos bancos e a câmara de Mafra tem de ter uma rede de apoio social a estas pessoas, a verdade é que muitas vezes os apoios são anunciados mas não estão a funcionar. Já são muitos anos de governação do PSD no concelho de Mafra, era bom que a população desse uma oportunidade a outras forças políticas, nomeadamente ao Bloco de Esquerda.

Como é que interpreta politicamente o facto de o PSD se manter à frente dos destinos do concelho há quase 40 anos? 

Quando uma força política fica durante muito tempo no poder, isso acaba por abrir portas a caciquismos locais,  a vícios, a certas influências que serão negativas e que só irão de encontro aos interesses dessa elite política. É preciso um novo fôlego, é preciso que novas forças politicas, mesmo que através de novos vereadores ou de novos eleitos para a Assembleia Municipal, sejam capazes de vigiar a governação. Não gostaríamos que a maioria PSD se repetisse porque, como sabemos, as maiorias absolutas acabam sempre por criar vícios.

 

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Como é que avalia o actual mandato de Hélder Silva à frente da Câmara de Mafra?

Verificamos algumas melhorias ao nível das infraestruturas mas sobretudo nas freguesias em redor do convento, de Ribeira d’ilhas e da Ericeira, tendo-se esquecido das freguesias mais interiores e dos cidadãos que se encontram isolados. Fez política de fachada, para quem vem de fora ver, pois se formos para o interior do concelho encontramos estradas a precisar de obras, infraestruturas abandonadas. De qualquer modo, tem sido um mandato mais positivo se comparado com os de Ministro dos Santos. No entanto, o povo de Mafra tem de dar hipóteses a outras forças políticas, como aconteceu no país, nos últimos dois anos, com a governação da geringonça. Também aqui em Mafra, o Bloco de Esquerda faria tudo para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Como é que interpreta politicamente o facto de o PSD se ter mantido no poder durante quase 40 anos?

São forças já muito enraizadas, bem estruturadas, constituindo uma rede, uma teia de influências muito bem construída. Quando olho para Mafra penso logo também nos militares, na igreja, numa direita muito conservadora, É preciso mudar isto, mudar as mentalidades das pessoas. Tem que haver um novo fôlego político neste concelho. Por um lado, no concelho há gente com muito dinheiro , e por outro lado, vemos muita miséria, muita gente a contar os tostões. Devido à crise e devido ao anterior governo de Passos Coelho têm aparecido no concelho os chamados novos pobres.

O Bloco é uma força que tem crescido e queremos ter uma força alternativa também no concelho de Mafra e tentar fazer frente a tantos anos de governação PSD.

Como é que perspectiva no concelho, a relação entre o Bloco, a CDU e o PS? Vai propor algum entendimento pós-eleitoral?

Li há algum tempo um comunicado de imprensa do PS que me deixou boquiaberta, mas o Bloco nem irá responder, porque aquilo nem é política, é política rasteira, porque o Bloco de Esquerda nunca foi comer caviar com o PSD e não foi sequer contactado pelo PS para fazer uma espécie de “geringonça”. Garanto-lhe que nunca fomos contactados, e se tivéssemos sido, por que não? As portas estão sempre abertas a negociações.

Como é que estão a correr as coisas a nível nacional?

O Bloco tem conseguido muitas coisas na negociação com o governo do PS, nomeadamente o aumento do salário mínimo, conseguimos travar também o corte nas pensões, lutámos contra a TSU. Os trabalhadores não têm perdido tanto poder de compra como nos anos anteriores. O balanço tem sido positivo, embora não seja tudo um mar de rosas.

 

 

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